Perdoar? Talvez não, (era o mais fácil de imaginar) depois do que ele fez. De tal modo que, quando passaram por mim, no princípio deste mês, felizes, aos abraços, ela sorrindo de maneira desarmada, não evitei a dúvida sobre até que ponto se pode “arriscar” na lógica da segunda oportunidade.
Para além da maresia do local, o aeroporto é também um bom barómetro para ver que há pessoas/mulheres a quem a lei devia proibir de sair de casa. Assim não nos passaria pela cabeça a tentação de lhes roubar o sorriso, o corpo, a voz (não é justo que pertençam já a alguem!). Era o caso dela!
A rapariga, como que a pressentir que tinha “um fã à primeira vista”, agarrava-se ainda mais ao corpo atlético do "dono", esbanjando brisas de felicidade. Viajavam juntos. Que pecado! Faria mais sentido que fosse outra pessoa no lugar, mas era ele mesmo. Irónico. Bonita, Inteligente, bem apresentada… De que adianta serem belas quando não são nossas?!
O “infeliz”, talvez já acomodado com o que tem, não se envolvia com a mesma electricidade que ela. De vez em quando levava a mão à região dos seios dela – daqueles seios mesmo você procura! Bom, mas sei disfarçar, aliás conheço o meu lugar… Ademais não vale a pena ter cobiça por quem não se conhece nem sequer o nome (fantasia tem limites, ora essa!).
Já atendidos, eles seguem o corredor, sendo apenas alcançados pelo meu olhar de costas. E, segundos antes de desaparecerem, a blusa faz-me um favor: levanta, deixando à mostra não apenas a maravilha da pele da cintura, mas também o bordado do elástico da tanga. Por sorte, o olhar é selectivo e só foca na miúda, o rapaz há muito anda multiplicado por zero. E… fim da cena!
Flashback: ela e ele encontram-se em casa (ou no carro). Beijos, abraços, o clímax aquece e fazem amor, como sempre fizeram, como é direito dos namorados. Só que, desta vez, ele tem em mãos um telemóvel novo, caro e cheio de funções. E, pondo em prática a máxima de que “amar e ter juízo não é possível”, ele decide filmar o acto sexual. Ela, um tanto perdida no calor do momento, ou se calhar nem por isso, sorri de surpresa, nega um bocado, mas “como ele é o dono”, permite. Depois do acto o casal ri-se do que foi capaz de fazer, quando ambos viajavam de excitação. Ela parte para a casa e “está tudo bem!”. Mas só após o namoro terminar é que percebe quão parva chegou a ser ao deixar-se filmar tal como veio ao mundo e logo na hora de obedecer à libido. Mas já é tarde: a imagem circula na Internet e no telefone de quem quiser. Longe de ficção, uma realidade que se repetia.
Com ela aconteceu o mesmo, por volta de 2007, quando andavam na moda os vídeos caseiros de cenas de sexo, regra geral sem o consentimento da rapariga, ou usados como vingança. A moral social foi imediata a condenar. Os tribunais e a polícia não ficaram fora de campo. «À nossa juventude faltam conhecimentos básicos para se viver em sociedade condignamente e passa necessariamente pela educação», defendia, na altura, o padre e docente universitário, João Cassanji Santos.
Veio a erosão do tempo e tudo “apagou”, um processo acelerado talvez pelo desaparecimento dos tais vídeos. Assim julgava eu, até ver, minutos antes de iniciar essa crónica, uma senhora a visualizar no seu telemóvel cenas do tipo. «É gravação… Aí eu não estava a fazer nada, estava a vestir», esclarecia à amiga, com quem rasgava gargalhadas de cumplicidade.
Para além da maresia do local, o aeroporto é também um bom barómetro para ver que há pessoas/mulheres a quem a lei devia proibir de sair de casa. Assim não nos passaria pela cabeça a tentação de lhes roubar o sorriso, o corpo, a voz (não é justo que pertençam já a alguem!). Era o caso dela!
A rapariga, como que a pressentir que tinha “um fã à primeira vista”, agarrava-se ainda mais ao corpo atlético do "dono", esbanjando brisas de felicidade. Viajavam juntos. Que pecado! Faria mais sentido que fosse outra pessoa no lugar, mas era ele mesmo. Irónico. Bonita, Inteligente, bem apresentada… De que adianta serem belas quando não são nossas?!
