Poema inédito | A MULHER QUE LIA DISTÂNCIAS
2010. Por lá
Aquele Janeiro tinha mãe e telefonava
como quem mentisse o banco vazio
o funji sem panela nem lombi
e uma voz que era minha
Cosmopolita sanzala
Acolá
naquele Janeiro o futebol engolia a terra
Ombaka, Lwanda,
CAN que não era lata
uma tapa-saias constitucional
Quatro a zero zé de quatro igual
A MULHER QUE LIA DISTÂNCIAS
por lá sobre as asas
do Estado com Departamento
saudades não conhecem lei
nem o bálsamo Obama continental
cavalga jacaré Kamundumbe esse
como um deles a mim AJS
"Kalume eci akwete oco cuyovola"
Acolá
Ruas desertas, casas na sacola
Que era bola
vuvuzelas
Só que por lá, por lá
mesmo assim
aquele Janeiro teimara em ligar
30 natais no lombo
Aló! Unjevite?
mana ao pé de ponte
Aló, minha enorme mãe
Ukasi?
seus panos de leite
estrutura esguia
serena e séria como o não saber dançar
Aló, minha mãe!
o gelo aqui chama-se Washington
Ainda para mais sete dias e nada
mas bem estou, mãe, DC
tosses e posses à jeito
que não esfrie meu prato-colo até o mês acabar
Finda a conversa
por lá
despeço-me, repleto estou
que se lixem os dólares UTT
comi a voz
a voz-maior!
Até breve, a njali
Acolá, porém, não sorri cordão umbilical
O meu filho está distante, não está?
Digam-me vocês, que cá eu
sinto. Oh voz, quão distante meu filho cabe?
o meu filho, muito longe se acoita.
Gociante Patissa | L. | 30 Maio 2024 | www.angodebates.blogspot.com
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