sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Crónica | Até vende muito bem…

Passei esta tarde pela loja do árabe ou por aquilo que de memória visual ainda resta dela.

É um destes estabelecimentos privados cujo fecho de portas por falência representa uma amputação colectiva dos munícipes que ali acorriam para adquirir vestuário e calçado de uma linha que não alcança bem o padrão de qualidade ocidental, mas também não chega mentir tanto quanto nos habituou a generosidade chinesa do custo por produto.

Na verdade, já há coisa de uma semana ou talvez pouco mais que vinha pensando em garimpar novidades, depois de ver a porta entreaberta e alguns homens com cara de cimento e tijolo entrando e saindo pela meia-porta.

Devo antecipar-me em reconhecer e possivelmente esclarecer que não há nada de extraordinário no verbo passar, quando o sujeito da frase neste caso sou simplesmente eu. Todo o mundo por ali passa e nem por isso fazem do facto objecto algum de notícia. De facto, não é por aí que o mar vem à terra. A rua é principal, a loja do árabe fica mesmo na berma ali em cima do cruzamento. Além do mais, já vai para aí um ano, se não mais, que aquilo fechou as portas ao público. Ao público e aos funcionários, diga-se. Parece que nem as moscas sequer conseguem entrar, de tão bem encerrado que ficou.

Diz-se por aí, o que também não exige dupla confirmação, de tão evidente, que o comércio ficou acometido pela endemia da evaporação das divisas, e não há o que dividir sem divisas. O coitado do comércio asfixia sem ter dólares para bombear as artérias da importação; que o libanês alheio deve ter trocado o nosso solo por um qualquer destino distante da crise económica em termos mais directos, por uma garantia de previsibilidade. Estou em crer que isto é o que mais deve haver para quem dorme e acorda ruminando leis de mercado.

Mas como ninguém nos proíbe de respirar a esperança, inalei uma boa quantidade dela quanto a uma possível reabertura da loja, mesmo até porque, à parte as portas trancadas e a vitrina opaca de jornais velhos, no resto da identidade visual tudo se mantinha intacto. As cores, a enorme placa do letreiro. Então, mas o que andarão os homens a fazer neste entra e sai mais ou menos discreto? Estarão em retoques de recomeço? Perguntaria você. Não, mano. Vai ser igreja. Igreja mundial.

E pronto. Despedi-me do meu interlocutor, jovem ajudante de pedreiro, com um misto de desilusão e ao mesmo tempo comemoração. Afinal nem tudo vai mal. Ao menos a importação de missionários, brasileiros, não ficou afectada. Há sempre um segmento industrial que sobreviva. Há sempre quem queira comprar. E a fé até vende muito bem…
Gociante Patissa, 29 Setembro 2016
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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

(arqivo) Diário | Mas casamento não é festa?

“Esses dois que desenhaste vão aonde, Tái?”
“Eles ainda não sabem; pensaram que vão à festa, afinal é casamento.”
“Postos lá, vão ver que estavam enganados?”
“Ya! Agora queriam fugir, o noivo lhes agarrou: Xê, vocês vão aonde?”
“O noivo?”
“Esse pequeno atrasou porque tomou banho, os outros foram só mesmo assim, sujos.”
“Mas casamento não é festa?”
“Não. Festa é que as crianças dançam, kuya bwé; casamento, não.”
“E lá aonde foram é muito longe de casa?”
“Não.”
“E foram de quê?”
“A pé… Ah, de mota!”
“Agora têm que voltar para casa, porque casamento não é festa, né?”
“Sim, tio. Esse pequeno ainda não sabe; está a gostar, porque acha que vai assistir bonecos…”
“Ah, é?”
“Afinal o pai dele está em casa, não foi trabalhar.”
“Assim, ele não pode ver bonecos?”
“Não, porque o pai está a ver o noticiário.”
(Diálogo que ocorreu na presença dos pais do menino de 5 anos, Benguela, 28.09.2014)
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Just a thought

Cheguei a visitar os EUA no mandado de Obama como presidente, Portugal no mandato de Cavaco, a Namíbia com Pohamba no poleiro, o Brasil durante o consulado de Dilma, Israel no madanto de Shimon Peres, a Inglaterra com Cameron. Deste grupo já só restam poucos meses para o último ainda em funções, o mano Obama. Estive a pensar se não seria mais um pingo para a história pessoal de viajante apanhar os últimos dias da tia Angela Merkel hahahaha
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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Morreu Shimon Peres, presidente de Israel, até ao momento o único que alguma vez fotografei e que passou por mim a uma distância de pouco menos de dois metros. Shimon Peres era tido (até mesmo pelos palestinianos) como comedido e conciliador. Guardarei dele a emblemática simplicidade com que interagiu com escritores e livreiros numa sala com mais de duzentos participantes em 2013, apertando ao mão a muitos na cerimónia da entrega do galardão da 26.ª Feira do Livro de Jerusalém

