quinta-feira, 21 de maio de 2009

“Rituais de iniciação” em África animam debate no Isced Lubango

“O papel dos rituais de iniciação nas sociedades africanas” foi tema de debate no Instituto Superior de Ciências de Educação (Isced) da cidade do Lubango, hoje (21/05). Denominada “café de ideias”, a palestra foi orientada pelo estudante Edgar Jacob e abriu caminhos para calorosos debates.

Uma das polémicas teve a ver com o facto de, em algumas regiões da Huila, a igreja católica ter-se “apropriado” do ritual de “efiko” (ritual de iniciação feminino), alegadamente para depurar aspectos vistos como desumanos. Favorável a tal medida, um estudante apegou-se em relatos de casos de morte no “ombelo”, pelo que, disse, «tudo o que atenta contra a vida humana deve ser combatido».

Em reacção, o prelector classificou de errada a prática de “efiko” no espaço cristão na medida em que prejudica a essência do ritual. No mesmo diapasão, e um pouco mais efusiva, alinha a Directora Provincial da Cultura, Marcelina Gomes, que é também docente do curso de história.

A par do background como investigadora, Marcelina revelou à plateia que passou também pelo ritual de “efiko”, classificando por isso de infundados relatos de morte. «Até porque não há cirurgia absolutamente nenhuma no ombelo», referiu, «ao contrário do “ekwenje” [ritual masculino]. Na circuncisão, aí sim, porque poderia haver uma infecção, já que os materiais eram impróprios e não esterilizados», realçou.

Várias outras intervenções apelaram à identificação de formas e mecanismos no sentido de resgatarem, os africanos, alguns dos aspectos mais sagrados da sua cultura, que não escaparam à humilhação colonialista.

Promovido pelo Departamento das Ciências Sociais, o certame é parte do programa de saudação do aniversário do continente africano, que tem na agenda atractivos como teatro, exibição de filmes e música ao longo da semana.
Gociante Patissa
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3 Deixe o seu comentário:

Soberano Kanyanga disse...

Lembras-te da minha narração da Circiuncisão entre os Lubolo e Kibala?
Aproveitar os aspectos socio-históricos e depurar o pernicioso. Ou seja aliar a ciência moderna à tradição pode dar numa boa simbiose.
Abraço aos leitores desta página.

Angola Debates e Ideias- G. Patissa disse...

Pois, lembro-me. Na cultura ovimbundu, a figura do Kaviula (que era feminino de ocinganji, embora não se limitasse a mulheres) tinha o direito de agredir fisicamente quem lhe aparecesse pela frente (em áreas isoladas) e fosse incapaz de responder verbalmente aos gestos dele. Eis um exemplo de coisa maléfica a punir.

Mas, e como vários estudantes sublinharam, o facto de terem bases ocidentais os pilares da ciência (antropologia?)costuma enviezar a percepção dos fenómenos. Como dizia alguem, há coisas q não se definem, sentem-se apenas!

Anónimo disse...

A
cultura...tradiÇöes,ritus,magia, a nossa lingua materna, säo as bases do alicerce do continente'('BerÇo'') dai que como a nossa cultura é essa devemos sim associar-se a esses (rituais); se vivermos a penas da aculturaÇäo quais säo os testemunhos culturais que seräo passados as geraÇoes vindouras?
-Ja existiram antes de nos e é a isso a que chamaram,chamamos e chamaräo de cultura africana...a penas o Ministério da cultura deve por a mäo no que diz respeito e proibir ( as mortes no evamba e salientar ou fornecer material para o uso nos cortes no caso de prevenir infecÇoes Ex: Bisturis esterelizados, alcool,betadine,água oxigenada,couvetes e outros). (BENJAMIMSEQUEIRA.MISTERB@FACEBOOK.COM) -ESTUDANTE DE CIÊNCIAS SOCIAIS...KUITO/BIÉ

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