Afinal hoje é (outra vez) dias das mulheres?! Juro que não constava da minha agenda para a sexta-feira de folga. Mas a manhã nasceu de forma diferente, o habitual raio do sol pela janela foi antecedido por uma barulheira, que vinha da escola perto de casa. Eram estudantes empolgadíssimos em actividade de limpeza para comemorar o dia da mulher africana.
Confesso que não me revejo em tantos “holidays” em prol da mulher, que mais me parecem uma criação dos homens para mostrarem que são generosos. Bom, é melhor não ir por aí antes de exercitar a pesquisa sobre as razões de mais este dia santo, quando o mês todo de Março já é dedicado à mulher. E não pensem que são ciúmes, só porque não há mês que inicie com “H”, para ser mês dos Homens também. Aliás, já disse certo machista que os homens não precisam de ministério específico nem de dias para serem honrados porque cada um é ministro todos os dias (até os de casas demolidas).
Pondo de parte as brincadeiras (de mau gosto?), o que me farta mesmo é a abordagem. Até quando a sociedade angolana vai cultivar esta coisa de pensar que homenagear a mulher africana é obrigatoriamente dizer que “é bonita”, “tem beleza rara”? Esse tipo de mulher objecto, que só existe em função da beleza, essa mulher oca não me interessa. Conheço mulheres, como a minha mãe entre outras, que priorizam o trabalho, a dedicação aos filhos, e até a alfabetização para compensarem o tempo perdido sem estudar, de modo a reforçar o intelecto.
A mulher angolana não se deveria alegrar com esse paradigma que a valoriza (apenas) em função da sensualidade, que significa, geralmente, estar à altura de atrair homens. É mais do que óbvio: a beleza humana não é uma questão de geografia, o contrário são apenas resquícios da época medieval.
Acho que podíamos estimular outras virtudes da “nossa” mulher, como o intelecto, a capacidade de afirmação social, onde o conceito “cultura” vai além de “abanar o rabo” ao som do ku-duro ou da tarrachinha (adoçados por estúpidos "beefs").
Para essas mulheres, na cidade ou no campo, àquelas que batalham, fica a nossa homenagem!
Confesso que não me revejo em tantos “holidays” em prol da mulher, que mais me parecem uma criação dos homens para mostrarem que são generosos. Bom, é melhor não ir por aí antes de exercitar a pesquisa sobre as razões de mais este dia santo, quando o mês todo de Março já é dedicado à mulher. E não pensem que são ciúmes, só porque não há mês que inicie com “H”, para ser mês dos Homens também. Aliás, já disse certo machista que os homens não precisam de ministério específico nem de dias para serem honrados porque cada um é ministro todos os dias (até os de casas demolidas).
Pondo de parte as brincadeiras (de mau gosto?), o que me farta mesmo é a abordagem. Até quando a sociedade angolana vai cultivar esta coisa de pensar que homenagear a mulher africana é obrigatoriamente dizer que “é bonita”, “tem beleza rara”? Esse tipo de mulher objecto, que só existe em função da beleza, essa mulher oca não me interessa. Conheço mulheres, como a minha mãe entre outras, que priorizam o trabalho, a dedicação aos filhos, e até a alfabetização para compensarem o tempo perdido sem estudar, de modo a reforçar o intelecto.
A mulher angolana não se deveria alegrar com esse paradigma que a valoriza (apenas) em função da sensualidade, que significa, geralmente, estar à altura de atrair homens. É mais do que óbvio: a beleza humana não é uma questão de geografia, o contrário são apenas resquícios da época medieval.
Acho que podíamos estimular outras virtudes da “nossa” mulher, como o intelecto, a capacidade de afirmação social, onde o conceito “cultura” vai além de “abanar o rabo” ao som do ku-duro ou da tarrachinha (adoçados por estúpidos "beefs").
Para essas mulheres, na cidade ou no campo, àquelas que batalham, fica a nossa homenagem!
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Gociante Patissa, Benguela 31 Julho 2009
4 Deixe o seu comentário:
Apoiado, mano!
Pode ser verdade que esteticamente a mulher angolana seja uma referência em África e não só.
Entretanto, é mais do que verdadeira e urgente a necessidade de a "nossa" mulher ser valorizada mais pela dimensão intelectual, ética, profissional, na conquista de um protagonismo merecido e não simplesmente oferecido de bandeja, por "olhos apaixonados/atacados por desejos/intenções ocultas...".
Reconhece-se igualmente que isto somente resultaria de um esforço conjugado e estratégico dos diferentes actores sociais, a começar pela família.
Na verdade, estou mais optimista na possibilidade de a nova geração apostar mais neste ideal.
Quando a escola da menina já não for adiada, quando os homens incorporarem a idade mental, nos seus critérios de selecção de uma parceira, quando o dinheiro já não for a prioridade absoluta e "sagrada" de muitas mulheres, aí sim.
Se não, teremos de esperar pelo regresso e consequente governo mundial do Senhor Jesus Cristo, que garante a desejada dignidade a cada género humano.
Força!
Edmundo Francisco
Valeu, Edmundo, tua reflexão.
Na verdade, a mulher acaba por ser (geralmente) apenas um reflexo dos defeitos da sociedade em que está inserida. Tenho notado, de uns dois anos para cá, um crescimento da moda do uso de produtos de maquilhagem, que faz com que as "nossas irmãs" apareçam no dia-a-dia com rosto de apresentadoras de TV. Há quem as ache artificiais, mas digamos por agora apenas que andam ajustadas aos ventos da moda. E é grande o optimismo da minha parte em acreditar que esses, os mesmos, ventos da moda um dia mudarão de rumo e "obrigarão" a mulher angolana (no específico contexto, claro) a levar consigo sempre um livro na mão ou na bolsa para ocupar os momentos vagos, ainda que esse livro seja apenas de anedotas! É claro que isso implicará um entrosamento de políticas, no sentido de baixar o custo do livro em Angola e, por que não, democratizarmos a literatura - como o diriam os irmãos brasileiros.
Viva Angola, viva a angolanidade!
Viva, viva! E vivam e bem hajam homens e mulheres que vêem as coisas assim, me fazem ter esperança!
Viva, você também, Kanu!!!
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