Feira do Livro em Jerusalém homenageia escritor espanhol Antonio Muñoz Colina. Cerimónia de abertura presenciada pelo presidente israelita, Shimon Peres

S. Peres e escolta.
Abriu as portas ao público a 26ª edição da Feira Internacional do Livro em Jerusalém, capital de Israel, aproximando editores, escritores e livreiros de 14 países da África, Europa, Ásia e América. Angola, Brasil e Portugal partilham o pavilhão da comunidade de falantes da língua portuguesa.

No discurso de abertura, o chefe de estado israelita e Prémio Nobel da Paz, Shimon Peres, destacou a aspiração de fazer de Jerusalém “a capital do livro”, ao que associou a relevância da “paz no coração de cada um”. Em boa forma física, o octogenário usou do bom humor para a advertência que se impõe quanto ao cultivo do hábito de leitura. “Na era do facebook, ainda se podem ler livros em Jerusalém”, referiu.
  
Instituída em 1963, a Feira Internacional do Livro em Jerusalém tem periodicidade bienal, sendo que cada ocasião premeia um escritor cuja obra “expresse a ideia de liberdade do indivíduo na sociedade”. Na presente edição, coube o galardão ao espanhol Antonio Muñoz Colina, 57 anos. Colina sublinhou que “a literatura não é produzir conteúdos”, pois “contar histórias não é senão um meio de nos mantermos vivos”.

A. Colina
Avaliado em dez mil dólares americanos, o prémio consagrou também Bertrand Russel (1963), V.S. Naipaul (1983), Mario Vargas Llosa (1995) e António Lobo Antunes (2005), para não nos alongarmos na lista.

A Feira Internacional do Livro em Jerusalém decorre até à próxima sexta-feira, 15/02. No pavilhão da língua portuguesa, o espaço será ainda animado com a presença dos escritores José Luis Peixoto e Lídia Jorge (Portugal), Frederico Ningi e E. Bonavena (Angola), entre outros.
Gociante Patissa, Jerusalém 10 Fevereiro 2013.
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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Festival de Poesia no Huambo 2016 | EXPRESSÃO

Huila
Huambo
Benguela
Kunene
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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Just a question

Cada vez que levo o carro à revisão, volto de lá com o meu lado resmungão afiado. Mas é sempre a mesma coisa. Depois de algumas horas, a "revolta" abranda, para ressurgir no outro ciclo dos cinco mil quilómetros. Se calhar porque serve de consolo pensar que as dezenas de milhares de kwanzas que do salário retiro servem para sustentar os compatriotas funcionários e técnicos de lá da concessionária. Mas a ser verdade que a Toyota vai despedir dois terços do seu pessoal, conforme se ouve na imprensa, assim ainda, me façam só o favor de esclarecer: o preço da revisão vai baixar, já que passa a estar menos mão-de obra a pegar no meu carrito? Haka! Ou, pesando bem, não teremos só uma esquina qualquer a vender veículos made in Angola, que é para "chapadar sem mão" os nipónicos? Assim já a tal coisa é o quê que eles têem que nós não temos afinal? hahahaha? hahahaha
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domingo, 25 de setembro de 2016

Por hoje é tudo

Caiu o pano sobre a quarta edição do denominado Festival Nacional de Poesia, realizado esta noite na cidade do Huambo. Tiramos notas e fizemos o registo fotográfico do evento, que combinou o recital de poesia com breves números de música e humor. Amanhã publicaremos texto e as imagens. Até lá, façam o obséquio no âmbito da nossa boa cooperação e vossos bons oficios e magnanimidade nos bons augúrios com vista a um desiderato inequivocamente atendível de vossos servos... ou seja, façam-nos o favor de desejar bom regresso à reportagem do nosso blog www.angodebates.blogspot.com
Obrigado hahaha
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Jovens que fazem a diferença no deserto informativo | A quatro mãos se constrói o «Portal do Uíge e da Cultura Kongo»

É quase impossível pesquisar no espaço cibernético sobre a província do Uige e suas gentes sem dar de caras com o contributo do «Portal do Uíge e da Cultura Kongo», acessível no endereço www.muanadamba.net. À parte a agência de notícias Angop e o Jornal de Angola, ambos estatais e a funcionar em correspondência para as suas sedes em Luanda, aquela província do norte de Angola não foge à regra. Não há no sector privado veículos de produção e difusão de conteúdos locais.

