“Nothing ever goes to plan”, disse-me certa vez um cidadão britânico a quem na ocasião servi como tradutor/intérprete. A frase, ironicamente óbvia, vem-me sempre à imaginação quando algo não sai como planificado.
Estava de volta no Lubango, já não como “simples” turista, mas como alguém que levava proposta literária. A própria viagem conheceu solavancos, mas teve de acontecer ou não tivesse já consumido quinze dos trinta dias de férias (Maio 2009).
Contrariamente à experiência do Huambo, em que dois amigos se encarregaram dos preparativos do lançamento do “Consulado do Vazio” (meu poemário de estreia) antes da chegada, estava literalmente sozinho no Lubango. E, como é de imaginar, a cidade torna-se excessivamente extensa quando você precisa de localizar as instituições (a pé).
Uns telefonemas pareciam ser a solução. E foram até certo ponto, tendo conseguido contactos de alguns poetas/declamadores, cujo tempo devia ser precioso demais para dispensar a um escritor iniciante/desconhecido. Trato então de esclarecer que só queria um contacto pessoal a fim de ler o “comportamento” da gente do "Cristo Rei", portanto já dominava os bastidores de cerimónias de lançamento de livro (depois de Benguela e Huambo).
Mas como há sempre um pouco de doçura na taça de amargura, um dos poetas me passa o número do Dr. Xia, representante da Brigada Jovem de Literatura. Mas… valeria a pena contactá-lo quando eu não sou membro da Brigada?
Tinha vaga ideia do Dr. Xia (já ouvi que tinha aversão à ideia de ter um telemóvel). Por isso, foi inevitável a ansiedade que antecedeu o aperto de mãos com o "mítico docente de Filosofia" desde o telefonem em que ele confirmou estar à minha espera no Departamento de Ciências Sociais do Isced.
Apresentei, então, os dois paragrafozinhos da minha existência e a intenção de lançar o livro no Lubango. Confesso que não levou muito tempo para que me sentisse familiar ao ambiente do seu apertado gabinete, nem para captar o seu bom senso e espírito de ajuda.
Falou-me do programa que decorria naquela semana, uma iniciativa para saudar o aniversário do continente Africano. Saiu por alguns instantes e de volta trouxe a agradável notícia de ter conseguido anuência para o lançamento do livro durante a palestra que aconteceria no anfiteatro da Universidade dentro de dois dias. Mais do que isso, cuidou dos corredores para divulgação junto da Rádio Estatal Local. E, no final do primeiro dia, num instinto de pai, accionado talvez pelo aspecto dos meus lábios despidos e secos, quis saber se eu tinha comido alguma coisa…!
Carlos Cardoso “Dr. Xia KMK”, a quem reitero a minha profunda gratidão, é docente e amigo das letras, que nas "Terras Altas da Chela" teima em consolidar a brigada Jovem de Literatura. Durante as conversas, não escondeu a vontade de ver a província da Huíla editar também autores locais, à semelhança do que faz Benguela através da editora KAT.
Estava de volta no Lubango, já não como “simples” turista, mas como alguém que levava proposta literária. A própria viagem conheceu solavancos, mas teve de acontecer ou não tivesse já consumido quinze dos trinta dias de férias (Maio 2009).
Contrariamente à experiência do Huambo, em que dois amigos se encarregaram dos preparativos do lançamento do “Consulado do Vazio” (meu poemário de estreia) antes da chegada, estava literalmente sozinho no Lubango. E, como é de imaginar, a cidade torna-se excessivamente extensa quando você precisa de localizar as instituições (a pé).
Uns telefonemas pareciam ser a solução. E foram até certo ponto, tendo conseguido contactos de alguns poetas/declamadores, cujo tempo devia ser precioso demais para dispensar a um escritor iniciante/desconhecido. Trato então de esclarecer que só queria um contacto pessoal a fim de ler o “comportamento” da gente do "Cristo Rei", portanto já dominava os bastidores de cerimónias de lançamento de livro (depois de Benguela e Huambo).
Mas como há sempre um pouco de doçura na taça de amargura, um dos poetas me passa o número do Dr. Xia, representante da Brigada Jovem de Literatura. Mas… valeria a pena contactá-lo quando eu não sou membro da Brigada?
Tinha vaga ideia do Dr. Xia (já ouvi que tinha aversão à ideia de ter um telemóvel). Por isso, foi inevitável a ansiedade que antecedeu o aperto de mãos com o "mítico docente de Filosofia" desde o telefonem em que ele confirmou estar à minha espera no Departamento de Ciências Sociais do Isced.
Apresentei, então, os dois paragrafozinhos da minha existência e a intenção de lançar o livro no Lubango. Confesso que não levou muito tempo para que me sentisse familiar ao ambiente do seu apertado gabinete, nem para captar o seu bom senso e espírito de ajuda.
Falou-me do programa que decorria naquela semana, uma iniciativa para saudar o aniversário do continente Africano. Saiu por alguns instantes e de volta trouxe a agradável notícia de ter conseguido anuência para o lançamento do livro durante a palestra que aconteceria no anfiteatro da Universidade dentro de dois dias. Mais do que isso, cuidou dos corredores para divulgação junto da Rádio Estatal Local. E, no final do primeiro dia, num instinto de pai, accionado talvez pelo aspecto dos meus lábios despidos e secos, quis saber se eu tinha comido alguma coisa…!
Carlos Cardoso “Dr. Xia KMK”, a quem reitero a minha profunda gratidão, é docente e amigo das letras, que nas "Terras Altas da Chela" teima em consolidar a brigada Jovem de Literatura. Durante as conversas, não escondeu a vontade de ver a província da Huíla editar também autores locais, à semelhança do que faz Benguela através da editora KAT.
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Gociante Patissa
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..."Consulado do Vazio" ficou cheio de calor humano e gratidão...
bjs
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