sexta-feira, 3 de julho de 2020

O segredo da Igreja Universal do Reino de Deus - Sousa Jamba

 Sou da IECA, (Igreja Evangélica Congregacional de Angola). A minha família está ligada a esta organização desde a sua fundação em Angola há mais de um século atrás. Mas sou profundamente tolerante de outras religiões; isto tem a ver com a minha infância na Zâmbia. 
(...)
Voltei para Angola e notei que muitos jovens tinham deixado a IECA para confissões mais carismáticas, algumas pregando a Teologia da Prosperidade como a Igreja Universal do Reino de Deus.
(...)
Os angolanos têm um hábito muito perigoso: um desejo profundo de quererem dar nas vistas sem, muitas das vezes, estarem prontos a dedicarem-se ao trabalho árduo e difícil que faz a diferença. Os pastores e bispos angolanos da IURD deveriam ter aprendido muito mais além dos sotaques brasileiro na organização a que pertenciam.

A IURD é uma espécie de multinacional que é altamente eficiente. Na IURD não é apenas uma questão do dízimo; na IECA temos também pago o dízimo mas as nossas igrejas não são comparáveis às da IURD. Já assisti sessões da IURD no Huambo por várias vezes. Uma das coisas memoráveis do local foi o conforto, dentro da igreja havia um bom sistema de ar condicionado. A IURD investe, sim, na suas infra-estruturas que fazem com que estas passem a atrair a muita gente.

No Huambo, uma vez, fiz questão de fotografar livros que as pessoas estavam a ler. Uma boa parte das senhoras estava a ler obras de Edir Macedo; o marketing desta organização é impressionante. Depois há, também, aqueles programas de televisão. Estamos a falar aqui de um programa de Marketing sofisticadíssimo.

As operações da IURD dariam para um bom estudo de como os negócios devem ser geridos. Nunca vi um templo da IURD numa área pobre de Angola. Os estrategistas da IURD têm como o seu alvo a classe média (e aqueles que aspiram à mesma). Este segmento da sociedade é vastíssimo. Depois há a mensagem da prosperidade, este mesmo segmento da sociedade é que mais sofre de uma ansiedade de não pertencer, propriamente dito, ao topo — orando, dando o dízimo, e nunca faltar à igreja, que poderá garantir a promoção ou o contrato. Este é, também, o local de convívio com gente com os mesmos valores etc. Isto tudo não foi feito num instante, houve muito trabalho para se conseguir tal sucesso.”

(Fragmentos da crónica, in Jornal de Angola, 03.07.2020)
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