À margem dos bastidores do Festival de Poesia do Huambo, a reportagem do Blog Angodebates aproveitou a oportunidade para abordar um dos rostos do portal «Uíge e da Cultura Kongo», o também escritor Vrackichakiri Abelardo, 26 anos, autor do livro «Cicatrizes do Silêncio», editado há dois anos pela chancela brasileira Omnirá.

Aberlardo, detentor de um pequeno empreendimento comercial, conta que o portal foi lançado há cerca de sete anos e é suportado por custos do seu próprio bolso e do de seu parceiro de nome Sebastião Kupessa, actualmente a residir na Suíça.

«O objectivo é divulgar a cultura do Uíge e de uma forma geral a Bakongo», revela Abelardo. Com uma vertente generalista, o portal oferece notícias, ensaios científicos e curiosidades. O portal é também consumido por cidadãos residentes, sobretudo pela parceria com o governo local no sentido de ter acesso a fontes e divulgar eventos oficiais sempre que se justifique. «Mas a maior visualização vem a partir de estudantes do Brasil, Portugal e um pouco Também em França. São países que dedicam mais interesse em estudar a cultura Bakongo».

O êxito do projecto já levou os seus mentores a pensar sobre mudar o nome, considerando alargar o escopo de quem se propõe tratar da cultura do grande reino do Kongo, que inclui, só no território de Angola as províncias fronteiriças do Zaire e Cabinda.

Gociante Patissa (texto e foto). Huambo, 25 Setembro 2016
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Pelos 104 anos da cidade do Huambo | Festival de poesia reúne declamadores e trovadores de várias províncias

Duas dezenas de artistas, entre declamadores e trovadores, animam a quarta edição do designado «Festival Nacional de Poesia», a partir das 18h30 de hoje (25/09) na Escola Comandante Bula, cidade do Huambo. Idealizado por Chico Pobre e co-produzido pelas representações do Movimento Lev’arte de Luanda, Benguela, Malanje, Huila, Kuando Kubango, Namibe e Kunene, o evento enquadra-se nas festas do 104.º aniversário da cidade. 
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(arquivo) Citação

 "Quem faz o jornalismo acontecer são as sociedades."
(Ernesto Bartolomeu, quando questionado sobre a relação entre o jornalismo e a democracia, programa Vivências, da Rádio Mais, 25.09.14)
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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Diário | Há razão maior?

"Vais aonde a estas horas tu?"
"Ter com ela."
"Mas ela quem?"
"Caso não tenhas reparado ainda, hoje ela está cheia..."
"Cheia? Podes traduzir?"
"Vou ter com a lua. Dizem que mora no fim da madrugada em dias de lua cheia.."
"Mas para quê?"
"Cobrar a manivela..."
"Manivela? De quê?"
"Do tempo. Recuar até à adolescência, ou então saltar para a idade da reforma..."
"Mas porquê virar as costas ao presente?"
"Ora essa, porque... 'atingi do zero', como outro. 'Não sou, nunca fui'. Há razão maior?"
Gociante Patissa (com dois versos de A. Neto)
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Puto do Cais

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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Diário | Foi apanhada a bruxar?

(I)
"Excelência Camarada Comissária! Quero expressar elevada gratidão pela vossa calorosa saudação, independente de já saber que não venho por bons motivos…”
“Nada a gradecer, camarada. Saudações patrióticas e revolucionárias sempre!”
“Muito bem. Vamos cortar mato. Eu me chamo Romão Pedradura Óscar. Camarada Pedradura, para mim, é suficiente! Estamos em guerra, e a camarada já sabe…”
“Sim, sim. Tácticas de baixa visibilidade…”
“Exacto, camuflagem em tudo. Como já disse, sou o camarada Pedradura, enviado do Adjunto Instrutor do Contencioso Administrativo. Venho da província. Continuando, chegou-nos o incidente que envolve a Camarada Comissária Comunal. Muito grave! Já falamos com os nossos camaradas da informação para não sair público o assunto. Assim venho compulsar a gravidade da infracção cometida e os efeitos colaterais da mesma.”
“Mas…”
“Se não se importa, chefe, gostaria que não me interrompesse…”
“As minhas desculpas, camarada.”
“A camarada sabe, do ponto de vista da palavra de ordem e programa director nacional,  portanto domina que 1987 é o ano do Saneamento Económico e Financeiro (SEF), certo?”
“Sim, sim, camarada Pedradura.”
“A camarada sabe que isto significa valorizar os quadros a quem a Nação confiou a máquina da produção e distribuição junto do nosso povo, certo?”
“Sim, camarada Pedradura…”
“Mas então, onde é que esteve a disciplina quando praticou a gravosa infracção? Posso colocar na sindicância que a camarada está arrependida?”
“Não! Arrependida, não.”
“Não?! Será que ouvi bem? A camarada quer mesmo que eu transmita à instância superior que não se arrepende de agredir o homem da Empa, a loja do povo?”
“Camarada, ponha no relatório que o homem do comércio levou duas bofetadas minhas mais um soco do nariz, por bater uma viúva. E em mulher, reafirmo, não se bate.Violência, na minha comuna, não!”
“Mas ele nunca foi desta conduta. Fez mesmo isso? Posso-lhe chamar?”

