Sexta-feira, quinto dia de Junho em 2009. Manhã algo fria nas ruas de Benguela, cidade em metamorfose para acolher o campeonato africano das nações (CAN) em 2010.
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Primeiro dia de bumbas outorgado pelo fim de mais um ciclo de férias. Trinta e cinco dias longe da maresia e do caos, contraste que só mesmo o ambiente do aeroporto consegue impor.
São sete horas e tal. Como sempre, pauso na esplanada do Café da Cidade, à espera do habitual. Um galão e bolo trança. Vadios, os olhos cansam o pescoço de tanto andarem às voltas. Os ouvidos captam a conversa, digamos desabafos periféricos, do dia: cidadãos que condenam a nova sinalização rodoviária, que, qual robot, impede circulação em sentidos tradicionais. “Como é que quem vem da rua da Sé Catedral já não pode virar à esquerda no cruzamento do largo 1º de Maio?”
Barba feita, uniforme em dia. Um mês de férias é sempre pouco, ne?! (só deu para visitar Huambo e Huila). O tempo traiu, mas pronto (pronto mesmo!), que mais se pode fazer?! Por ano há mais, vão ver só!... Até lá continuo com o mesmo sobrenome, a mesma certeza que a cabeça é fadada para a arte, pensar e criar (jornalismo e literatura inclusive); já quanto à barriga, esta, mostra-se talhada a ser mais flexível, a dar o que der pelo dono e outras bocas mais.
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A moça do galão surge, e o efeito de Pavlov é automático – é hora dos maxilares! Engano meu, que ela não trazia só a comida, trazia também uma rajada de perguntas. “O vosso avião hoje é às 16h, né?!”, ao que sorrio antes de da resposta: “Fiquei trinta e cinco dias em casa de férias, só vou começar hoje”. Qual quê?! A outra enfia-me outra questão: “e o da companhia X, e da companhia Y, também é de tarde?”. Eis que repito a mesma frase: “fiquei trinta e cinco dias de férias, só começo hoje”. Ao que ela acrescenta: “Comprei bilhete da companhia Z”, mas perdi o voo. Não sabes se o voo deles também é às 16h?”. E outra vez eu com a mesma estéril frase. Como quem diz, aié pensas que te livras, ne?!, ela prossegue: “eu só queria…”. Até que educadamente saí em defesa do meu mata-bicho, que corria o risco de arrefecer: “amiga, na aviação as coisas mudam rápido, e não estou em condições de explicar nada com segurança, trinta dias ausente é muito”.
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Primeiro dia de bumbas outorgado pelo fim de mais um ciclo de férias. Trinta e cinco dias longe da maresia e do caos, contraste que só mesmo o ambiente do aeroporto consegue impor.
São sete horas e tal. Como sempre, pauso na esplanada do Café da Cidade, à espera do habitual. Um galão e bolo trança. Vadios, os olhos cansam o pescoço de tanto andarem às voltas. Os ouvidos captam a conversa, digamos desabafos periféricos, do dia: cidadãos que condenam a nova sinalização rodoviária, que, qual robot, impede circulação em sentidos tradicionais. “Como é que quem vem da rua da Sé Catedral já não pode virar à esquerda no cruzamento do largo 1º de Maio?”
Barba feita, uniforme em dia. Um mês de férias é sempre pouco, ne?! (só deu para visitar Huambo e Huila). O tempo traiu, mas pronto (pronto mesmo!), que mais se pode fazer?! Por ano há mais, vão ver só!... Até lá continuo com o mesmo sobrenome, a mesma certeza que a cabeça é fadada para a arte, pensar e criar (jornalismo e literatura inclusive); já quanto à barriga, esta, mostra-se talhada a ser mais flexível, a dar o que der pelo dono e outras bocas mais.
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A moça do galão surge, e o efeito de Pavlov é automático – é hora dos maxilares! Engano meu, que ela não trazia só a comida, trazia também uma rajada de perguntas. “O vosso avião hoje é às 16h, né?!”, ao que sorrio antes de da resposta: “Fiquei trinta e cinco dias em casa de férias, só vou começar hoje”. Qual quê?! A outra enfia-me outra questão: “e o da companhia X, e da companhia Y, também é de tarde?”. Eis que repito a mesma frase: “fiquei trinta e cinco dias de férias, só começo hoje”. Ao que ela acrescenta: “Comprei bilhete da companhia Z”, mas perdi o voo. Não sabes se o voo deles também é às 16h?”. E outra vez eu com a mesma estéril frase. Como quem diz, aié pensas que te livras, ne?!, ela prossegue: “eu só queria…”. Até que educadamente saí em defesa do meu mata-bicho, que corria o risco de arrefecer: “amiga, na aviação as coisas mudam rápido, e não estou em condições de explicar nada com segurança, trinta dias ausente é muito”.
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Pouco antes de ter o troco de volta, chegava o colega, de cuja viatura pessoal às vezes abusamos para poupar o subsídio de transporte.
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No caminho, era aturar-me com aquelas perguntas bué tolas, de quem quer devorar as novidades, como se um mês de férias fosse embarcar para outra galáxia. Finalmente despertava da ilusão, a de não ter sido honesto com a rapariga do Café. Afinal, na aviação as coisas não mudam tão rápido assim (literalmente).
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Bom, manda a natureza que tudo tenha um fim (e é essa a bengala em que me apoio quando faltam forças para vomitar perante a falta de escrúpulos dos homens e do cacimbo que aborta o sol dos ideais). “Não importa quão longa seja a noite, pois a manhã acaba sempre por chegar”, já dizia o outro.
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Gociante Patissa, aeroporto da Catumbela
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Dá nisso quando a nossa entrega e gosto pelo trabalho é visto na perspectiva de bombeiro (pau para tudo que é obra)...
Tal canta o Yanick ... "É preciso mudar a mentalidade"...
Um abraço
Canhanga
É assim mesmo. Acredite se quiser mau caro. Nessas bandas estamos sempre na bumba.
E para ti, que usas uniforme deve ser mais chato.
Aguenta, comigo é o mesmo. Até me liga de noite, para saber se a pauta de A ou B já tinha sidopublicada! Juro! É verdade. Então outro dia estava a tentar satisfazer uma certa necessidade biológica quando uma aluna de lá ligou a quer saber do prazo da propina.
Bolas, eu não tenho um placar na casa de banho.
Bangula
(Poeta sexorcista)
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