sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Jornalistas da RNA admitem falta isenção da imprensa estatal

Luanda - O núcleo do sindicato de jornalistas da Rádio Nacional de Angola (RNA) considerou hoje[11/12] que a comunicação social pública angolana não foi isenta nas eleições legislativas e apelou para uma postura imparcial nas presidenciais previstas para 2009.

"Apesar do esforço do sindicato, do próprio Governo e de organizações internacionais, os jornalistas não conseguiram ser imparciais [nas legislativas de Setembro] e em função disso resolvemos fazer um apelo para que isso não volte a acontecer nas eleições presidenciais", disse à Lusa o responsável pelo núcleo do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) na RNA, Mário Maiato.

O apelo foi lançado após uma assembleia geral do sindicato para balanço de actividades, realizada quarta-feira, nas instalações da RNA, cujos participantes concluíram que os órgãos de comunicação social públicos não tiveram uma postura "isenta" nas legislativas de 05 de Setembro.
Num documento aprovado na reunião, o núcleo do sindicato de jornalistas da RNA, com 171 membros, critica as inúmeras falhas registadas durante as eleições legislativas e afirma que durante a campanha eleitoral, foram "sistematicamente violados" princípios como o da "imparcialidade, isenção e igualdade" entre candidatos.
"Todos nós acompanhámos as notícias na RNA e na Televisão Pública de Angola (TPA) e vimos como operavam. Passava uma notícia da oposição e duas do partido no poder, peças de quatro a cinco minutos, enquanto as outras passavam em um minuto", salientou Mário Maiato.
Segundo Mário Maiato, que também é o responsável pelas questões jurídicas e laborais do SJA, foi em função dessa "falta de respeito à ética e deontologia" que se fez o apelo. Mário Maiato referiu ainda que houve favorecimento do partido vencedor (MPLA), que contudo não ditou a sua vitória, não houve promoção de debates entre os candidatos e os partidos não tiveram a oportunidade de divulgar os seus programas, entre outros aspectos. "É para essas questões que queremos alertar. Para que nas próximas eleições presidenciais não aconteça o mesmo", frisou.
O documento produzido na reunião critica ainda a virtual demissão do conselho de comunicação social verificada na altura, que é o órgão responsável por assegurar a objectividade e a isenção da informação.
Durante as legislativas, os órgãos de comunicação social do Estado foram criticados pelos partidos da oposição e organizações da sociedade civil devido a sua forma de actuação. Uma das recomendações do relatório final da Missão de Observação da União Europeia refere-se à importância de se rever a lei dos órgãos de comunicação social.
No período eleitoral e pós-eleitoral das legislativas de 05 de Setembro, alguns jornalistas e colaboradores da RNA e da TPA foram suspensos com processos disciplinares devido a declarações sobre a forma como os órgãos públicos exercem a cobertura política ou comentários sobre algumas das nomeações políticas para cargos públicos.
Fonte: Lusa
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2 Deixe o seu comentário:

Soberano Kanyanga disse...

Valeu a coragem do Mário Maiato e correligionários. Xpero que não sejam sancionados por trazer a lume uma vedade de si já velha.

Angola Debates e Ideias- G. Patissa disse...

Encontrei-me com jornalista Maiato nas minhas andanças pelo mundo de ONGs e mobilização comunitária por esta Angola. Lembro-me de um dissertação dele (ainda guardo cópia do texto/comunicação), na Administração Municipal de Benguela, sobre "O papel da comunicação social no combate à corrupção", lá para 2004/05, na altura promovido pela (falecida, sem contudo descansar em paz) "Coligação Ensino Gatuito, Já!". Neste ncontro despertou-me curiosidade um certo "excesso de zelo" do Maiato, ao tirar do bolso o "Caça Palvras" a fim de gravar a sua conversa, ou não fosse, presumo, um colega distorcer o sentido do seu discurso.
Não sei se vem em boa hora tal pronuciamento (se não seria melhor calar para sempre), mas que revela algum sentido de carácter, vergonha na cara, e um certo correr atrás do prejuízo no contexto do descrédito a que a imprensa (sentimo-nos mais à vontade em observar a pública, suportada pelos nossos impostos) fez questão de conquistar. Custe o que me tiver de custar, nunca escondi q assistimos a excelentes exemplos de péssimos exemplos, nós a quem as poupanças da nossa mãe não permitiu ir às universidades no estrangeiro e aprendermos jornalismo exercendo e espreitando a banca de kotas com anos de estrada.
De facto, e concordo consigo amigo Canhanga, "Valeu a coragem do Mário Maiato e correligionários. Xpero [também]que não sejam sancionados por trazer a lume uma vedade de si já velha".

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