quinta-feira, 31 de maio de 2018

Ex-presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, pode ser detido

O antigo Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, poderá ser detido se no novo prazo de 15 dias não se apresentar à comissão parlamentar de indústria extractiva, que investiga o seu envolvimento num caso de corrupção no sector de diamantes.
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Em linhas tortas (51)

Se se refere ao tempo passado, use "HÁ" (este mesmo, do verbo haver) e não simplesmente o "A" (aquele do artigo definido e não só). Ex: "As greves começaram há uma semana"; ou "há quase um ano, a porta-voz da CNE bebia muita água em serviço (sem perder a pose da jurisprudência, diga-se. Cada gole, um flash)". Para futuro use "A" (querendo dizer dentro de X tempo). Ex: "Daqui a seis meses volto a chupar cerveja (só se for você; eu, não!)"; ou "daqui a duas semanas inicia o ópio chamado mundial de futebol". Embora o "H" seja mudo, quer dizer não aspirado/soado, deve lá estar. Portanto, se eu disser que "Escrevi isso a três minutos", a frase está errada. O correcto é, por se tratar de tempo passado, "escrevi isto há três minutos". Imagino que daqui a poucos minutos, alguém irá clicar "gosto" no mambo, né?Ainda era só isso. Obrigado | www.angodebates.blogspot.com
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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Em linhas tortas (50)


Sua Excelência Eu aproveitou metade do dia de hoje para levar o carro a uma estação de serviço no coração de Benguela, naquilo que foi a primeira lavagem desde que se fechou o ciclo das chuvas de 2018. Lá posto, ainda tive a oportunidade de testemunhar o show de dois jovens (24 anos mais ou menos) entrarem em socos da cara e de onde mais lhes apetecesse, constando do cardápio quedas aparatosas e tudo no duro chão, em pleno serviço. Motivo, um, o ligeiramente mais velhito, fez chacota ao colega mas não tolerou que lhe fosse devolvida pelo seu mais novo, que por sua vez não admitia a bofetada, até porque já passou dos 22 anos. Enfim, diríamos que foi assim uma porrada de motivação etária. A sessão deverá ter durado uns três minutos, findos os quais os contendores distribuíram equitativamente o resultado, ou seja, ninguém ganhou e ninguém perdeu. No final das contas, com este inovador atractivo, tendo em conta o binómio preço-qualidade, achei o preço (2000 kz) barato. Porque algo tão original numa sala convencional de cinema ainda incluiria o preço da pipoca e das lentes 3D. De sorte que, já parafraseando uma sátira que li hoje nas redes sociais, o pugilato sem guião em pleno local de serviço é realmente "uma prova de que nem tudo está perdido, ainda há muito mais a perder". Não sendo este detalhe tudo, chamou-me atenção pela negativa o facto de o sistema de drenagem não funcionar, o que leva o pessoal de serviço a se desfazer da água residual, já a feder, usando baldes, num cenário pouco higiénico e como tal apelativo à penalização pelos fiscais da sanidade urbana. Se por lá passassem esta tarde, teriam muito provavelmente o maior flagrante do ano. Ainda era só isso. Obrigado | www.angodebates.blogspot.com
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terça-feira, 29 de maio de 2018

Just a question

É de intrigar o bom-senso em certa medida ver o compatriota David Mendes em tantos papéis de uma só vez. Sendo ele deputado da Unita, é ético ser constituído advogado pelos cinco partidos integrantes da CASA-CE no processo contra o líder da coligação, até mesmo tendo em conta o histórico de ser o acusado dissidente do partido cuja camisola o advogado veste? (Aventa-se a hipótese de estar em causa um desvio de 15 milhões de USD, até ao momento não confirmado de fonte oficial.) Bem, enquanto se aguarda pelos vossos fundamentos e sofismas, ainda era só isso. Obrigado 
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Está duro no Quénia | É preciso licença para divulgar vídeos nas redes sociais

Seja no Facebook, Instagram, Twitter ou YouTube: no Quénia, quem quiser publicar vídeos nas redes sociais terá de pagar dezenas de dólares em licenças. Vloggers falam em violação da liberdade de expressão.

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Poemário GUARDANAPO DE PAPEL (lançado em 2014 e desaparecido em Portugal) é lido pela editora Gloria de Sousa

Chegou, já há algum tempo, à minha caixa de correio. Leio-o, releio-o, em brechas que consigo abrir, na azáfama dos meus dias.
O livro saiu no mercado português
pela editora NósSomos,que por falta
de apoio teve de fechar as portas.
A editora é propriedade de uma
incontornável figura da literatura
angolana, em particular, e do espaço de
língua portuguesa, de modo geral

Deixo-vos com um dos meus poemas preferidos, deste "Guardanapo de Papel" de Gociante Patissa.


