Duas estradas paralelas, uma de entrada e outra de saída, separadas por um canteiro que só não é mais vistoso por lhe faltar relva, bipolarizam o centro da Vila do Balombo, que acolhe e/ou assiste quem vem do litoral em direcção ao centro e sul de Angola (ou vice-versa).
Tarde de sexta-feira. No ar a sensação de dever cumprido, o primeiro dia de capacitação das comissões de pais e encarregados de educação de três escolas correu pontual e lindamente. Embora cientes de que a nossa presença na vila não passava despercebida, serpenteávamos turisticamente a bordo do Land-Cruiser. Melhor ainda sabia a descoberta sem qualquer interferência, como seria o caso de sermos abordados por um pedinte, a quem nada teríamos para dar (mas disso falo daqui a pouco, ya?).
No grupo, eu era o único que tomava contacto com o Balombo pela primeira vez, por sinal o que me restava dos nove municípios que compõem a província de Benguela. Era incontornável a ansiedade: que mais me pode oferecer esta vila, para além da nascente do “Kutokota”, conhecida oficialmente (diria até erradamente) por “Kotakota”? Não via a hora de apalpar com as próprias mãos as águas que há bué impressionam o mundo pelo fenómeno de saírem literalmente quentes da nascente.
A questão era esperar! No entanto, pelo já visto, a impressão da viagem era positiva. É verdade que teria sido mais “orgásmica” se as aldeolas ao longo da via tivessem uma espécie de placas/legendas. Outra coisa, achei preocupante que no Balombo não se tenha acesso à emissão radiofónica (aparentemente devido à inoperância dos repetidores da Rádio Nacional), ao contrário da televisão.
Voltemos às vantagens da paz. Lá vão os tempos em que as ONG’s eram um verdadeiro “poder”, por altura da emergência, quando um Land-Cruiser com a chapa de matrícula verde (ou vermelha) instigava no anfitrião o sonho de amealhar uma bem-aventurada dotação: comida, roupa ou uns dólares. Hoje, felizmente, o contexto é de desenvolvimento, ênfase para o combate à dependência de forças externas através de projectos e programas que visem potenciar os agentes locais.
Pouco depois das 16 horas. Estávamos (at last) às portas do Kutokota!!! Para a minha surpresa, o ímpeto da criatividade fotográfica era substituído pela auto-censura. Havia homens (muitos) e crianças a banharem completamente nus. E lá me levava o lado paternalista a advertir os colegas para terem cuidado ao fotografarem (por conta da ética).
Meia hora depois, estaciona um Jimmy, de um cidadão (seria estrangeiro?) que trazia a esposa, filhos mais uma mocinha à prodigiosa fonte. Eis que rebentava um alvoroço, com insultos de parte a parte.
Tarde de sexta-feira. No ar a sensação de dever cumprido, o primeiro dia de capacitação das comissões de pais e encarregados de educação de três escolas correu pontual e lindamente. Embora cientes de que a nossa presença na vila não passava despercebida, serpenteávamos turisticamente a bordo do Land-Cruiser. Melhor ainda sabia a descoberta sem qualquer interferência, como seria o caso de sermos abordados por um pedinte, a quem nada teríamos para dar (mas disso falo daqui a pouco, ya?).
No grupo, eu era o único que tomava contacto com o Balombo pela primeira vez, por sinal o que me restava dos nove municípios que compõem a província de Benguela. Era incontornável a ansiedade: que mais me pode oferecer esta vila, para além da nascente do “Kutokota”, conhecida oficialmente (diria até erradamente) por “Kotakota”? Não via a hora de apalpar com as próprias mãos as águas que há bué impressionam o mundo pelo fenómeno de saírem literalmente quentes da nascente.
A questão era esperar! No entanto, pelo já visto, a impressão da viagem era positiva. É verdade que teria sido mais “orgásmica” se as aldeolas ao longo da via tivessem uma espécie de placas/legendas. Outra coisa, achei preocupante que no Balombo não se tenha acesso à emissão radiofónica (aparentemente devido à inoperância dos repetidores da Rádio Nacional), ao contrário da televisão.
Voltemos às vantagens da paz. Lá vão os tempos em que as ONG’s eram um verdadeiro “poder”, por altura da emergência, quando um Land-Cruiser com a chapa de matrícula verde (ou vermelha) instigava no anfitrião o sonho de amealhar uma bem-aventurada dotação: comida, roupa ou uns dólares. Hoje, felizmente, o contexto é de desenvolvimento, ênfase para o combate à dependência de forças externas através de projectos e programas que visem potenciar os agentes locais.
