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Os dados foram revelados recentemente pelo 1º Superintendente Conceição Gomes, quando representava o Comando Provincial da Polícia Nacional na mesa redonda sobre “Perigos no Trânsito”, do programa radiofónico pela cidadania e saúde preventiva, “Viver para Vencer”, produzido pela ONG angolana AJS – Associação Juvenil para a Solidariedade.
«Nós temos como causas destes acidentes a imprudência, fundamentalmente, onde engloba o desrespeito às regras de trânsito, destas, as manobras perigosas, a condução em estado de embriagues, a fadiga, a utilização de instrumentos inapropriados, como sendo os telemóveis», realçou o 1º Superintendente Conceição Gomes.
KUPAPATAS RESISTENTES AOS REGULAMENTOS, DIZEM QUE A CULPA É DO CAPACETE
É quase impossível falar do trânsito em Benguela sem tocar na figura dialéctica do kupapata, ou mototaxistas. Tão úteis, que surgem no momento da aflição e da emergência. É só passar pelos hospitais para confirmar a sua prontidão. Mas, no melhor pano cai a mancha, tendo em conta os perigos que causam no trânsito com as suas ultrapassagens pela direita e
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A equipa do Viver para Vencer procurou auscultar opiniões de três segmentos da população que mais usa dos transportes colectivos, um kupapata, um estudante e um zungueira.
«Quando estou a andar na minha mota, o que me atrapalhava é só o capacete», referiu o conterrâneo kupapata para adiante justificar que deixou de usar o referido protector por lhe causar subida de tensão arterial. Adepto do argumento segundo o qual o capacete impede o sentido de audição, o nosso interlocutor dramatiza: «muitos que estão a morrer por causa do capacete, porque aquilo mata. Só tem que ser na via longa, daqui ao Huambo, mas aqui na cidade traz acidente. Mesmo eu que estou a falar, escapei de morrer», asseverou.
No entender de Edmundo Francisco, presente à mesa redonda enquanto Coordenador Executivo da AJS e estudante de psicologia, o assunto dos perigos com o kupapata «é importante e deve ser debatido, porque faz parte das preocupações da sociedade, que está preocupada com a segurança no trânsito».
Por seu turno, o sociólogo Ronaldo Fernandes considera paradoxal a tese da insegurança supostamente provocada pelo uso do capacete, já que «no mundo afora, o uso do capacete é tão normal e todo mundo usa, é diário e não incomoda nada». E para dissipar dúvidas, esclareceu que também já experimentou o uso do capacete.
Outra voz “irredutível” quanto o uso do capacete é a do 1º Superintendente Conceição Gomes, que junta à obrigatoriedade da lei a necessidade moral de protecção de uma das mais essenciais parte do corpo humano, no caso a cabeça. Pelo que, em seu entender, trata-se de irresponsabilidade dos jovens.
Começava a escurecer quando entrevistamos a conterrânea zungueira, justificando-se por isso a aflição em que se encontrava. Logo ela, que até tinha uma preocupação sagrada: «quero ir fazer jantar do meu marido, que essa hora está à espera que a mulher foi vender, e os táxis estão difíceis», revelou. Questionada se gostava (entenda-se tinha o hábito) de andar de mototaxi (kupapata), a cidadã zungueira disse que não, «porque algumas pessoas não regulam».
Para o jovem estudante, o principal motivo de insegurança quando sai à rua é notar ausência dos agentes reguladores do trânsito. «Gosto de andar de hiace, porque mota é um perigo», disse. De autocarro sim, mas, por serem lentos, «só anda quando falham os táxis. De mota, mesmo já é no último caso», confessou.
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É urgente que a Sociedade reflicta seriamente sobre a sinistralidade rodoviária. "Já faz mais mortos dos que a guerrilha"... Será?
Mas o assunto é muito sério e gravoso.
Let's think about!
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