AMBIVALÊNCIAS

Dois caminhos levam ao moinho
o direito passa longe.

Margem do rio.
Na pressa pro moinho

calcei as alparcatas vigentes

leigo à simbologia do solo.
Acabei por cair
sobre os espinhos do rio.
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Há dez anos Gociante Patissa estreava-se com o poemário "Consulado do Vazio" | DE PORTUGAL CHEGA TESTEMUNHO DO ESCRITOR TOMÁS GAVINO LIMA COELHO

Em 2008 "descobri" um novo talento angolano pela mão de uma amiga comum que me trouxe de Angola um livrinho chamado "Consulado do Vazio". Vi logo que ali havia futuro e, se bem me lembro, troquei uns mails com o Gociante Patissa, incentivando-o. Aqui deixo um dos poemas de que mais gostei, um suspiro de alívio, porque a paz chegara a um povo destroçado pela guerra onde "as covas não mais serão notícia"...
(Tomás Coelho)
Canos soltaram gargalhadas


E no rosto desse sonho sem fim

que já passou da idade de ir à escola
pintam-se telas de alegres destinos
traçados com vontade e certezas cantadas
os gatilhos não mais cumprirão os dedos
o automatismo que os envaidece adormecerá
blindados sentar-se-ão no chão
esquecidos
enferrujados
as covas não mais serão notícia.
(Gociante Patissa)

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Nota: na capa, reprodução de obra do pintor angolano Délio Batista.
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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Em linhas tortas (48)

Tive hoje a oportunidade de fazer dupla, a primeira que espero de muitas, com o meu querido sobrinho Francisco Cataca, Juli, o jovem que empreende com a marca Cataca Fotos. Fomos fotógrafos secundários e voluntários do casamento de um primo meu, cujo pai é das pessoas mais presentes e prestativas na minha família paterna, pelo que toda a retribuição é pouca. Olho para o Juli como promissor herdeiro, pois faz parte de uma geração que tem maiores oportunidades de singrar no ofício da fotografia (conhecimentos, tecnologia, maior margem de manobra para criar), pelo que não me arrependo de há três anos ter colocado em suas mãos a primeira máquina DSLR da minha vida (Nikon D3100) para que desse seguimento ao "chamado" da arte. De lá para cá, o rapaz tem crescido por conta própria, o que só pode deixar babado o seu tio Sua Excelência Eu, que se lançou ao mercado do emprego (aos 14 anos) como aprendiz de fotógrafo ao tempo do preto e branco. Mas o bicho vinha já de longe. Enquanto Comissário Comunal (administrador) da Equimina, o meu pai, Victor Manuel Patissa, tentou em meados da década de 1980 no negócio, incentivado pelo seu irmão menor, Valeriano Manuel, que lançara os primeiros passos bem no início dos anos 70. Não resultou. Andei eu nos retratos ambulantes entre 1996-1999. Pronto, ainda era só isso. Obrigado.www.angodebates.blogspot.com
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Humor

Um tipo entrou numa drogaria para comprar veneno para ratos.
- Tem veneno para ratos?
- Sim, vai levar? - perguntou-lhe o empregado.
- Não! Vou trazer os ratos para comerem aqui. 
(sem identificação de autor)
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Áudio | Colóquio sobre ESTUDOS DE AUDIÊNCIA na Rádio Benguela com Gociante Patissa 24.05.2018

Na condição de académico e amigo de pesquisas, Gociante Patissa (só para que conste, jornalista de alma e comunicador incorrigível) foi no dia 24 de Maio de 2018 o interlocutor do COLÓQUIO SOBRE ESTUDOS DE AUDIÊNCIA. Foi uma co-produção da Rádio Benguela e do Etimba-Fest, ainda no quadro dos festejos dos 401 anos da cidade de Benguela. Com 44 minutos de áudio, a sessão em directo foi moderada nos estúdios da RNA pelo jornalista Gilceu de Almeida. Como era já perto da hora do almoço (10h30-11h40), o orador achou por bem ir petiscando alguns “s” que originalmente fariam plural de algumas palavras. Ainda era só isso. Obrigado. Serviços de apoio a Sua Excelência Eu. Benguela, 24 de Maio de 2018 | www.angodebates.blogspot.com
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terça-feira, 22 de maio de 2018

Diário | Mas ele é doutor de formação?