(II)
“Camarada Delfim, como vai?”
“Mais ou menos, chefe. A vista ainda está vermelha e o nariz dói com soco da chefe.”
“Olha, por acaso a agressora diz…”
“Desculpa, camarada Pedradura, com todo o respeito, ‘agressora’, não!"
“Pronto. Disse a camarada Comissária que teve essa atitude de te dar surra, ainda por cima aos olhos de todo o povo, porque o amigo Delfim agrediu uma mulher.”
“Bem, chefe, vai-me desculpar, mas é verdade.”
“A mulher que o camarada Delfim agrediu tentou roubar víveres?”
“Não, chefe… Não, chefe…”
“Desrespeitou a bicha? Disse alguma palavra reacionária contra o governo, os heróis ou as causas da nossa luta? Era infiltrada e/ou colaboradora do nosso inimigo?”
“Não, chefe… Não, chefe…”
“Foi apanhada a bruxar?”
“Não, chefe… Não, chefe…”
“Mas, ó caramba!, afinal que mal fez a mulher para lhe partires a bacia com surra?”
“Me falou ‘quero ser tua mulher; me namora’. Ó chefe, uma mulher é que vai me conquistar?!”
Gociante Patissa (adaptação) Benguela, 21 Setembro 2016
www.angodebates.blogspot.com
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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Quando você se olha de cima a baixo e por fim... se xota sozinho

Estive a pensar em elevar as minhas ilusões, mas quando espreitei os requisitos de admissão a membro do Rasgado’s Jazz Club, de carácter associativo cultural e comercial, caí para o lado. E antes que me coloquem perguntas, ponham-se no lugar de quem sacode a poeira da roupa. Leiam só, se faz favor:

"1. A joia é paga uma única vez no valor inalterável de AKZ 250.000,00 (Duzentos e Cinquenta Mil Kwanzas).
2. A quota é paga mensalmente no valor de USD 100.00 (Cem Dólares Norte Americanos) ou em Kwanzas ao câmbio do dia (paralelo)."

A proclamação do Rasgado’s Jazz Club realizou-se no dia 17 de Setembro de 2016, na Baía Azul, estando a presidência em exercício da Mesa da Assembleia Geral a cargo do empresário Adérito Areias. A informação foi posta a circular nas redes sociais pela página Chela Press, do jornalista Francisco Rasgado, o mentor.
A sua excelência eu coube xotar-se só já sozinho. Pronto... hahaha
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Canto terno

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Citação

"Felizes aqueles cujos dias correm com a insipidez de uma crônica vulgar. Geralmente os dramas da vida humana são mais toleráveis no papel que na realidade." - Machado de Assis, escritor brasileiro, (Junho de 1839 — 29 de Setembro de 1908)
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(arquivo) Oratura | "KOPITULE, OCO WOLALEKELE" (adágio Umbundu)

"KOPITULE, OCO WOLALEKELE" (adágio Umbundu) - passar por casa de alguém para com este caminhar, é porque houve convite prévio.
TENTATIVA DE ENQUADRAMENTO: A consideração e a confiança, que nos permitem incondicionalmente contar com alguém, cultivam-se.
Salipo ciwa (passem bem)
www.ombembwa.blogspot.com
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domingo, 18 de setembro de 2016

Citação

"Eu não sei por que é assim que, quando a polícia expulsa, tem que convidar a difusão massiva. Mas os outros organismos não é assim."
(Conversa entre dois agentes na rua agorinha)
www.angodebates.blogspot.com
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Repassando a informação | CONVITE PARA ANTOLOGIA POÉTICA (Não se paga a inscrição, mas também não se ganha pelos direitos)

