No seu espaço dedicado à análise social à sexta-feira, a Rádio Benguela escolheu, entre vários assuntos, a abordagem da questão dos sindicatos, perspectivando o dia do trabalhador que depois de amanhã se assinala. Ekumbi David tem para o efeito como convidado residente um outro jornalista, o conceituado José Cabral Sande, conhecido por estas paragens pela acutilância com que se bate por causas sociais.
Sempre oportuno nos enquadramentos, Cabral Sande foi, quanto a mim, entretanto de uma estrondosa incongruência ao referir que os sindicatos não se podem considerar parceiros do Governo. Entende que a acção dos sindicatos tem a ver com a reivindicação "contra o governo", num silogismo de que não se pode ter relação de parceria onde há divergências. É muito redutor tal conceito, basta por exemplo olhar para o papel histórico desempanhado pelo sindicado COSATU, na África do Sul, na luta contra o regime colonial e segregacionista que impôs o Apartheid. Parceria não é nem tem que ser forçosamente sinónimo de cumplicidade.
Vontade não faltou para debitar meu ponto de vista, como faço agora, mas a natureza da rubrica especificamente não prevê intervenções. Ora, se o governo enquanto gestor do Estado tem por missão salvaguardar os direitos humanos com base em leis nacionais e internacionais, e ainda considerando que as reivindicações sindicais são previstas por lei e são feitas nesse quadro, os sindicatos são parceiros do estado SIM. Aliás, é o mesmo Governo/Estado que recomenda os cidadãos a se organizarem (democracia representativa) para defender seus direitos, também entendido como participação cidadã na governação. Para usar aqui as palavras do jornalista Ekumbi David, o anfitrião do programa, os sindicatos são uma placa giratória de convergência.
Um abraço e continuação de bons programas.
Gociante Patissa, Benguela 29 Abril 2011
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