"Marido, afinal é o quê? Voltaste do serviço todo cabisbaixo, tipo deprimido..."
"É o chefe, querida... O chefe não pode fazer isso comigo!"
"O que foi?"
"O chefe agora estragou..."
"Está a beber muito?"
"Não."
"Está arrogante? Ameaçou despromoção?"
"Não, amor. É ainda pior..."
"Pior como?"
"Acho que quer me tirar o pão dos meus filhos..."
"Como assim?"
"Ontem já me orientou a parar de lhe tratar por Excelentíssimo Líder doutor que Deus nos deu..."
"Parece comprido o título, né?"
"Mas sempre foi assim. Mediante a cor do fato que ele enverga, eu tenho uma forma de mostrar honra ao chefe que Deus nos deu..."
"E então?"
"Ontem já me orientou a parar de lhe tratar por Excelentíssimo líder doutor... Ele disse que não fazia sentido lhe tratar por Excelentíssimo líder, uma vez que a empresa este ano esteve muito abaixo das metas. Se a produção é baixa, diz ele, o líder não pode ser excelente. O que é que isso tem a ver, amor?!"
"Hum... Então o problema é só mesmo este?"
"Hoje mais, assim que cheguei ao serviço, como sempre, bati à porta, ele falou entra. Aí entrei, passei um paninho para tirar a poeira da mesa dele, limpei a teia de aranha que escapou ao pessoal de limpeza, avisei que tinha um pouco de pó no sapato e que o atacador estava quase a desactar. Saudei 'Bom dia Doutor! E ele me travou, ah, não, pára com isso de doutor!', já viste?!"
"Mas ele é doutor de formação?"
"Ainda não."
"Então é mestre?"
"Ainda não."
"Licenciado?"
"Ainda não..."
"Então, se o outro só tem o médio feito, por que raio é que lhe tratas por doutor?!"
"É minha cultura. Eu sou mesmo assim, sempre fiz isso nestes 15 anos... Sendo ele meu chefe, para mim já é doutor. Se não elogiar o meu chefe por cada dia que nasce, não vou-me sentir incompleto?"
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Catumbela, 22.05.2018
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segunda-feira, 21 de maio de 2018

“NÃO TEMOS SALAS DE ESPECTÁCULOS EM LUANDA”, KATILIANA | Grande entrevista exclusiva com a cantora (3ª parte final)


Nesta terceira e última parte da grande entrevista que a cantora Katiliana Kapindiça concedeu ao Blog Angodebates no dia 15 de Maio em Benguela, lançamos uma provocação quanto ao que ela faria caso fosse Ministra da Cultura, aquele sector que é dos mais criticados, sobretudo pelos próprios artistas e fazedores de cultura. A nossa interlocutora reagiu com um suspiro ao inesperado cenário mas não deixou de apontar as vulnerabilidades das políticas culturais de um país soberano há tão-somente 43 anos e sugerir caminhos para quem tem ouvidos para ouvir. Já que é de política que falamos, quisemos saber da “menina” o grau de expectativas da era João Lourenço, que sucede aos 38 anos de presidência de José Eduardo dos Santos. Nesse quesito, a viajada Katiliana, que aponta a corrupção como o maior e pior cancro de Angola, prefere ficar-se apenas pela esperança, pois entende que o optimismo seria uma fasquia muito elevada e passível de desilusões. Entende que o presidente Lourenço tem vontade de estabelecer um novo começo mas não sabe bem por onde começar nem parece ter o apoio da maioria.
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OUVIR O ÁUDIO
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Angodebates: Querendo ou não, essa mudança de presidente está a suscitar outras mudanças e expectativas. A Katiliana vê com olhos de optimista ou acha que vai manter na mesma? Que Angola é que vê nascer? Está a nascer uma nova ou é a mesma?

Katiliana: Não me posso garantir como optimista mas com esperança. Porque eu acho que há uma diferença entre estar optimista e a esperança.

Angodebates: Os indicadores não são suficientes para alimentar o optimismo?

Katiliana: O optimismo é uma coisa que, assim para os religiosos, se compara com a fé. Eu estou optimista e vejo que vai mudar.
 
