Carrego a estiagem
Na ponta do dedo
Húmidos dedos regados
Salgado fluído do olhar
Feito guardanapo insubmisso
Carrego a estiagem
No punho cerrado
Que me alivia o peso da cabeça
Só somar troncos e frondes serrados
Enterrar bolsas de sombra
Tremer-nos o osso cada meia centena dos nossos
"Nda tukunamenla vali pi?"
Resulta que desse punho encharcado
Salgado fluído do olhar
Não flori
Um poema que seja
Desse ao menos um’estrofe
Algo que desce e destoa cifras
D'esperança micro-universo
Vida cá da gente
É semana cósmica abreviada
Na quarta a velha Flora seca
"Ame ame ciyunge"
Na sexta é o fogo que se afoga
"Sekulu Ndalu watusya vali"
De que nos vale Dia do Idoso
Oh fôlego taxado a meio século?
Gociante Patissa | Luanda 30 Abril 2022 | www.angodebates.blogspot.com
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