Passando pelo Club-K, vi a notícia que dá conta do desemprego de Armando Tchicoca, correspondente da Rádio Ecclesia (da Igreja Católica) na província do Namibe. Não me debruçarei obviamente sobre as causas, para não fazer o papel de juiz. Para quem não o sabe ainda, e como referiu em plena avaliação oral um estudante finalista do Curso de Direito de certa Universidade, “o papel do juiz é condenar!”… Ora, se ele que é finalista de Direito o diz, quem serei eu, que só entendo de jornalismo e de linguistica, para desmentir?!
Se, em 2004, a Rádio Ecclesia abrisse, na província de Benguela, seria assegurada por quatro redactores-repórteres-noticiaristas, o Lázaro, a Úrsula, a Clementina e eu. Foi nesssa altura que conhecemos o nome Armando Tchicoca, a quem tinhamos por correspondente mais produtivo. É que era obra (só dele) conseguir em média três matérias para um noticiário - quem acompanha a dificuldade de jornalistas dos órgãos privados, sabe do que digo.
Fazia parte dos nossos “treinos” acompanhar em directo, às 12h25 o noticiário da Rádio Ecclesia, que nos chegava com um audio impecável acionando uma pista da consola do estúdio. E, naquela fase de expectativa, como que atletas aguardando o arranque do campeonato, era “doce” o noticiário na voz de João Pinto, o das “notícias, uma a uma” (hoje na Televisão estatal), quando chegasse o momento de chamar o “repórter de confiança” a partir das terras da Welwitchia Mirabilis, Armando Tchicoca.
Até seria legítimo intrigar-nos o destaque que o homem merecia, logo ele que não tem a “dicção padrão”, que tanto nos exigiam. Mas Tchicoca tem carisma. Tem também (ou tinha, que nunca mais o ouvi) um condão de investigação, o tal “bicho da polémica”. Atenção, já o disse, não sou juiz… e ainda bem… meu papel não é… condenar.
Quando voltei ao Namibe, em Abril de 2005, integrando a delegação de jovens benguelenses no FestiNamibe, tive o cuidado de conhecer o talentoso Zé Eduardo (hoje na Rádio Mais-Huambo). Já agora, ó Zé, que brincadeira foi aquela, a de me “queimares”, dando-me microfone para improviso de três minutos de rádio em directo num salão??? Tiveste foi muita sorte, porque se meu “sistema nervoso” se activa, amontoava gaffes, e tu ficavas mal.
Nesta mesma ocasião conheci Armando Tchicoca, nas vestes de jornalista da Rádio Namibe (estatal). Recordo que algumas pessoas abandonavam o recinto, quando Tchicoca se aproximasse. Recordo também um momento de brincadeira entre o jornalista e o então Director Provincial dos Desportos, no parque de Campismo, à Maginal, em que a dada altura Tchicoca dizia: “a imprensa tanto te levanta, como te faz cair”. Acho que tal não foi tido como ameaça, ou não se envolveriam ambos em gargalhadas.
Um amigo, que “morre” de paixão pelo jornalismo desportivo, que integrava a delegação de benguelenses, viria confidenciar-me que Armando Tchicoca também já fora juiz… de futebol. Não sei se também vivia de condenar ou não…
Já a terminar, permitam-me esclarecer o seguinte: Armando Tchicoca não é meu ídolo, aliás, ninguém o é na esfera do jornalismo. Aprendo com um pouco de cada um. Agora, por exemplo, espero aprender com ele como sobreviver quando “o pão cai no gasóleo”.
Gociante Patissa
Benguela, 17 de Dezembro 2009
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Olá
Gostei do teu Blog. é sempre muito aliciante lermos crónicas e ou noticas escritas com a mão direita. Ou seja bem escritas.
Mas.....
Um juíz está preparado para condenar é muito forte!
É meu entendimento, que um Juíz está preparado para ver de que lado está a razão, a partir daí tem o poder de fazer cumprir a Lei. Nada mais que isso.
É evidente que num julgamento existe o culpado e o inocente. Logo o culpado estrepolou a lei e o inocente cumpriu.
Um forte abraço
Que o espirito natalicio esteja no seio de todos os Angolanos.
Obrigado
São
Sem dúvidas. Sempre igual a si mesmo!
Uma augustal crónica.É rica. Só não consegui apanhar o "fio". Qual era mesmo?(desculpa a minha ignorância)
Bangula
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