Angodebates: A Katiliana não se quer iludir? (risos)

Katiliana: Não! Sinto que esse nosso presidente está com uma forte visão de poder mudar o país. Vê-se que há aquele interesse de ‘eu quero mudar o país!’, não é? Só que é necessário que haja ali uma maioria e não uma minoria que o possa apoiar nos seus pensamentos.

Angodebates: Sobretudo os detentores de capital?

Katiliana: Exctamente. É necessário que tenha apoio de todos, que ele também assim se sente motivado a ter ideias para avançar com o país. E nós sabemos que foram 38 anos de governação do mesmo presidente. Então vai ser mesmo muito difícil porque nós, angolanos, estamos muito habituados com a governação antiga. Mudar isso não vai ser do dia para a noite. É um processo gradual. É essa esperança que eu tenho porque nem mesmo em cinco anos de governação que ele tem, não vai conseguir fazer nada porque há muitas questões que devem ser resolvidas, e ele não sabe também por onde começar. Então ele deve começar num tema, neste caso o tema da corrupção, que eu considero o maior cancro que a nossa sociedade deve ter

Angodebates: Maior e pior.

Katiliana: Maior e pior. Muito complicado. Para se acabar com isso, ainda vão-se levar muitos anos. E a própria mentalidade do angolano também tem de mudar.

Angodebates: Se fosse Ministra da Cultura mudaria o quê?

Katiliana: Ai, meus Deus!!!

Angodebates: Do ponto de vista de políticas de estado. Tem-se visto – estou já a influenciar, não sei se vai concordar comigo. Mas nota-se que a Cultura, como ministério, dá um apoio, me parece, desproporcional em comparação com outras manifestações culturais. Não sei se tem a mesma visão. Parece-me que há muito investimento no carnaval, que no fundo é efémero, só dura um dia.

Katiliana: Exactamente. Eu acho que nós não nos podemos só concentrar em dias ou épocas alusivas a certas datas. Olha, aconteceu o carnaval, e tem que haver investimento. Eu acho que o país é mais do que isso. Há muito talento, o angolano é muito talentoso. E é necessário em primeiro lugar que se criem estruturas para que estas estruturas possam sustentar estas pessoas que têem o talento bruto e possa ser lapidado. Investir na educação cultural artística. Quando eu digo artística não é a dança só.

Angodebates: Em Luanda há um Instituto de Formação Artística, penso.

Katiliana: Um?! Você acabou de falar agora de um. Acha que um é suficiente para nove milhões de pessoas e quiçá para umas províncias saírem daqui para irem para lá? Temos de ter mais escolas, não é? E se nós quisermos seguir um padrão supostamente digno, dito moderno ou geopolítico, nós temos de imitar muitos países europeus, como a França. Quase todos os artistas, Picasso, Da Vinci, tiveram uma formação de base. Cuba, que se calhar não é um dos países de grande poder financeiro, mas a nível de formação o Fidel fez questão de firmar isso para a população. Qualquer pessoa lá pode formar-se.

Angodebates: Com qualidade. É dos maiores legados que um presidente pode deixar.

Katiliana: Exactamente. E eu acho que se não houver um tecido humano que possa gerir aquele prédio, e nós temos imensos prédios que estão a nascer lá para aqueles lados da marginal, mas eu me pergunto: será que temos pessoal formado, angolanos?…

Angodebates: Pois, porque o estrangeiro depois não transfere o conhecimento… compreendo.

Katiliana: Ele vem para ajudar, e nós agradecemos por isso. Vem para contribuir e é muito bom.

Angodebates: Mas tem uma data de validade.

Katiliana: Sim, tem uma data de validade. Ele depois vai, não é? Ele diz, ‘olha, eu já criei as bases mas vocês têem de dar continuidade porque isto é o vosso país.’ Então eu me pergunto: será que aquelas estruturas que estão ali, salas climatizadas, casas de banho que se calhar eu talvez num país desenvolvido ainda não encontrei mas já encontrei aqui em Angola, mas eu me pergunto: será que aquele pessoal está capacitado para isso, está formado para isso? Para que isso exista, é necessário haver um maior investimento na formação. A formação é importante em qualquer parte. Formação e SAÚDE.

Angodebates: Quem fala disso, do seu receio, tem como exemplo mais recente os estádios. Foi um investimento grande que não está a ser nem sustentável…
Katiliana: Está a dizer estádios de quê?

Angodebates: De futebol. Estes enormes estádios que foram construídos. Tanto não estão a ser usados, alguns, como nem beneficiam de manutenção…

Katiliana: Exactamente. Olha, já nem vou falar desta parte de manutenção porque até estão ali atirados, e aquilo só foi para uma suposta época que tinha que acontecer mas depois acabou…

Angodebates: CAN [Campeonato Africano das Nações] de 2010.

