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De vez em quando, o que para ser franco até ocorre com frequência ultimamente, sua excelência eu fica a matutar sobre a evolução semântica de certas palavras no dia-a-dia mwangolê, cuja velocidade é de preocupar porque se afigura cada vez mais difícil de alcançar.
A título de exemplo, IGNORÂNCIA passou a ser uma virtude, refere-se à condição de quem (é ou) está usando a capacidade de resistir a provocações ou pressão mediante o silêncio ou inacção. Trazido ao nosso contexto, há que destacar que se ainda há algum êxito no nosso sistema de ensino-aprendizagem, então o mérito vai para a classe docente, que é formada globalmente por grandes ignorantes... pois os alunos hoje em dia não provocam pouco. Neste caso, professor sai-se duplamente ignorante se olharmos também para as condições de trabalho nem sempre favoráveis ao exercício da profissão.
Não será de admirar que nos próximos tempos, mesmo já que é para poupar espaço, a descrição de perfil em concursos de vaga em qualquer sector seja resumida a... "procura-se ignorante para admissão imediata". Vai daí o conselho: sempre que tiver de elaborar o seu curriculum vitae para dar aulas, uma vez conhecido já o fenómeno social da tendência cada vez maior dos alunos à indisciplina, não se esqueça de destacar a sua maior virtude: IGNORANTE! Até pode mesmo acrescentar que o candidato é "ignorante de pai e mãe".
E há mais. Por favor que ninguém me trate por "amigo!"; amigo é o comerciante desconhecido, concretamente o chinês ou o vietnamita da casa das fotocópias ou da "repação" de motorizadas. E sua excelência eu, sendo que não tem jeito para negócios, desgraçado talhado a subordinado, então também dispensa fama sem proveito. Ah, mas para depois não surgirem acusações de fundamentalismo, abre-se uma excepção. Quando assim ocorrer, falo de me chamar "amigo!", tenha a certeza de que estou pagando serviços no seu próprio estabelecimento. Senão, hum!...
Vou terminar com uma nota triste. Na adolescência aprendi noções básicas de tocar viola, andei no coral infantil, mas depois não houve talento para dar vida à semente. Porque se assim não fosse, hoje eu pegava nessas letras, inventaria uma melodia e COMPOSITAVA uma bela canção. É isso, esse profissional de arte que não ganhava fama nenhuma enquanto "compunha", agora já tem mais visibilidade porque passou a compositar. É como digo, depois do cuduro, nunca mais o sector da música será o mesmo. Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa. Lobito, 14 Maio 2017
www.angodebates.blogspot.com
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