«Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.», começa assim um texto de Marina Colasanti que achei no Blog ANAcoluto e cronismos...
«Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia», diz a poesia. Mas, minha cara, haveria outra forma de suportar o fôlego? Não será isso mesmo viver (no fundo sobreviver) às nossas bíblicas impotências?
Coisas, tempo, memórias, pessoas, amores, tudo. Um dia a gente tem, outro dia já nada sobra. E aprendemos a não ter… pelo menos por algum tempo, como é o caso do meu irmão. A gente se acostuma a levantar a cabeça, mesmo que nos pisem sobre ela. Será que não devia? A gente se acostuma que a vida é para a frente e sempre em frente caminhamos…
É desculpar-me por essa ladainha, mas é que faleceu recentemente o computador portátil HP do meu irmão mais velho. Queimou a motherboard. Se bem o conheço, quebrava-se assim o melhor brinquedo da vida dele, uma porta que o projectava para o mundo do dia seguinte, ou do dia de ontem (dependendo do clic), uma máquina multiplicadora de amizades e conhecimentos.
“Será por causa das oscilações da corrente eléctrica?”, pergunto-lhe. “Acho que sim”, responde-me com uma incerteza que só faz sentido no sentido figurado. A única vantagem é que, ao contrário da irreversibilidade na morte de seres vivos, no caso dos objectos que se quebram ainda podemos sonhar com a ressurreição. Mas “não tem recuperação”, disse-lhe já o técnico. E ele teve de se acostumar com a dor de cabeça de quem se revolta perante a morte de um bem tão novo ainda em sua posse… De que adianta ter saldo no modem, se não existe (mais) um PC para se conectar à Internet?
A gente se acostuma a pagar com regularidade o consumo da energia eléctrica, algo irregular e que nos queima (ou nem sequer arranca) os electrodomésticos… mas não devia (ou se calhar devia, no caso dele, por ser funcionário da empresa de electricidade).
Gociante Patissa, bairro da Santa-Cruz, Lobito, 13 Maio 2009
«Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia», diz a poesia. Mas, minha cara, haveria outra forma de suportar o fôlego? Não será isso mesmo viver (no fundo sobreviver) às nossas bíblicas impotências?
Coisas, tempo, memórias, pessoas, amores, tudo. Um dia a gente tem, outro dia já nada sobra. E aprendemos a não ter… pelo menos por algum tempo, como é o caso do meu irmão. A gente se acostuma a levantar a cabeça, mesmo que nos pisem sobre ela. Será que não devia? A gente se acostuma que a vida é para a frente e sempre em frente caminhamos…
É desculpar-me por essa ladainha, mas é que faleceu recentemente o computador portátil HP do meu irmão mais velho. Queimou a motherboard. Se bem o conheço, quebrava-se assim o melhor brinquedo da vida dele, uma porta que o projectava para o mundo do dia seguinte, ou do dia de ontem (dependendo do clic), uma máquina multiplicadora de amizades e conhecimentos.
“Será por causa das oscilações da corrente eléctrica?”, pergunto-lhe. “Acho que sim”, responde-me com uma incerteza que só faz sentido no sentido figurado. A única vantagem é que, ao contrário da irreversibilidade na morte de seres vivos, no caso dos objectos que se quebram ainda podemos sonhar com a ressurreição. Mas “não tem recuperação”, disse-lhe já o técnico. E ele teve de se acostumar com a dor de cabeça de quem se revolta perante a morte de um bem tão novo ainda em sua posse… De que adianta ter saldo no modem, se não existe (mais) um PC para se conectar à Internet?
A gente se acostuma a pagar com regularidade o consumo da energia eléctrica, algo irregular e que nos queima (ou nem sequer arranca) os electrodomésticos… mas não devia (ou se calhar devia, no caso dele, por ser funcionário da empresa de electricidade).
Gociante Patissa, bairro da Santa-Cruz, Lobito, 13 Maio 2009
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