Está a sair-se divertida a experiência da interacção via chat
(sim, o chat, voltei a usá-lo em termos "boca livre" para atender os
interessados em comprar a máquina fotográfica). ESTOU A VENDER UMA MÁQUINA
NIKON D3300 NOVA (180 mil kwanzas). INCLUI MOCHILA, PEQUENO TRIPÉ E LENTE EXTRA
55-200mm. Negociação sobre formas de pagamento "inbox" (ou chat,
excepcionalmente aberto para este fim). Ainda era só isso. Obrigado,
Gociante Patissa, dizia o anúncio estampado no meu mural e graciosamente
partilhado por outros amigos virtuais e não só. Quanto aos termos de pagamento,
estes, reservei-os para o privado. Na verdade também não têem assim muito de
voltas a dar. A condição é pagamento via banco, e ali é que a coisa roça o remoinho
tragicómico. Na fila de frente das dúvidas que me chegaram, destacou-se pela pertinência
a seguinte: “Quanto custa a máquina?” Tenho estabelecido, em conversas com
pessoas chegadas, um certo paralelismo entre o Facebook e o ambiente de uma
escola de condução, pelo seu carácter homogéneo (digamos misturador), onde
volta e meia todos os níveis de ensino são encaixados na mesma turma, o mesmo
que dizer da experiência de vida, das gerações e afins. A parte mais doce é do
tipo “Vendes máquinas ou só tens uma”? No momento da resposta eu era capaz de jurar
em como deixei isso claro no anúncio, pelo que ainda me ocorreu atribuir as
culpas de um tal ruido na comunicação à oposição (como, de resto, tudo o que
corre mal em Angola, não é?), mas você já sabe aquela preguiça… E
pronto, acabei assumindo eu mesmo o benefício da culpa. Eram já quase
meia-noite, se não mais. Lá regressei à rede social e acrescentei: Sim, está à
venda. A máquina fotográfica é nova. Sai a pronto pagamento ao preço de 180 mil
kwanzas. A entrega é imediata. Tinha-a adquirido para equipamento auxiliar.
Ainda era só isso. Obrigado. Na sequência veio alguém ao chat pedir que
fizesse fotografias do equipamento à venda. Não fiz, mesmo até para não
decepcionar quem realmente teve a perspicácia de topar o ar de burlador visível
na foto que tenho no perfil de Facebook. Ah, o nome, este meu, visto está, só
pode ser de burlador. Juntamente com os contactos telefónicos dei o número da
conta bancária, em nome de Daniel Gociante Patissa, do Banco BCI, o que, como
se pode ver, são características de um burlador rodado na matéria e
provavelmente já com as malas feitas para passar o resto de verão nas europas,
para assim realizar o sonho de laifar com os 180 mil kwanzas do preço de
máquina fotográfica, mais do que suficientes para alugar um jacto privado. Por fim,
um dos clientes, talvez o mais conversador, intrigado, com razão, por não se
lhe aceitar a modalidade de pagamento em cash, não escondeu que se sentia
inseguro. Se preferires, tranquilizei-o eu, podes vir a Benguela amanhã. Ando
com a máquina no carro e fazes o depósito. Como das dez da manhã (hora
combinada para o encontro) para cá já passam largas horas, sem sinal do meu cliente, é bem possível que algum
excesso de burocracia na procuradoria esteja a impedir o mandado de captura do
presumível burlador. De maneira que me encontro arrepiado de medo, a tremer
mesmo, na iminência de ser capturado. No final do dia, não me podem acusar é de
não ter tentado singrar no empreendedorismo burlesco. Ainda era só isso.
Obrigado. hahahah
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa, Benguela, 21 setembro 2017
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
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1 Deixe o seu comentário:
Mestre, eu retiro meu chapéu...
a maka é ninguém mais lê, qualquer coisa que tenha mais de 10 caracteres, a não ser que seja bobagem; e os poucos que lêem,não sabem interpretar direito... Estamos numa sociedade de doentes.
Na luta pra singrar estamos todos, usando nossa melhor ou pior técnica de venda de productos e ou prestação de serviços. vendemos tudo e fazemos tudoç. só precisamos não parar de tentar NUNCA!!! KEEP WALKING, TIPO J. WALKER
Mkanambi
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