Pouco depois das 16 horas. Estávamos (at last) às portas do Kutokota!!! Para a minha surpresa, o ímpeto da criatividade fotográfica era substituído pela auto-censura. Havia homens (muitos) e crianças a banharem completamente nus. E lá me levava o lado paternalista a advertir os colegas para terem cuidado ao fotografarem (por conta da ética).
Meia hora depois, estaciona um Jimmy, de um cidadão (seria estrangeiro?) que trazia a esposa, filhos mais uma mocinha à prodigiosa fonte. Eis que rebentava um alvoroço, com insultos de parte a parte.
– O lugar das mulheres é lá em baixo! Você é mulher de onde, que não respeita os que estão nus?
– Quem vos manda banhar nus aqui? – refila a cidadã, que trazia uma criancinha nos braços.
– Aqui é lugar dos homens, as mulheres é lá em baixo! – vociferavam os “ofendidos”, apontando o dedo para o distante lado norte do rio, onde certamente a água já não chegava quente.
– Mas quem definiu que aqui é lugar dos homens, se isso é um local público? – insistia a “intrusa”, confiante na justiça do seu argumento, sem contudo recuar a marcha em direcção ao monumento, enquanto que o marido aparentemente não intervinha na contenda.
– Os donos do Balombo é que definiram assim!!!
– Pois então definiram mal! – desafiava.
Amanhã enfrentaremos outra vez cerca de 200 quilómetros de estrada rumo a Benguela (haja nádegas!), mas foi proveitosa vinda ao Balombo. Muito obrigado à AJS pelo convite.
Gociante Patissa, Balombo, 18 Setembro de 2009
– Aqui é lugar dos homens, as mulheres é lá em baixo! – vociferavam os “ofendidos”, apontando o dedo para o distante lado norte do rio, onde certamente a água já não chegava quente.
– Mas quem definiu que aqui é lugar dos homens, se isso é um local público? – insistia a “intrusa”, confiante na justiça do seu argumento, sem contudo recuar a marcha em direcção ao monumento, enquanto que o marido aparentemente não intervinha na contenda.
– Os donos do Balombo é que definiram assim!!!
– Pois então definiram mal! – desafiava.
Amanhã enfrentaremos outra vez cerca de 200 quilómetros de estrada rumo a Benguela (haja nádegas!), mas foi proveitosa vinda ao Balombo. Muito obrigado à AJS pelo convite.
Gociante Patissa, Balombo, 18 Setembro de 2009
13 Deixe o seu comentário:
Patissa,
Espero que estejas bem!
Só não gostei de não ter sido convidada para essa viagem, sabendo tu da minha paixão por África!
SEM PERDÃO :)!
Mesmo assim, um beijo.
Patissa
se fores mais para norte,na provincia do Kuanza-Sul numa localidade chamada Konda também tens uma piscina de Agua quente,onde cheguei a tomar banho nos idos de 70.
À amiga Alma inquieta, mea culpa. Tentarei dar um golpe de vista rápido no teu blog à procura de endereço, quem sabe atenue eviar-te algumas fotos!
Ao Mafegos, cujos blogues garimpei muito recentemente, agradeço o amparo e, fica aqui a promessa, hei-de visitar a Konda na primeira oportunidade q houver.
Abraços!
epa! quantas saudades! trabalhei muitos anos ali. quando estiver ali te irei procurar.
valeu
Olá Patissa,
não prometas nada que não possas cumprir..., porque eu cobro!
Espero que estejas bem, de verdade!
Um beijo!
Olá Patissa,
espero a tua visita e o teu comentáro à minha carta!
Espero que estejas bem!
Um beijo.
Nem mais, ainda há dias falávamos da precoce separação entre os sexos :)
Olá Patissa
Por acaso dei com o teu "canto" no blog da Lili. Eu sou Zambeziana De Moçambique! Quando quiseres, passa pela minha palhota.Um beijo Graça
Olá Patissa,
passei só para te deixar um beijo amigo e dizer que gostei muito das fotos....!
Obrigada!
Beijos.
Obrigado pelo carinho, amiga Alma Inquieta. Na verdade o meu computador anda em estado de coma há quase 2 semanas e o técnico é um pessoa super ocupada e nunca mais consegue tocar nele. Vou fazendo um esforço, mas está difícil publicar posts com mais regularidade quando a pessoa vive pedindo computador emprestado...
Fico contente por gostares das fotos. Outro beijo daqui!
Gosto destas narrativas que me fazem lembrar a minha terra e aprecio os teus "á partes). Vou ficar aqui pelo calorzinho...Um beijo Graça
Oi, amiga Graça Pereira, uma vez mais obrigado pelo amparo.
Abraços!
Com tanta coisa a acontecer no país e no Mundo vcs não têm vergonha de criar blogs para isso. Falem de algo que valha a pena. Estamos cansados...
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