excelências, até à próxima sexta-feira, estou incomunicável via telemóvel. O maldito se perdeu, e quem o achou desligou. Aguarda-se pela segunda via. Grato pela compreensão. Nestas horas é que um gajo se convence de ser dependente dessas maquinetas de comunicação. Um abraço
quarta-feira, 30 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
Crónica: Dai-nos, que é hora, lixívia para a língua dos nossos oradores
As poucas árvores relativamente mais próximas do buraco, duas ou três, davam guarida a uma considerável parte de gente, homens, mulheres e grávidas rendidos ao poder da sombra perante um sol banhado de calor e humidade. Havia mesmo uns que, ainda assim, levavam a mão à testa em jeito de pala. Mas, como é típico de actos fúnebres, há sempre aqueles mais directamente afectados, ou ao menos tolerantes ao clima, aqui incluso o leitor da biografia.
11h00 da manhã. Sábado. Cemitério da Catumbela. Na tábua, vítima de doença, a Roséria, prima-irmã de primos-irmãos meus da parte de pai. Uma doença que, de tão apressada, mais não precisou do que meia semana para retirá-la quieta, logo ela que vinha perseverando no comércio por conta própria. Teria partido para a China na próxima segunda-feira, se…
O elogio fúnebre não foi longo nem curto, teve o tempo, as pausas e ênfases suficientes. Também, verdade seja dita, andava a plateia espalhada pelas árvores e arbustos do campo santo, como já dito, em busca de sombra. Para não dar muitas voltas, diria que quase todo o mundo conhecia a mana Roséria, e pouco ou nada de extraordinário acrescentaria a narração às memórias do convívio com ela.
A aparente obviedade, entretanto, se quebra quando um homem alto, bem nutrido, cabelo em escovinha, camisa preta e gravata começou a falar, sem que conseguíssemos notar, de onde nos acoitávamos, se lhe fora concedida a palavra. Deu-se a identificar como obreiro da Igreja Universal do Reino de Deus, quer pelo sotaque mecânico abrasileirado, quer pela tendência do verbo. Os cochichos não demoraram, pois não foi vista no óbito a IURD, durante as duas noites que antecederam o enterro, para cânticos, entre outras coisas típicas nestas ocasiões.
E o orador, que suava o mesmo amoníaco de gente honesta, teimava em desumanizar a morte, atribuindo-lhe uma causalidade baseada na intriga. “Se calhar, entre nós há pessoas que sempre desejaram a morte da nossa irmã”, vomitou. Depois disse qualquer coisa como Deus dá descanso às suas criaturas invejadas cá na Terra. Já não é o criador da vida, e como tal da morte, mas um ser que só dá o bem (de preferência material). A morte, como quis fazer crer, não é natural mas uma consequência da maldade dos homens para com outros, o olho grande e etc. Ora, e aqui uma dúvida, se o mal já está identificado, e tendo em conta que o homem é insignificante perante Deus, por que não desafiar este último a erradicar a inveja?
Era mais fácil esperar por palavras de consolo e esperança (no que também não seria o primeiro nem o último) do que justificações e conjecturas que podem, em meios menos escolarizados, incitar rancores desnecessários. Não nos esqueçamos que o africano, Bantu para não arriscar tanto na generalização, tem uma dificuldade estrutural de aceitar a morte, pelo que recorre à mitologia para a explicar. Até porque, de tão complexas que são as relações humanas, não faltarão coincidências que poderiam ser mais ou menos relacionadas com a especulação do obreiro. Daí à justiça por mão própria não é longo o caminho.
Qualquer dia, na senda da Universal e Mundial, virá alguém ensinar que a fecundação nunca foi do sémen com o ovário mas apenas fruto do milagre. E de tão polissémica a bíblia, até eles alertam sobre o Mateus 24:24.
Para terminar, embora tenha parado de orar há já um bom tempo, volto a fazê-lo hoje: Senhor, dai-nos, que é hora, lixívia para a língua dos nossos oradores.
Gociante Patissa, 19 Março 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Noites de quinta-feira mais animadas com música ao vivo e entradas gratuitas em Benguela
Já vai na sua terceira edição a "quinta-feira ao vivo", uma alternativa para o lazer na cidade das "Acácias Rubras". A esplanada do restaurante e bar Tropical, defronte ao vulgarmente conhecido por "jardim milionário", é o palco entre 20h00-22h00. Essencialmente à base de trova, as sessões contam com atractivos transversais, como o humor, estando em perspectiva o ilusionismo.
"Queremos oferecer alternativa ao lazer de todos os que passem por Benguela. Às vezes faz falta um sítio mais com algo ao vivo, diferente das habituais discotecas", realçou o administrador da firma "Business to Business", Martinho Bangula (na foto ao lado da gerente, Djamila Coração), mentor do evento e parceiro do restaurante anfitrião. Quanto à reacção do público, disse: "como é bar, as pessoas sentam, comem e vão. Nossa satisfação é ver as pessoas a vibrarem com os artistas, não esperamos casa cheia, o que é impossível nesta ordem de ideias".
Alguns nomes que despontam no que à trova diz respeito por estas paragens identificam-se com o projecto, como são os casos de Yuri Mulaja, Lázaro (guitarrista e vocalista da Banda Fusão), Yano, Mindo e Miroslav. O Dj DMC é o mestre residente, contando também com a entrega do DJ Vany. No entender de Lázaro (na foto com o violão no colo), "para além do benefício cultural, outra vantagem é que o sítio não é limitado para o curioso que quiser observar", claro, aliado ao factor segurança.
Habituado a dar corpo aos sonhos, Bangula, ele também um escritor e amigo da noite, vive dividido entre o prazer e o desafio das contas a fazer, ou não se tratasse de iniciativa embrionária e suportada com custos próprios. "A nossa principal dificuldade é não termos patrocinadores para a produção, já que fica um pouco difícil arcar com os parcos fundos para não falharmos com os artistas", sublinhou.
Gociante Patissa
terça-feira, 8 de março de 2011
Estou mesmo aqui, só que mais romântico
Caros amigos e amigas, leitores ou leitoras daqui, venho para uma breve explicação: há pouco menos de uma semana que vim morar para um desses novos bairros onde os que podem vivem à base de geradores, a maioria é à base de velas mesmo. Bom, se luz de vela é romantismo, então... Um abraço com calor de mar na obra!