Katiliana: Exactamente. E não houve mais seguimento para aquilo. Então se é por épocas que aquilo só serve, nós, que não temos… Como é que se chama em Luanda? Largada de touros, não é?

Angodebates: Tourada.

Katiliana: Pois, a Tourada! Se calhar estão à espera de um estrangeiro apostar naquilo e fazer um coliseu. Porque nós não temos salas de espectáculos. Em Luanda nós não temos. Se fores, por exemplo a Lisboa, vais encontrar o Meo Arena, que agora já é o Altice, não é? Mas aquilo tem uma estrutura própria, criada. E nós não temos. Angola é tão riquíssima, e ainda só está concentrada nos petróleos, nos diamantes, os recursos naturais. Eh pá, e ainda por cima quererem investir lá fora. Invistam no país!
FIM

Nota: Aceda à primeira parte da entrevista aqui, para a segunda clicar aqui.
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Em linhas tortas (47)

Na manhã seguinte à noite do infortúnio, sua excelência eu madrugou em direcção ao Lobito-Velho onde já no ano passado foi socorrido por uma loja de vidros de automóveis. Posto no local, um balde de água morna. Aquilo hoje é cantina do maliano. Aqui não era a loja de vidros? Sim, mas agora trocou, responde o irmão oeste-africano. Por sorte, as novas instalações não ficam muito distante. Por acaso até a mudança foi para melhor, um edifício mais espaçoso e com estacionamento confortável. Ah, espelho para este carro é difícil, isso é versão 2015, só temos para yaris 2012. Mas então, se no ano passado vocês substituíram o vidro que o assaltante quebrou, o simples espelho do retrovisor é que não conseguem achar? Bem, se quiser pode encomendar mas assim terá de comprar o retrovisor inteiro. O tempo que vai demorar já é que ainda não sabemos. Agora, sim, balde de água fria. Sua excelência eu parte para bater à porta de outro estabelecimento especializado. Também não havia, mas remediavam. Ao encomendar expliquei ao atendedor lá que o vidro foi roubado na quarta-feira (ontem). Ele, cheio de pena, empatia e vontade de ajudar, respondeu: "Assim só chega na próxima quarta. A maka é que atrasaste. Se viesses já na segunda-feira, amanhã mesmo o espelho chegaria nas tuas mãos". Ou seja, dois dias antes do roubo eu deveria já encomendar o bem roubado. Aí pensei no Angosat-1. E pronto. Ainda era só isso. Obrigado. www.angodebates.blogspot.com
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Humor | Lê o teu livro

Um amigo de um colega meu escreveu um livro intitulado "Como Conseguir Dinheiro" e agora ele precisa de dinheiro para publicar o livro. Aí foi então pedir patrocínio. Só lhe responderam "lê o teu livro". É para ele aprender!
(Conforme recebida via whatsapp, sem identificação de autor)
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“SE TU NÃO ÉS KIZOMBEIRO, ÉS AFASTADO”, KATILIANA | Grande entrevista exclusiva com a cantora (2ª parte)


Aos 18 anos despontou para o estrelato ao participar em concursos musicais com a envergadura que se pode imaginar de estações como a SIC e a RTP. No primeiro, buscando vingar nos “Ídolos”, no segundo, chegando à final da “Operação Triunfo”. É da angolana Katiliana Kapindiça que falamos, formada em música pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, e dona de uma plasticidade interessante. Vocalista, já fez coros para um dos elementos Semba Master, Lanterna. Fez ainda “algumas coisinhas”, assim lhes chama, no hip-hop, para além da participação numa música gospel de Jeff Brown e Jay Lorenzo. Tem em vista um CD mas nisso vai com cautela, acredita que precisa de divulgar mais o seu trabalho, uma lucidez de quem afinal já apagou 30 e tal velas. De volta há dois anos ao país que a viu nascer, vai-se dando a conhecer no areópago artístico por conta do seu vozeirão e energia em palco. Nesta segunda parte da grande entrevista exclusiva que concedeu ao Blog Angodebates, Katiliana, com a sempre invejável perspicácia, critica vícios dos meandros do mercado musical, vícios estes que tanto excluem, como empobrecem o crescimento.
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OUVIR O ÁUDIO
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Blog Angola, Debates & Ideias (Angodebates): A outra pergunta que eu ia colocar é a seguinte: em tempos a TPA passou um show de jazz, creio, de vários artistas e uma delas é a Katiliana. Há, assim, entre nós uma tendência de associar a marca artística Katiliana ao jazz. Com que estilo é que mais se identifica? Como é que posiciona?

