Morreu esta manhã (09/08/10) em Lisboa, o Frei dominicano, João Domingos, vítima de prolongada doença. João Domingos notabilizou-se em Angola, onde trabalhou longos anos, pela consistência e a frontalidade da sua mensagem social. Calou-se uma voz poderosa em defesa de uma Angola mais justa. Foi-se o Frei dos Pobres!
Texto e foto do Blog Morro da Maianga:
http://morrodamaianga.blogspot.com/2010/08/morreu-o-frei-dos-pobres.html
Nota: de um pupilo do finado chegou-nos por e-mail texto de homenagem, o qual partilhamos. Angodebates.
Por um instante, os meus pulmões prenderam a respiração, meus olhos espremeram umas lágrimas, que desajeitadamente não escorreram, minha voz ganhou coragem e perguntou: mas como???!!! Uma pergunta que nem eu próprio sabia que resposta pretendia. Depois a ambivalência emocional se apoderou de mim, pois queria chorar e não podia, estava a gritar mas não se ouvia... então saí do refeitório, buscando alguém com quem partilhar a dor, já que dor partilhada, dizem ser menos dor. Infelizmente, a dor se foi multiplicando, pois, com cada um com quem partilhava, crescia o sentimento de perda e de orfandade, de que a nossa sociedade foi remetida.
Talvez para atenuar a dor, agora devêssemos nos lembrar da falta que ELE nos vai fazer, mas assumir com responsabilidade o legado que nos deixou. Chegou a hora, a hora de sermos, aqueles "de quem se espera", semente lançada há quase duas décadas por ESSE ARAUTO da justiça social, que doou sua vida em favor da melhoria da qualidade de vida dos seus Manos, como ELE próprio gostava de se identificar.
Frei João Domingos, um nome que se escreve com qualquer letra, qualquer palavra, pois, ELE era assim, tal como o vento, cabia para todos! Talvez eu esteja aqui a escrever algumas incongruências, não sei, mas assim, talvez compense o facto de não estar a conseguir falar com ninguém dos meus irmãos, esses filhos do Frei, como nos tratavam carinhosamente, por nos ter educado com tanto amor, dedicação e carinho inarráveis... não estou a dizer adeus ao Frei, estou apenas a convidar-vos para fazer parte desta minha vontade de gritar, chorar, arranhar os céus, implorar que o mandem de volta!
Frei João Domingos, ou também o Mano mais velho, trilhou connosco estes caminhos não andados, desbravou os corações endurecidos e presos aos desajustes sociais e construiu uma passagem pelo mundo, que ficará indelevelmente marcada em nossos corações, esses pobres corações, ora despedaçados, flagelados pela dor insuportável da perda do caminho à seguir!
Parece que quanto mais escrevo, na esperança de me dar conta de se tratar apenas de um sonho, mais me dou conta de que o HOMEM que me ensinou a usar a epiqueia nas minhas decisões, ESSE HOMEM Grandioso, acabou, com mérito, sua passagem física pela terra, resta apenas saber se seremos dignos de ficar com seu legado!
Frei João Domingos, eu sou uma pessao feliz, pois por Si e consigo, acabei por me tornar um pouco melhor! Obrigado! Viverá sempre que formos capazes de buscar a justiça nas nossas relações com nossos irmãos, filhos do mesmo criador!
Roque D’Oliveira, Luanda, 09 de Agosto de 2010
Texto e foto do Blog Morro da Maianga:
http://morrodamaianga.blogspot.com/2010/08/morreu-o-frei-dos-pobres.html
Nota: de um pupilo do finado chegou-nos por e-mail texto de homenagem, o qual partilhamos. Angodebates.
FICA O LEGADO! (Adeus ao Frei?)
Estava a almoçar, soou o meu telefone, desses que agora vai connosco para todo o lado, o telemóvel: boa tarde irmão Roque, olha, morreu o nosso Padre, o Frei João Domingos, ouvi agora pela Ecclésia!Por um instante, os meus pulmões prenderam a respiração, meus olhos espremeram umas lágrimas, que desajeitadamente não escorreram, minha voz ganhou coragem e perguntou: mas como???!!! Uma pergunta que nem eu próprio sabia que resposta pretendia. Depois a ambivalência emocional se apoderou de mim, pois queria chorar e não podia, estava a gritar mas não se ouvia... então saí do refeitório, buscando alguém com quem partilhar a dor, já que dor partilhada, dizem ser menos dor. Infelizmente, a dor se foi multiplicando, pois, com cada um com quem partilhava, crescia o sentimento de perda e de orfandade, de que a nossa sociedade foi remetida.
Talvez para atenuar a dor, agora devêssemos nos lembrar da falta que ELE nos vai fazer, mas assumir com responsabilidade o legado que nos deixou. Chegou a hora, a hora de sermos, aqueles "de quem se espera", semente lançada há quase duas décadas por ESSE ARAUTO da justiça social, que doou sua vida em favor da melhoria da qualidade de vida dos seus Manos, como ELE próprio gostava de se identificar.
Frei João Domingos, um nome que se escreve com qualquer letra, qualquer palavra, pois, ELE era assim, tal como o vento, cabia para todos! Talvez eu esteja aqui a escrever algumas incongruências, não sei, mas assim, talvez compense o facto de não estar a conseguir falar com ninguém dos meus irmãos, esses filhos do Frei, como nos tratavam carinhosamente, por nos ter educado com tanto amor, dedicação e carinho inarráveis... não estou a dizer adeus ao Frei, estou apenas a convidar-vos para fazer parte desta minha vontade de gritar, chorar, arranhar os céus, implorar que o mandem de volta!
Frei João Domingos, ou também o Mano mais velho, trilhou connosco estes caminhos não andados, desbravou os corações endurecidos e presos aos desajustes sociais e construiu uma passagem pelo mundo, que ficará indelevelmente marcada em nossos corações, esses pobres corações, ora despedaçados, flagelados pela dor insuportável da perda do caminho à seguir!
Parece que quanto mais escrevo, na esperança de me dar conta de se tratar apenas de um sonho, mais me dou conta de que o HOMEM que me ensinou a usar a epiqueia nas minhas decisões, ESSE HOMEM Grandioso, acabou, com mérito, sua passagem física pela terra, resta apenas saber se seremos dignos de ficar com seu legado!
Frei João Domingos, eu sou uma pessao feliz, pois por Si e consigo, acabei por me tornar um pouco melhor! Obrigado! Viverá sempre que formos capazes de buscar a justiça nas nossas relações com nossos irmãos, filhos do mesmo criador!
Roque D’Oliveira, Luanda, 09 de Agosto de 2010
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Muito, mas muito triste mesmo e quanso mais se trata de um SERVO HUMILDE E MUITO CORAJOSO EM PALAVRAS que despertavam a muitos e especialmente a mim. Mas perdemo-lo nós homens e com certeza que DEUS SABE O BEM O Porquê DA SUA PARTIDA DESTE MUNDO. Por isso, aí vai msg para todos nós que sofremos com a morte inesperável do FREI: ENTREGUEMOS TUDO NAS MÃOS DE DEUS, REZANDO MUITO PARA QUE A SUA ALMA DESCANSE ETERNAMENTE EM PAZ| Com muito dor que escrevo estas pobres palavras transformadas em letras....
Pois é, caro Chivela, que a alma dele descanse em paz!
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