Poema inédito | QUEM SENÃO O MILHO?
As alfaces vistosas que pitam a rua
São as faces que a rua mal pinta
Enquanto isso há que suar para suar
A geometria dos dias
As alfaces e as faces ou a ponte
Entre o menino e a dívida da rua
E quem faz a rua
Senão o ventre?
Quem faz o galo cantar?
Quem, senão o milho?
A preguiça da caneta
É fruto maduro
Na pauta
O vazio da cadeira
A exclusão na lareira
É frio no leite
A minha rua
A tua rua
São mulheres
São mulheres
com aplausos
em atraso
Um dia as mulheres pariram
os homens
Que pariram as ruas
E quem faz a rua
Senão o ventre?
Quem faz o galo cantar?
Quem, senão o milho?
Gociante Patissa | 08 Março 2022 | www.angodebates.blogspot.com
(Imagem de autor desconhecido)
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