A rubrica “Nossa Homenagem - um reconhecimento às pessoas pelo seu exemplo de sucesso”, emitida ontem, 17/02, trouxe a história de um batalhador que se destaca pela integração social de pessoas com deficiência. Aos trinta e sete anos, Abílio Xavier, que tem paralisia dos membros inferiores, é chefe de família e representante de Organização Não Governamental.
«Eu nasci bem, adquiri a paralisia por causa da polio[mielite] aos dois anos. E desde que me conheci homem, então, já convivi com deficiência», contou.
Mesmo havendo uma escola no seu bairro, Abílio só iniciou os estudos após completar dez anos. E explica: «Havia a dificuldade de ter alguém que pudesse apoiar, levar às costas até à escola. Então, aos dez anos, tive a felicidade de ter um triciclo. E com esse triciclo comecei a estudar. Mas infelizmente, depois de concluir essa fase do primário, já com as intenções de continuar o segundo nível, esse triciclo estraga. Foram mais uns dois (ou três) anos que tive de parar de estudar, até que conseguisse um outro».
27 anos depois, Abílio não se esquece dos primeiros triciclos. «O primeiro triciclo, conseguimos por intermédio da Igreja Católica. Havia o padre António, e por intermédio dele conseguimos esse triciclo; o segundo, já foi a comprar. Mas, naquela altura, não existiam tantos quanto hoje», recordou.
Feito o ensino médio, Abílio queria frequentar a escola de professores do futuro, quando voltasse das férias. Foi nessa altura que, em Luanda, conheceu a (ONG angolana) Lardef - Liga de Apoio à (Re)Integração dos Deficientes. O regresso acabou por não acontecer. E, passado algum tempo, Abílio conheceu a vizinha, que hoje é sua esposa, e têm duas filhas. «Finais de 99, nos conhecemos porque morávamos na mesma rua. Éramos amigos e, depois, alguma coisa mais foi crescendo além dessa amizade», confessou.
No princípio, familiares da moça manifestaram rejeição, uma vez que o pretendente anda numa cadeira de rodas. E o casal teve que resistir para salvar a relação. «A luta maior existiu da parte dela, porque eram os seus familiares a tentarem romper com aquele relacionamento que nós tínhamos. Mas existiu uma força tenaz da parte dela para tentar contrapor aquela que era a vontade dos familiares em tentar separar aquela relação».
Fruto do seu empenho, Abílio Xavier, que entrou na Lardef como colaborador, fez história. Foi indicado para abrir a representação da província de Benguela. «Desde Fevereiro de 2004 viemos parar em Benguela. Primeiro, com um projecto que denominamos “Dignidade”. Porque havia a necessidade de expandirmos a Organização e, por meio desse projecto, haveria actividades a serem realizadas em Benguela até que encontrássemos objectivos concretos de se trabalhar cá».
Com isso surgiu um constrangimento. Abílio Xavier, que já andava no segundo ano da Universidade Agostinho Neto, viria interromper os estudos outra vez. «Posto em Benguela, infelizmente, as condições do núcleo de Direito não favorecem. Então, estou parado desde 2004», lamentou.
Palavras, como inserção social, advocacia, deficiência, discriminação, leis, acessibilidade, exclusão, tabu, e convivência, fazem parte do dia-a-dia de quem abraçou a causa. A mudança é um processo longo e complexo, mas Abílio indica já algo a ter em conta.
«Eu nasci bem, adquiri a paralisia por causa da polio[mielite] aos dois anos. E desde que me conheci homem, então, já convivi com deficiência», contou.
Mesmo havendo uma escola no seu bairro, Abílio só iniciou os estudos após completar dez anos. E explica: «Havia a dificuldade de ter alguém que pudesse apoiar, levar às costas até à escola. Então, aos dez anos, tive a felicidade de ter um triciclo. E com esse triciclo comecei a estudar. Mas infelizmente, depois de concluir essa fase do primário, já com as intenções de continuar o segundo nível, esse triciclo estraga. Foram mais uns dois (ou três) anos que tive de parar de estudar, até que conseguisse um outro».
27 anos depois, Abílio não se esquece dos primeiros triciclos. «O primeiro triciclo, conseguimos por intermédio da Igreja Católica. Havia o padre António, e por intermédio dele conseguimos esse triciclo; o segundo, já foi a comprar. Mas, naquela altura, não existiam tantos quanto hoje», recordou.
Feito o ensino médio, Abílio queria frequentar a escola de professores do futuro, quando voltasse das férias. Foi nessa altura que, em Luanda, conheceu a (ONG angolana) Lardef - Liga de Apoio à (Re)Integração dos Deficientes. O regresso acabou por não acontecer. E, passado algum tempo, Abílio conheceu a vizinha, que hoje é sua esposa, e têm duas filhas. «Finais de 99, nos conhecemos porque morávamos na mesma rua. Éramos amigos e, depois, alguma coisa mais foi crescendo além dessa amizade», confessou.
No princípio, familiares da moça manifestaram rejeição, uma vez que o pretendente anda numa cadeira de rodas. E o casal teve que resistir para salvar a relação. «A luta maior existiu da parte dela, porque eram os seus familiares a tentarem romper com aquele relacionamento que nós tínhamos. Mas existiu uma força tenaz da parte dela para tentar contrapor aquela que era a vontade dos familiares em tentar separar aquela relação».
Fruto do seu empenho, Abílio Xavier, que entrou na Lardef como colaborador, fez história. Foi indicado para abrir a representação da província de Benguela. «Desde Fevereiro de 2004 viemos parar em Benguela. Primeiro, com um projecto que denominamos “Dignidade”. Porque havia a necessidade de expandirmos a Organização e, por meio desse projecto, haveria actividades a serem realizadas em Benguela até que encontrássemos objectivos concretos de se trabalhar cá».
Com isso surgiu um constrangimento. Abílio Xavier, que já andava no segundo ano da Universidade Agostinho Neto, viria interromper os estudos outra vez. «Posto em Benguela, infelizmente, as condições do núcleo de Direito não favorecem. Então, estou parado desde 2004», lamentou.
Palavras, como inserção social, advocacia, deficiência, discriminação, leis, acessibilidade, exclusão, tabu, e convivência, fazem parte do dia-a-dia de quem abraçou a causa. A mudança é um processo longo e complexo, mas Abílio indica já algo a ter em conta.
«O que queríamos agora levantar como positivo é, por exemplo, a questão de algumas pessoas estarem a perceber a necessidade de começar essa relação como relação de indivíduos que não têm diferença nenhuma. Isso é positivo e começa a dar às pessoas uma certa ousadia em querer afirmar-se na sociedade. Depois, há a questão de indivíduos que estão a estudar e defender teses, a mostrar que pessoas com deficiência podem defender teses», realçou.
Será que alguma vez pensou em desistir? «Nunca! Desde cedo, e aqui para tentar agradecer os pais – disse – que tenho, desde cedo, eles cultivaram que o homem tem que ser feito estudando», revelou Abílio Xavier.
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Recorde-se que a rubrica “Nossa Homenagem” é oferta do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta.
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AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”. (GP)
AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”. (GP)
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Um "papá coragem"... Desejo-lhe garras... não esmoreça... Angola precisa de bons exemplos.
Valeu, Canhanga! E o homem tem himildade qb e um sentido protectos, de tal modo que desde jovem é tratado por "pai" Abílio.
Abraços para ti taambém, que, se estivesses cá não escaparia à consulta da produção do programa para "honramos" a tua história.
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