(Foto: extraída algures na Internet) Nada aparentava mais esta inoportuna polémica envolvendo Manuel José (MJ), enquanto treinador dos Palancas Negras - nome oficial da Selecção Angolana de Futebol - por duas questões ba stante óbvias.
A primeira, e deve estar acima de qualquer feitio ou palmarés, é a iminente entrega dos novos estádios construídos pelo Governo para o CAN e consequente marketing já que a competição mudou tardiamente de nome (Taça Africana das Nações, Angola, Orange 2010). A segunda questão prende-se com gestão da auto-imagem. Ora, ninguém em sã consciência ousaria condenar MJ por ter afastado dois atletas por estes não terem tido um comportamento digno durante os treinos/estágio. E pouco muda que os atletas em causa sejam os avançados Flávio Amado e Manucho Gonçalves (MG).
O que porém MJ não pode impor é que vejamos como doces as deselegâncias com que faz juízo de valores a outrem, como se de repente se anulasse tudo de construtivo que A ou B tenha feito. Tal é dizer que MJ não é o único falante de língua portuguesa com o direito de se sentir lesado e defender-se via imprensa de eventuais beliscos à sua imagem. E não serve de imunidade dizer que “eu não sou politicamente correcto”, pois a posição que ocupa eleva o peso das consequências do que diz. Certo analista desportivo luso criticou recentemente MJ por ter usado termos menos educados no Jornal dos Desportos contra o seu colega do Recreativo do Libolo, por este não ter cedido atletas à selecção nacional para um amistoso.
“Ao dizer que quem conta um conto aumenta sempre um ponto, Manucho chamou-me de mentiroso e eu não admito isso. A única verdade é a minha”, disse MJ, que confirmou estar ultrapassada a situação de Flávio por este já se ter retratado. Não estaremos de modo algum a influenciar o técnico por uma convocatória de Manucho, mas seria de bom-tom analisar o que se passou com o enfoque para o verdadeiro problema. E numa colectividade, os problemas são vistos na perspectiva de solução, dentro dos mecanismos disciplinares. É mesquinhez, sim, submeter o formato do pedido de desculpas à subjectividade do gosto do treinador.
E com todo o respeito que o MJ merece, pela idade, que quase sempre referencia, e pelo palmarés, a questão é já da alçada da FAF (Federação Angolana de Futebol). Em minha opinião, era mais do que tempo de a FAF chamar o jogador, para o puxão de orelha que se justificar, de modo a que a sua convocatória dependa apenas da boa condição atlética e não de um pedido de desculpas com laivos de humilhação imposto por um complexado chefe. E mais, ao contrário do que MJ propala, a responsabilidade pelos desaires/êxitos não é exclusiva do técnico, mas também da estrutura organizativa nacional (FAF). Não estará o MJ a pecar por vaidade, que tanto critica dos atletas? Não é já altura da coenrência e de fazer com que o brilho colectivo suplante o brilho individual?
Devo confessar que me alegro com os progressos que os Palancas Negras vêm demonstrando com MJ no comando. E embora eu não tenha grandes expectativas quanto aos resultados no CAN, acho que só ganhamos colocando de parte conflitos geracionais.
Devo confessar que me alegro com os progressos que os Palancas Negras vêm demonstrando com MJ no comando. E embora eu não tenha grandes expectativas quanto aos resultados no CAN, acho que só ganhamos colocando de parte conflitos geracionais.
Para terminar, gostaria de referir que Manucho pode não ter acertado pela forma ambígua como apresentou as suas desculpas públicas através da TPA ao telefone, mas errou mais ainda o seleccionador nacional, MJ, ao reagir de forma ainda muito mais incendiária. Pelo que sugiro uma fórmula milenar, aquela lembrada num dos discursos do presidente José E. dos Santos: “mais acções, poucas palavras”.
Gociante Patissa, Benguela 14 Novembro 2009
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Manuel José não aceita desculpas de Manucho Gonçalves
Sábado, 14 Novembro 2009 15:37
Luanda - O seleccionador nacional de futebol, Manuel José, mostrou-se hoje descontente com a forma como Manucho Gonçalves pediu desculpas a si e aos angolanos, por chegar atrasado na concentração dos Palancas Negras em vésperas do jogo com Malta e Camarões.
Falando à imprensa, no final do treino realizado no estádio dos Coqueiros, o técnico português disse não ter gostado da maneira como o atleta do Valladolid de Espanha se pronunciou, explicando que, apesar do pedido de desculpas, o mesmo continua a pensar que tem razão.
"Ele pensa que tem razão com relação ao passaporte e não é verdade, porque poderia passar a fronteira de carro ou a pé. Chamou-me de mentiroso. Manucho é um assunto encerrado", sublinhou, sem esclarecer se voltará a convocar o avançado.
Manucho e Flávio chegaram atrasados no estágio da selecção que preparava os encontros amistosos com Malta e Camarões. Na ocasião, Manuel José afastou os dois mas, ao contrário do ex-jogador do Manchester United, Flávio foi convocado para os desafios diante do Congo (14) e Ghana (18).
Fonte: Angop/Club-K
Olá Amigo Patissa!
Concordo plenamente contigo, embora a situação não seja nova, pois já cá ele era perito em "argoladas".
Um beijo e bom domingo!
Interessante este artigo.
A tua opinião é bastante
vertical. O MJ está confuso
com a "ovação" inicial na altura
da sua recepção. Deve estar a pensar
que é o único a pensar.
Deixa estar... já vamos ver até
onde ele vai e FAF também...
Bangula
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