[poema inédito] VISCOSO PREGÃO
O sol que cai no mar
porção Luanda marginal
da minha rua
Boa ou má
Planta silhuetas
Que até parecem mulheres
Tivessem nome e endereço
Na minha nua
Paisagem
Meninas, mulheres
Dadas a vender(se)
vendem tudo
Tudo tudinho
Por acaso
Não poupam palavra
Nem algodão
Quanto mais a commodity
Sinuosa
Cravado em si
Vez a outra só apanham
Nada de facto apanham
No revezar da toalhita
Se homem passa
Homem não é
É só cofre
Bebé! Amor! Não vai uma foca?
E homem que passa
Aumenta passo, aumenta susto
Meu bebé! Amor! Não vai uma?
E assim a noite cresce,
vidros fumados confidentes
Dos pneus que cantam
O negro alcatrão
A gula, o pânico
Sorte imunda
O látex azulado
Como as vestes do polícia busca-polo
Meu bebé! Amor! Não vai uma?
O amor da minha rua é assim,
Generoso chão
Viscoso pregão
Amor infinito
Porque bom mercar que é
a tudo se abre.
Gociante Patissa | L. 20 Setembro 2024 | www.angodebates.blogspot.com
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