Um dos principais desafios para quem exerce o papel de informar, em particular no campo do jornalismo, é conseguir o devido equilíbrio entre “o cidadão e o profissional”, mais concretamente diante de emoções que o assunto noticiado possa suscitar. Daí que, muito inteligentemente, o homem inventasse o “método”, precisamente para mitigar excessos decorrentes da sensibilidade humana.
Toda esta ladainha para uma chamada de atenção a alguns erros básicos, frequentes por exemplo no programa “Ecos e Factos” da Televisão Pública de Angola, que no entanto também ocorrem em outros órgão de informação: o uso de adjectivos.
“Agora vamos passar uma informação triste dizendo que…” “na cidade tal, aconteceu algo triste e curioso”… “Uma notícia não menos agradável”. “Um investimento muito importante”… Claramente, aqui subjaz a opinião do jornalista, viciando à partida o julgamento da audiência.
Se por um lado percebo que a intenção seja exercer o papel pedagógico que o jornalista tem, por outro não é demais lembrar que “os factos falam por si”. Claro, não no sentido radical do termo. Logo, no formato da notícia, o trabalho do jornalista é informar, na base dos factos, e não qualificar/julgar se bom, mau, interessante, desagradável, triste, feliz ou sei lá. É desnecessário, e não é preciso ter formação superior para o perceber.
Os adjectivos devem ser de uso excepcional, lá dizem os manuais de redacção. É que - e não sou eu quem o diz - “Na literatura, como no jornalismo, um adjectivo é a prosa tomando partido”.
Gociante Patissa, Benguela 21 Agosto 2010
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Olá G. Patissa
tens toda a razão e é bastante pertinente que toques num assunto já tantas vezes debatido mas que continua a acontecer.
O jornalista tem que ser uma pessoa isenta e está ali para informar de factos e não para dar opiniões ou para induzir o leitor ou espectador neste ou naquele sentido.
Infelizmente todos sabemos que isso continua e vai continuar a acontecer e em casos por vezes até com certa gravidade.
Um beijinho e bom fim de semana.
Valeu o contributo, Humana, Outro beijinho e bom fim-de-semana p ti.
...por isso ( pelo que escreveste e bem) é que jornalista será aquele que usa as ferramentas adequadas, aliás a exemplo de outras profissões.
Tal como é desastroso o pedreiro querer construir uma casa com barbatanas e escafandro, a função do jornalista baseada na "ferramenta" da indução não cumprirá os seus desígnios.
O exercício pleno da Alteridade será a condição primária ( havendo outras ,claro) para quem quer " Informar".
xaxuaxo
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