Este destaque foi feito no último número da revista bilingue “Latitudes. Cahiers Lusophones”, publicação editada na capital francesa. O relevo sobre a Dupla Soberana foi efectuado graças a uma notável resenha do prolífico historiador angolano, Simao Souindoula, da obra “Njinga, Reine d’ Angola. La relation d’ Antonio Cavazzi de Montecuccolo (1687) e a reprodução, na contra-capa, do magnifico pseudo-retrato da “Queen Warrior”, realizada, em 1830, pelo desenhador do Hexágono, Achille Deveria.
A fim de chamar a atenção dos leitores sobre a recensão da preciosa relação do capuchinho italiano e a outras contribuições, o editor da revista mencionou, na capa da revista, nomes do especialista angolano ao lado de estudiosos do mundo lusófono tais como o português Pires Laranjeira ou o moçambicano Mia Couto.
Nesta resenha, redigida em francês, o perito angolano da UNESCO põe em relevo a principal característica da crónica de Fra Giovanni, publicada, recentemente em Paris, numa versão tirada, ad litteram, do manuscrito original do confessor da “Ngola” do Ndongo (1623) e da Matamba (1630), “hand written” perdido, durante quase três séculos, e que foi reencontrado, anos atrás, na cidade italiana de Modene, na biblioteca da família Araldi.
Simao Souindoula indica as principais articulações do “manoscritti” traduzido e comentado por Xavier de Castro e Alix du Cheyron d’Abzac, os importantes documentos históricos bem elucidativos, anexados, tais como a famosa carta da “Regina Ginga” endereçada ao Governador da Colónia de Angola, Dom Luís Martins de Sousa Chicorro, as iconografias reproduzidas, os mapas inseridos, o quadro cronológico da evolução dos acontecimentos na região e as esclarecedoras notas dos editores.
O memorialista aponta as causas das reservas emitidas, as supressões decididas e o atraso registado na publicação da relação de Cavazzi, no século XVII, pela Propaganda Fide.
Ele traça um perfil intelectual e psicológico do padre italiano, que a inteligente Kiluanje de Matamba utilizou na sua luta psicológica contra a cancerosa Colónia de Angola.
Enfim, Souindoula aponta o contributo da publicação da Relação, não amputada, do capuchinho que permite de apreciar com mais dados, a personalidade da Nzinga van Matamba.
PRESTIGIO
De notar que a Franca, grande pais de letras e artes, ilustrou-se, logo após a morte da Regina em 1663, na promoção desta extraordinária figura da historia de África.
Com efeito, foi em Paris, que saiu, logo em 1770, o romance, o primeiro evocando uma personagem de África subsaariana da literatura ocidental, “Zingha, Reine d’Angola…” de Jean Louis Castilhon, que foi seguido do aproveitamento da invulgar historia da Kiluanje pelo Marquis de Sade (1740-1814), e no século XX, pela Duquesa de Abrantes “Zingha, Reine de Matamba et d’Angola” inserida na obra “Mulheres celebres de todos países” e pelo Castro Soromenho, nas edições Presence Africaine , “ Portrait : Jinga, Reine de Ngola et de Matamba”.
E, o historiador da Guine Conakry, Ibrahima Baba Kake, publicara, nas edições ABC, a encantadora “Anne Zingha, Reine d’ Angola”.
Foi, igualmente, na capital francesa, que Achille Deveria (1800- 1857) deu, definitivamente, um rosto a sedutora filha de Kengela –ka-Nkombe.
De salientar que sensível a este património literário, científico e artístico, o Governo francês apoiou, substancialmente, varias acções do Centro Internacional das Civilizações Bantu - onde Simao Souindoula ocupou, durante longos anos o posto de Director das Produções Culturais - a volta da “Queen saved her people”: Jornadas Culturais em Luanda, Colóquio Internacional em Paris, organização de palestras no Centro Cultural St. Exupery de Libreville, na Universidade Abdou Moumouni, em Niamey, no Níger, impressão em Douala, nos Camarões, de um pano com a efígie da Dona da Santa Maria de Matamba, etc.
Interrogado sobre a importância da iniciativa da revista Latitudes, o historiador angolano declarou que esta acção confirma o prestígio que Ana de Sousa capitalizou graças a sua longa resistência, de quase meio - século, contra a inaceitável deportação esclavagista e a ilegítima ocupação colonial, através o continente africano, a Europa ocidental e o mundo atlântico.
A este respeito, aquele perito da UNESCO reafirmou as suas declarações feitas em Marco do ano passado, durante os trabalhos do Colóquio Internacional de Roma, sobre a necessidade de considerar a Rainha de Santa de Matamba, como um património intangível da humanidade.
Por: Johnny Kapela, International Networking Bantulink - C.P. 2313, Luanda-(Angola)
Tel.: + 244 929 79 32 77
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