O “infeliz”, talvez já acomodado com o que tem, não se envolvia com a mesma electricidade que ela. De vez em quando levava a mão à região dos seios dela – daqueles seios mesmo você procura! Bom, mas sei disfarçar, aliás conheço o meu lugar… Ademais não vale a pena ter cobiça por quem não se conhece nem sequer o nome (fantasia tem limites, ora essa!).
Já atendidos, eles seguem o corredor, sendo apenas alcançados pelo meu olhar de costas. E, segundos antes de desaparecerem, a blusa faz-me um favor: levanta, deixando à mostra não apenas a maravilha da pele da cintura, mas também o bordado do elástico da tanga. Por sorte, o olhar é selectivo e só foca na miúda, o rapaz há muito anda multiplicado por zero. E… fim da cena!
Flashback: ela e ele encontram-se em casa (ou no carro). Beijos, abraços, o clímax aquece e fazem amor, como sempre fizeram, como é direito dos namorados. Só que, desta vez, ele tem em mãos um telemóvel novo, caro e cheio de funções. E, pondo em prática a máxima de que “amar e ter juízo não é possível”, ele decide filmar o acto sexual. Ela, um tanto perdida no calor do momento, ou se calhar nem por isso, sorri de surpresa, nega um bocado, mas “como ele é o dono”, permite. Depois do acto o casal ri-se do que foi capaz de fazer, quando ambos viajavam de excitação. Ela parte para a casa e “está tudo bem!”. Mas só após o namoro terminar é que percebe quão parva chegou a ser ao deixar-se filmar tal como veio ao mundo e logo na hora de obedecer à libido. Mas já é tarde: a imagem circula na Internet e no telefone de quem quiser. Longe de ficção, uma realidade que se repetia.
Com ela aconteceu o mesmo, por volta de 2007, quando andavam na moda os vídeos caseiros de cenas de sexo, regra geral sem o consentimento da rapariga, ou usados como vingança. A moral social foi imediata a condenar. Os tribunais e a polícia não ficaram fora de campo. «À nossa juventude faltam conhecimentos básicos para se viver em sociedade condignamente e passa necessariamente pela educação», defendia, na altura, o padre e docente universitário, João Cassanji Santos.
Veio a erosão do tempo e tudo “apagou”, um processo acelerado talvez pelo desaparecimento dos tais vídeos. Assim julgava eu, até ver, minutos antes de iniciar essa crónica, uma senhora a visualizar no seu telemóvel cenas do tipo. «É gravação… Aí eu não estava a fazer nada, estava a vestir», esclarecia à amiga, com quem rasgava gargalhadas de cumplicidade.
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Gociante Patissa, aeroporto da Catumbela, 25 Abril 2009
Foto: algures na Internet (alheia à realidade do texto)
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Escolha dela, não me cabe julgar.
Inteligente? Amor? Aí já não sei.
Possível amar a quem não se admire a mente, o espírito? E, se neste caso, o admira, apesar de tudo, que diz isso sobre sua mente e espírito?
kandandu
Patissa, pelos vistos os novos meios de comunicação são muito mal utilizados por todo o lado! Sabia o meu amigo de que em Portugal houve uma onda dessas e mais: nas nossas escolas era comum filmarem com os telemoveis brigas de miudos e professores?
Mas será que as nossas jovens mentes, cidadãos do futuro, não se apercebem de que são valores fundamentais que se perdem para sempre?. Mas gostei foi da forma como escreve(descreve) a bela mulher que não quer saber de mais homem nenhum...rapariga apaixonada é mesmo assim, aliás como nos homens!
UM bom dia, Jorge madureira
Patiisa, ao nosso olho (atento) um retrato fiel duma realidade tb a nossos olhos e ouvidos dia após dia.
Entre ficção e realidade nua, tb. crua, acabas de trazer ao deleite um texto de excelência.
Que o aeroporto de Catumbela traga mais "paricões" textuais que nos ajudem a despertar.
Amar sim: mas com pudor...
Um braço
Eu também tenho um blog, no Rio de Janeiro - Brasil. Ficaria muito feliz com sua visita.
beijo rouge
Dani
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