Katiliana: É assim, eu acho que sou uma ecléctica, não é? Se me perguntares, por exemplo, fora do jazz ou fora do soul music ou, por exemplo, do blues ou da nossa kilapanga, masemba, a própria música que o Ndaka faz (que é muito riquíssima), não vai acreditar. Mas eu gosto de ouvir coisas assim completamente que não têem nada a ver comigo…

Angodebates: Coisas assim experimentais?

Katiliana: Vou-lhe dar um exemplo, o heavy metal. Eu oiço, mas não oiço no sentido de gostar, mas sim no sentido de auto-didáctico…

Angodebates: Ouvir para pesquisar?
 
Katiliana: Pesquisar por que é que eles fazem aquele estilo de música, as mensagens são muito obscuras, são muito obscenas, são muito associadas à religião, portanto criticar a religião, está a ver? E eu gosto muito de pesquisar sobre estes assuntos bastante pertinentes.

Angodebates: A sua família como é que olha para a sua carreira, como é que olha para os desafios, a própria envolvência musical, por exemplo estar neste momento em Benguela? Ou seja, recebe apoio, recebe aceitação?

Katiliana: Muuuuito! Às vezes, se calhar, eu penso que eles é que são as Katilianas e eu sou…

Angodebates: Já tem família própria?

Katiliana: como?

Angodebates: Já tem família própria, constituída?

Katiliana: Não, ainda não. Não sou casada e ainda não tenho filhos.

Angodebates: Pois, isso se calhar dá-lhe um bocadinho mais de flexibilidade?

Katiliana: A minha família… eu tenho pessoas da família que também cantam…

Angodebates: Ai, é? Qual é o grau de parentesco com essas pessoas?

Katiliana: Tios-avôs. O Elias Dya Kimwezu também. Ele é como se fosse assim um primo como irmão do meu pai. Da parte do meu pai. Da parte da minha mãe tenho a tia Lourdes Van-dúnen (falecida). Ela era minha tia-avó.

Angodebates: Então é uma questão genética, não é?

Katiliana: Pois. Mas, pronto. Assim da família mais próxima é portanto o pai, a mãe, os primos assim mais próximos, estão sempre a apoiar, estão sempre a ajudar. Inclusive houve uma altura da minha vida que eu acho que a música já não era uma grande prioridade, e eles foram assim uma fonte fortíssima para me dar apoio. Porque eu disse que não, já não quero mais cantar.

Angodebates: Essa desmotivação era porquê?
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domingo, 20 de maio de 2018

Colectânea de contos chega às bancas em Julho | GOCIANTE PATISSA E ACÁCIAS EDITORA CELEBRAM CONTRATO DE PUBLICAÇÃO DE «O HOMEM QUE PLANTAVA AVES»

Cassua (Acácias Editora) e Patissa (escritor)
Tal como havia sido anunciado pelos serviços de apoio a Sua Excelência Eu, o contrato para a publicação da edição angolana do livro e contos «O Homem que Plantava Aves», o oitavo da safra do escritor Gociante Patissa, foi celebrado durante as festividades da cidade de Benguela, jornada que decorreu de 16 a 20 de Maio, conforme ilustra a foto em que aparecem o autor e o senhor Adilson Cassua, na qualidade de representante da marca editorial com sede em Luanda.

Para Gociante Patissa, o acto reveste-se de um simbolismo redobrado por formalizar um processo de “namoro” que iniciou há precisamente um ano. Confidenciou haver uma pequena diferença entre este e os demais cinco títulos que o autor publicou em Angola, cujos processos se deram apenas de forma verbal, no tradicional acordo de cavalheiros, nunca se tendo assinado papel como tal.

Já para a editora, a presença em Benguela, onde estabeleceu parcerias com agentes directos e indirectos do sector livreiro, dá a garantia de, não apenas distribuir de forma dinâmica a obra, mas também organizar uma cerimónia de lançamento em grande, estando já a gizar alguns atractivos de surpresa.

O livro circula apenas no mercado brasileiro, onde tem merecido resenhas bastante favoráveis de diversos blogs e nas redes sociais, a par da imprensa convencional. Saiu no ano de 2017 pela Editora Penalux, com sede em São Paulo, que o "encomendou" durante a presença há dois anos do autor na Feira do Livro de Frankfurt, na república da Alemanha, a convite do Goethe-Institut.

