Como estudioso e sonhador de comunicação, a experiência nestes quase 2 anos em Portugal tem
sido interessante. Esta semana recebi convites para entrevista e mesa-redonda em dois programas distintos da televisão cá direccionada às diásporas de expressão portuguesa, com emissões agendadas para a primeira quinzena de Maio. Num deles é já a quarta presença como linguista e falante da minha língua materna, Umbundu, ao passo que no outro foi a segunda como escritor (na realidade nunca se sabe bem a divisão entre ambos os papéis em mim). Aproveito as oportunidades como laboratório para perscrutar os bastidores sobre os desafios do segmento das produtoras de conteúdos para as TV convencionais, lidando com diversas gerações de profissionais e graus de competências/profundidade. Devo e quero agradecer a todos e todas colegas, amizades que (quase sempre sem contar) directa ou indirectamente abrem as portas. Ah, era só para lembrar que o meu sonho de ter uma estação de rádio continua, pena é terem dado cabo do santuário dos anti-sociais que um dia foi a magia da cabine... hoje a rádio televisionou-se e youtubou-se bwelelé. Seja como for, já tenho dois microfones com condensadores dos bons e um interface e um computador e uma vontade. Já só vai faltar o sócio que entra com a humilde parte que são os USD 70 mil para a licença de emissão conforme a imposição legal em Angolaterça-feira, 30 de abril de 2024
sexta-feira, 26 de abril de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024
Fragmentos da AJS: A NOSSA ONG RESUMIA-SE A DUAS PASTAS DE ARQUIVO
Com essa é que não contava, confesso! Acabo de receber uma daquelas fotos que narram histórias, certamente em horário de pausa sem almoço ali pela Praia Morena, junto ao Palácio do Governador.
Carregávamos os documentos e as correspondências originais diariamente a tiracolo na expectativa de provar que existíamos legalmente e podíamos mudar o mundo. Contada hoje seria uma cena caricata, mas foi assim que aconteceu há quase uns 25 anos que nos são recordados pelo arquivo fotográfico há pouco recebido do amigo David Pessela Cutomboca. Não sei dizer de memória se por ele captada ou se pelo Edmundo da Costa Francisco, uma amizade que se prolongara dos anos do terceiro nível nos Bambús e nessa altura cooptado para vice-presidente da ONG que havíamos acabado de criar e que lutava para angariar financiamentos. Muito mais urgente ainda, um espaço que se pudesse chamar sede, visto que logisticamente falando funcionava-se no anexo de quarto e sala de adobes e chão não cimentado, de um dos membros, algures pelo subúrbio do Lobito.
Dois jovens imberbes assumiam a missão de representar o colectivo de membros, pouco mais de 15, nas andanças de algum modo arrojadas a bater portas de ONG's e agências internacionais, já em posse da escritura notarial, do recorte de publicação no Jornal de Angola e Declarações de validação intersectoriais emitidas pelos Departamentos Provinciais das áreas relacionadas com a intervenção sonhada, nomeadamente Saúde, Educação, Desporto, Justiça.
A parte caricata é que andávamos debaixo para cima com duas pastas de arquivo carregando toda a papelada, uma amarela (a que tenho no colo) e outra azul, se bem me lembro, recolhidas ao caixote e lixo do estaleiro da Sonamet industrial, ainda durante os últimos meses em que lá trabalhei como ajudante e soldador, uma experiência profissional que permitiu conhecer o Jacinto "Lito", Presidente da APDC (Associação de Promoção de Desenvolvimento Comunitário) de quem receberíamos um exemplar da Lei das Associações em que nos guiámos para legalizar a AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade, uma ideia que nos surgiu em 1999 e cujos estatutos foram digitalizados pela tia Helena Francisco, da área administrativa da ENE e a mãe do Edmundo.
