Para lá do asfalto, onde o vento se cansa de trepar montanhas, os homens amadurecem à volta da fogueira do onjango, os animais falam, as plantas assobiam e os rios cantam, há uma aldeia chamada Tchindumbu. Pertence à comuna do Monte-Belo, município do Bocoio. E é de lá que vem o conto de hoje.
Havia, pois, em Tchindumbu um lenhador viúvo que acordava às seis da manhã e trabalhava o dia inteiro no mato. Só parava ao cair da noite.
O lenhador tinha um bebé lindo de poucos meses. Tinha também uma raposa, que encontrara muito pequena abandonada na mata. A raposa era sua amiga, tratada como um bicho de estimação, ou seja, de total confiança (sem precisar de vacinas contra a raiva nem nada!).
Saía sempre cedo em busca de lenha e deixava a raposa, crescidinha, tomar conta do bebé. E quando voltasse do trabalho, no cair da noite, a raposa ficava feliz com a chegada do lenhador, seu amo.
Mas os vizinhos do lenhador alertavam:
– Ó homem, não vale a pena confiar na raposa! Isso é um bicho, um animal selvagem. Quando sentir fome há-de comer o teu bebé.
O lenhador não ligava o conselho dos vizinhos, implicância que até considerava exagerada. A raposa era sua amiga e jamais faria aquilo. Mas eles continuavam a chatear:
– Lenhador, abre os olhos! Quando sentir fome, a raposa vai comer o teu bebé!
Um dia, o lenhador, muito fatigado do trabalho e farto desses comentários, ao chegar a casa viu a raposa sorrindo, como sempre, mas com a sua boca totalmente cheia de sangue fresco… O lenhador entrou em choque, apanhou arrepios. E sem pensar duas vezes, acertou o machado na cabeça da raposa…
Possuído pelo desespero, entrou a correr para o quarto, onde encontrou seu bebé no berço dormindo tranquilamente e a ressonar magistralmente. Já ao lado do berço estava estendida uma grande cobra, já morta... Foi ali que percebeu que a raposa salvara o bebé. Tarde demais! O lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.
Moral da estória: Respeite os conselhos que recebe, mas reflicta sempre antes de agir. E, principalmente, não tome decisões precipitadas.
(Ideia original de autor desconhecido)
Adaptado para o programa “Aiué Sábado”, Rádio Morena, por Gociante Patissa, Benguela, Agosto/2008
Havia, pois, em Tchindumbu um lenhador viúvo que acordava às seis da manhã e trabalhava o dia inteiro no mato. Só parava ao cair da noite.
O lenhador tinha um bebé lindo de poucos meses. Tinha também uma raposa, que encontrara muito pequena abandonada na mata. A raposa era sua amiga, tratada como um bicho de estimação, ou seja, de total confiança (sem precisar de vacinas contra a raiva nem nada!).
Saía sempre cedo em busca de lenha e deixava a raposa, crescidinha, tomar conta do bebé. E quando voltasse do trabalho, no cair da noite, a raposa ficava feliz com a chegada do lenhador, seu amo.
Mas os vizinhos do lenhador alertavam:
– Ó homem, não vale a pena confiar na raposa! Isso é um bicho, um animal selvagem. Quando sentir fome há-de comer o teu bebé.
O lenhador não ligava o conselho dos vizinhos, implicância que até considerava exagerada. A raposa era sua amiga e jamais faria aquilo. Mas eles continuavam a chatear:
– Lenhador, abre os olhos! Quando sentir fome, a raposa vai comer o teu bebé!
Um dia, o lenhador, muito fatigado do trabalho e farto desses comentários, ao chegar a casa viu a raposa sorrindo, como sempre, mas com a sua boca totalmente cheia de sangue fresco… O lenhador entrou em choque, apanhou arrepios. E sem pensar duas vezes, acertou o machado na cabeça da raposa…
Possuído pelo desespero, entrou a correr para o quarto, onde encontrou seu bebé no berço dormindo tranquilamente e a ressonar magistralmente. Já ao lado do berço estava estendida uma grande cobra, já morta... Foi ali que percebeu que a raposa salvara o bebé. Tarde demais! O lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.
Moral da estória: Respeite os conselhos que recebe, mas reflicta sempre antes de agir. E, principalmente, não tome decisões precipitadas.
(Ideia original de autor desconhecido)
Adaptado para o programa “Aiué Sábado”, Rádio Morena, por Gociante Patissa, Benguela, Agosto/2008
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Dizem que se conselho fosse bom, não se dava, vendia-se! Deixando de lado o extremismo capitalista, é bom refletir mesmo, porque muitas vezes são maus conselhos de fracas cabeças. Ótimo o conto, parabéns.
bjs
Dulce
Oi, Dulce, valeu o seu subsídio também. Vamos manter esta proximidade, vai?
Abração
Olá amigo.È um prazar saber que nutre uma simpatia pela Radio que é de todos nós. Pois, o edificio está mal e sabe-se que é pela falta de extensão do sinal pelo interior ( de quem é a culpa?). Manda-me dicas por email paara trocar melhor as ideias.
Manuel Vieira
Luanda
Quero falar de contos provenientes de sítios onde os homens amadurecem à volta da fogueira (sou produto disso)meus companheiros de formatura eram os milhos (isso mesmo milho). Assava-se o milho, a jinguba e amadureciam-se os homens. É muito bom quando alguém traz estas experiências ao convívio dos ruralizados... meus filhos gostam de ouvir e ler contos da nossa terra. Os trazidos pelo Patissa têm sido os primeiros da fila.
Um abraço.
Manuel, não descansemos. H2O mole em pedra rija muda a legislação. E até parece que o probl;ema é mais de capricho do que de legislação, pois o monopólio há muito foi eliminado.
Outra pergunta ao Manuel Vieira: Porque Igreja Católica angolana não faz o mesmo que em Moçambique em que as "Eclésias" são diocesanas... Ou seja para cada diocese uma Rádio. Teríamos mais homens trabalhando e uma informação mais plural. Já me cansa o conservadorismo e concentração da RNA (É tudo sobre Luanda como se o resto fosse capim).
Abraços a todos.
Com todo o prazer Patissa! Além do mais a sua proximidade é tb a proximidade com as minhas origens tão distantes de mim fisicamente e que de uma forma magnifica vc as trás até mim. Vou te passar um email pedindo mais umas traduções para umbundo, posso?
Bjs
Dulce
Olá a todos, outra vez! Dulce mande o email e tentarei~o meu melhor para traduzir. Só não se aborreça se demorar um pouco, é que ainda uso destes cybers cafés.
Gostei do conto, Patissa, e do tom geral do 'blog' continuo a gostar também. Abraço
Obrigado, ilustre SOANTES. Estende-se a gratidão a todos os visitantes. Viva Angola, viva a paz!
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