Benguela, 20 Maio 2018 | www.angodebates.blogspot.com
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sexta-feira, 18 de maio de 2018

“CUSPIRAM-ME NA CABEÇA”, KATILIANA | Grande entrevista exclusiva com a cantora (1ª parte)

Katiliana Kapindiça juntou-se às comemorações dos 401 anos da cidade de Benguela, tendo animado a primeira noite do Acácias-Fest, na companhia de outra figura relevante do Afro Jazz, o Ndaka Yo Wiñi. Mistura de Bié com Luanda, Katiliana teria o essencial em termos de valências para ser cantora de sucesso no mercado angolano, a saber, um rosto lindo e uma fisionomia vistosa, mas ela foi mais longe: tem mesmo um talento e também sólida consciência cidadã. A sua veia musical pode-se dizer que é sanguínea, ou não tivesse parentesco com Elias Dya Kimwezu e com Lourdes Van-dúnem. Bem formada e com o dom da palavra, a conversa com ela flui de tal modo que nem damos conta do tempo passar. Esta é a primeira parte de uma grande entrevista exclusiva que concedeu ao Blog Angodebates. Falamos de tudo um pouco, a começar pela sua experiência de adolescente a viver na diáspora (marcada por actos de racismo no ambiente escolar). Falou também do lado bom, com destaque para a participação na OPERAÇÃO TRIUNFO, concurso musical da RTP em Portugal, a vivência na Inglaterra e dos dois anos de retorno a Angola. Katiliana tem uma visão profunda das coisas, coloca o dedo na ferida das makas da coisa cultural e não deixa de sugerir caminhos para quem tem ouvidos para ouvir.
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OUVIR O ÁUDIO
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Blog Angola, Debates & Ideias (Angodebates): A Katiliana é uma daqueles talentos que entram em nossas vidas num contexto de apelo à união para apoio. Porque para muitos de nós, a Katiliana surge na “Operação Triunfo”. Penso que já andará farta de falar disso, mas gostaria um bocadinho que contasse, assim em termos de retrospectiva, como é que foi a experiência.

Katiliana: Muito antes da “Operação Triunfo” eu já tinha… Praticamente eu lancei-me no “Rádio Pió”. Exacto. Foi basicamente, em 1989-90, em que na altura nós vivíamos no bairro do Kassenda. E dali para aquela zoa do 1.º de Maio, onde se destacava a Rádio Nacional (RNA), não havia vagas de creches. Então, os meus pais colocaram-me a mim e a minha irmã na creche da RNA. E posteriormente, a senhora Maria Luísa Fançony, uma das mentoras do projecto “Rádio Pió”, teve a amabilidade de o relançar novamente. Eu fui uma das crianças [contempladas] naquela altura(…)

Angodebates: Deduzo que é natural de Luanda.

Katiliana: Sim, sou. Sou de Luanda mesmo.

Katiliana: E entretanto, logo tive várias actividades, desde a dança ao teatro. O canto não digo muito, mas mais o teatro e a dança. E obviamente como já tinha muitos artistas antecedentes a mim, neste caso o Mamborrô, o Lucas de Brito (que agora é Maya Cool), o Ângelo Boss também…

Angodebates: E a Isidora Campos?

Katiliana: Também, mas trabalhei mais com estes. Tive a possibilidade de trabalhar com eles, principalmente com o Maya Cool. Depois, foi aí que surgiu a “Operação Triunfo”. Foi assim, digamos, um pontapé, mas muito antes da “Operação Triunfo” eu também tinha participado nos “Ídolos”, mas era em castings, para ser apurada. Pronto, e infelizmente fui eliminada. Fiquei entre os 50 melhores…

Angodebates: O que não era nada puco (risos).

Katiliana: Exactamente. Porque só por dia de audições, eram por aí 3 mil pessoas. Então, estar entre os 50 melhores, nos “Ídolos”, já era muito bom.

Angodebates: A sua vivência na diáspora é contabilizada em quantos anos?

Katiliana: Eu cresci praticamente em Portugal. Os meus pais, em 1997-98, decidiram emigrar porque também na altura o país não estava em condições. Na altura tinha para aí os meus 13 quase para 14 anos.

Angodebates: Adaptou-se facilmente?

Katiliana: Não, não! Não foi fácil.

