(...)"E não terminarei sem lamentar uma actuação que nos parece assíncrona entre as diversas entidades que superintendem a Educação, a Cultura, o Território e a Investigação, na expectativa de colhermos melhores avanços. Dou como exemplo a questão da toponímia e a corruptela de referentes africanos, bem como a estagnação do projecto de harmonização da norma de grafia das línguas Bantu.
segunda-feira, 3 de junho de 2024
É, no entanto, no contexto das instituições que se coloca a ausência de modelos e incentivos de multiplicação das línguas nativas e transfronteiriças, seja por termos um país com uma extensa malha etnolinguística, seja porque nos acomodamos no idioma oficial, de união e de contacto com o mundo, o português.
domingo, 2 de junho de 2024
Poema inédito | O RAIO-X NÃO MOSTRA A DOR
Poema inédito | O RAIO-X NÃO MOSTRA A DOR
Saúdo-te, minha mãe,
Ainda, ainda
Que linda te encontres
Como a aldeia que moveu
O orvalho alguma vez
Sola do pai que foi
lindo-bandido favorito
Coral
Hoje é domingo, mãe
Ao menos para alguns
Que linda te encontres
de feias já nos bastam as palavras
Deste tempo
Contratempo
Tanta bomba
Tanto se tomba
Minha mãe
Santa terra que nada
Minha enorme mãe
Nem tudo por lá é Cristo
já não é em dias o calendário
Contar
É por corpos
Da raça há tanto tolhida
À lente de um mundo embalado
no sono dos anjos
Só posso dar por mim a coçar tanto calo
no teu joelho
Timbrando meio século
De preces
E devoção à tribo escolhida
Minha temente mãe
Enquanto isso, minh'África
"Kulo handi wamalanga
Olopeto petu
Cina twalile"
Com quantas lentes
Com quantas, quantas
sopas solidárias se raspa
o fundo
da questão,
ó mãe,
minha enorme mãe?
O Raio X não mostra a dor,
É este o mal, doutor
O Raio X não mostra a dor,
Mas a dor está lá
A dor lá está, Senhor
Gociante Patissa | Feira do Livro de Lisboa | 02 Junho 2024 | www.angodebates.blogspot.com