No início de 2000, levaríamos um guião de teatro à consideração do Líder da Okutiuka-Apav, José António Martins Patrocínio, o cabeçudo Zetó, o qual nos convidaria a assistir a um workshop sobre elaboração de projectos. Foi esta parceria mais a nossa vontade de nos reinventarmos e de respeitar as pessoas que nos permitiram crescer como homens e como servos das comunidades, a começar pela pertença à Rede Municipal da Criança de Rua do Lobito. Apanhamos sol, andamos centenas de quilómetros a pé, muitas vezes nem condições para almoçar tínhamos entre a maratona de reuniões.
Das engraçadas promessas de patrocínio, recorde-se a do responsável de uma empresa de telefonia a quem endereçamos uma carta a solicitar cedência de um pequeno espaço para acolher a nossa sede. Ao fim de vários meses a prometer e também a nos fintar, viria a converter a ajuda em um pequeno valor monetário com o qual encomendaríamos o primeiro carimbo de borracha. Também tivemos uma breve passagem pela ADAMA-Associação dos Defensores e Amigos do Ambiente, já no centro da cidade.
Em 2001, finalmente e com intervenção do Bungo Casseque, conseguiríamos arrendar escritórios no Bairro Santa Cruz, tendo na segunda linha da frente como guarda-alma o Cesar Menha e o Malaquias Fernando. No dia 22 de Novembro de 2002 conseguíamos adquirir o nosso primeiro computador de mesa, com drive gravadora de CD e tudo. O primeiro financiamento sem ser sob a pala da Okutiuka/Projecto Omunga chegaria salvo erro em 2002 via Oxfam na linha de promoção da saúde pública. Para trás ficam memórias de uma juventude investida em criar oportunidades de aprender-fazendo.
Em Dezembro deste ano a ONG chega ao 25.º aniversário, naturalmente com o contributo de várias gerações e alguma estoicidade dos membros e voluntários que souberam manter a navegação até nos momentos mais turbulentos da confraria.
AJS - Humildade, Justiça e Solidariedade
Daniel Gociante Patissa, Lisboa 23 Abril 2024
sexta-feira, 19 de abril de 2024
Um voo de ida que já dura cinco anos
Há 5 anos, num dia precisamente como hoje, o meu sósia na imagem (benguelense congénito sonhador de jornalista mas que se viu
raptado pelo mercado de trabalho ainda aos 14 anos de idade em 1993 como ajudante de fotógrafo) fechava um ciclo profissional de 12 anos de serviço de terra na aviação civil para "fazer as pazes" com a comunicação a tempo integral na Vertente Institucional e Relações Públicas (na aldeia global capital de fatos e gravatas chamada Luanda). Pelo meio estão outros 25 anos dedicados ao sector da ONG's, que se iniciam em 1999 com a co-fundação da AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade, passando pela Handicap International e pontualmente pela Save The Chilren e NDI, sem deixar de parte outros 2 anos como ajudante e soldador, entre 1998-2000 no estaleiro da (fabricação de estruturas metálicas para a indústria petrolífera). Já pode vir a aposentadoria, 31 anos a "aturar" patrões é muito 😃😃😃sexta-feira, 12 de abril de 2024
quinta-feira, 11 de abril de 2024
quarta-feira, 10 de abril de 2024
terça-feira, 9 de abril de 2024
Núcleo de Artistas Angolanos em Portugal elege Órgão sociais
Neste domingo, 07 de Abril, foram eleitos e empossados os órgãos sociais do Núcleo de Artistas Angolanos em Portugal (NAAP), que tem de nome de registo Associação PalancaOásis, da qual faço parte como membro. Encabeçada pelo jornalista/escritor Vladmir Prata, a agremiação surgiu/legalizou-se este ano (2024) para congregar e promover os interesses e trabalho de talentos residentes ou com actividade na diáspora. Tem sede em Queluz de Baixo, Lisboa, concretamente no atelier do pintor e fotógrafo Lino Damião, juntando nas suas "fileiras" músicos, actores, escritores, artistas plásticos, dançarinos, entre outras modalidades culturais (crédito das fotos: NAAP).