Angodebates: Principais dificuldades quais foram?

Katiliana: Racismo! O racismo foi assim algo que eu… Eu nunca soube o significado da palavra racismo, até estar num território europeu.
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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Uma proposta literária de autoria improvável | "Acasos e Melomanias Urbanas" no regresso de Luís Kandjimbu

No dia em que a cidade de Benguela completou 401 anos desde a sua fundação pelo português Cerveira Pereira a 17 de Maio de 1617, Luís Kandjimbu, um proeminente cosmopolita filho da terra e radicado em Luanda, depois de uns anos dedicados à diplomacia na Europa, fez questão de regressar para apresentar e autografar o seu livro de crónicas intitulado "Acasos e Melomanias Urbanas", que mescla cenas reais e cenas ficcionadas.

É a mais recente obra do autor, publicada sob chancela da Acácias Editora, coleccção Troncos da Literatura. As crónicas narram vivências nostálgicas, tendo a boemia como pano de fundo e colocam duas artes em diálogo, sendo a literatura e a música popular urbana angolana nas décadas de 70 e 80 do século 20.
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Humor | Manual de procedimentos do assaltante

Certo assaltante, em pleno exercício de funções, pula o muro da residência de missionários na pacata vila da Catumbela, que tinha no seu quintal uma marcenaria com materiais e ferramentas valiosíssimos. A residência não tem guardas, ou porque os celibatários o dispensassem ou porque não tinham condições de o remunerar. Disso andava bem informado o profissional do roubo. A noite é de cacimbo, tudo o que pessoas normais podem querer é aconchegar-se bem fofinhos na mantinha. O gatuno até já faz contas do quanto irá ganhar. Para seu azar, um dos padres, sabe-se lá por que insónias, acorda e flagra o gatuno. Instantes depois, os demais residentes se juntam. O resto é amarrar o gatuno, palmatória preparada e tudo para aplicar um correctivo. "UM PONTO DE ORDEM!", exclama o ladrão, para a surpresa dos donos de casa. "SENHOR PADRE, É ASSIM: PRIMEIRO AINDA NÃO É BATER. ACONSELHEM!"

(Adaptaçao da cena contada pelo Hito Virgílio, amigo de adolescência, no bairro Santa Cruz, Lobito) | www.angodebates.blogspot.com
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“Palavras sentidas à madrugada” marcam estreia de Rosa Santos

A escritora Rosa Santos colocou ontem à disposição do público amante da literatura “Palavras sentidas à madrugada”, título da sua obra de estreia. Inscrita nas comemorações dos 401 anos da cidade de Benguela, a cerimónia de lançamento teve lugar no Museu Nacional de Arqueologia, à praia Morena. O livro traz 48 páginas e reúne poemas, na sua maioria líricos e datados, que vão do ano 2000 a 2017. A apresentação formal da obra esteve a cargo do radialista e médico Aldemiro Cussivila.
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(arquivo) Crónica | Em que estou a pensar? No milagre das rosas...

Texto: Arlindo Macedo (cedido pelo próprio)

Meu amigo enviou um e-mail contando o milagre dele, mas não das rosas, sim do carro. Vou repassar: «Pela primeira vez na minha vida, por curiosidade, na semana passada fui a uma reunião da tão criticada Igreja Universal para ver como é que aquilo era. O Pastor aproximou-se do lugar onde eu estava. Olhou-me fixamente e, apontando-me o dedo, disse “ajoelha-te, irmão!”. Ajoelhei-me, ele colocou então as mãos na minha cabeça e clamou em voz alta: “Você vai caminhar, irmão”. Eu respondi-lhe baixinho: “Mas não tenho nenhum problema de locomoção”. Ele nem ligou e continuou, agora gritando: “Irmão, você vai caminhar!!!”. Toda a Assembleia, com as mãos ao alto, começou a gritar e a chorar: Ele vai caminhar! Ele vai caminhar!!!” Mais uma vez, tentei explicar que não tinha nenhum problema com meus membros inferiores, mas foi em vão. Ele nem ouvia. Cada vez mais forte e com mais energia, ele repetiu: “Você vai caminhar!!!”, enquanto a Assembleia entrava em transe gritando ainda mais forte: “Irmão, você vai caminhar!!!”Sem saber o que fazer deixei-me ficar quieto até ao fim da sessão. Quando o acto acabou, deixei a Assembleia e, acreditem ou não, o pastor tinha razão: Tinham-me fanado o carro!!!...»
Maio 2015
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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