OS MELHORES “NOVOS” POETAS AFRICANOS 2016
ANTOLOGIA. Chamada de poemas.
Estamos a recolher 1 a 3 poemas de Poetas Africanos, vivendo em África ou na diáspora (ou com pelo menos um parente Africano ) para ser incluído na Antologia OS MELHORES “NOVOS” POETAS AFRICANOS 2016. Os poemas serão de qualquer tópico ou forma, sendo de preferência com menos de 40 linhas. Porém, vamos ler e considerar poemas mais extensos. Os poemas devem ser em francês, inglês e português. Aqueles em línguas nativas ou indígenas deverão fazer-se acompanhar das traduções em francês, inglês e português.
O prazo limite para as entregas deve ser 15 de outubro de 2016.
O concurso é abrangente a todos gêneros . Embora dá-se preferência a jovens para os ajudar a crescer como poetas , estamos abertos também a mais velhos.
As entregas devem ser feitas em um só documento , incluindo também sua informação de contacto, seus países de origem e uma ''Bionota'' de não mais de 50 palavras.
Infelizmente por limitacões financeiras , não vamos oferecer aos contribuintes cópias livres, porém os poetas se beneficiarão de uma imensa exposição . Os participantes devem enviar os seus poemas para Tendai Mwanaka, Daniel da Purificação e Beto Saica nos respectivos endereços de email: mwanaka@yahoo.com, danieljose26@yahoo.com.br, betosaica@yahoo.fr
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Divagações | Milagre!!!

Durante um ano andei "enlutado" pela perda do meu acervo digital fotográfico, afinal contavam-se 41 GB de clics em alta resolução que faleceram num disco duro externo no ano passado. Não é que hoje, ao procurar sei lá o quê num segundo empoeirado e desvalorizado disco duro externo, dei de caras com o "backup" das malditas fotos!... Afinal existia salvaguardada uma segunda via no velhinho dispositivo adquirido em 2010 e eu não fazia a mínima ideia. Milagre é pouco! E por falar em milagres, entre o acervo recuperado, constam as duas sessões fotográficas com a amiga Milagre Cruz (de feliz memória), uma na Baía Farta e outra na Baía do Santo António. Como dizia alguém, "we're rich!!!".
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sábado, 17 de setembro de 2016

(Arquivo) Oratura | "OHOMBO YACITA UTEKE, OCIVALO TUTALA LOMENLE" - (adágio Umbundu)

"OHOMBO YACITA UTEKE, OCIVALO TUTALA LOMENLE" - (adágio Umbundu) - pariu a cabra de noite, é pela manhã que descortinamos a aparência do filhote).
Enquadramento: geralmente, é um apelo à paciência em caso de dúvida, no sentido de que a verdade vai, mais tarde ou mais cedo, emergir.
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(Arquivo) Oratura | "CAVONGA KEPYA, KAPULE KIMBO" (adágio Umbundu)

"CAVONGA KEPYA, KAPULE KIMBO" (adágio Umbundu)
PROPOSTA DE TRADUÇÃO: Ao fraco desempenho na lavoura, vá questionar a aldeia.
ENQUADRAMENTO: A energia no ambiente do lar (condição psicossocial do indivíduo) costuma ser determinante para o êxito/fracasso no desempenho de tarefas profissionais.
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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Pergunta do repórter TPA (Revista Musical)

"Nsoki, sei que ganhaste um prémio no Angola Music Awards, o que deixou alguns invejosos com a pulga atrás da orelha, mas na verdade foi um reconhecimento merecido, certo?"
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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Divagações de arquivo | Conjuntura

Na comunicação institucional e perante terceiros, calha às vezes a mensagem chegar deturpada. Aí, um líder diria: "Onde foi que falhou a comunicação"? Já um chefe, apenas chefe, diz, de pé e inebriado pelo charme sensual da secretária, ao visitante aparentemente inferior que solicita esclarecimento: "Mas quem é o director aqui?!" Oh, minha Angola e alguns critérios de elegibilidade para os cargos, tão distantes da confiança no mérito...!
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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Obra da Rádio Ecclesia sofre duro golpe | Morreu o Alberto Haimbili... sem direito para tal

O Alberto Haimbili Kambali faleceu. Não devia. Não tinha esse direito. Nem mesmo com a fatal certeza de que basta vivermos para morrer. Ficou mais empobrecida a obra da Rádio Diocesana de Benguela com a perda do jovem missionário católico que era o mais apaixonado repórter para assuntos religiosos. Deu o último suspiro, vítima de doença, ontem (13/09), no Hospital Geral de Benguela. Ficaram mais empobrecidos os amigos e as esperanças de com ele contar quando um dia este projecto da Rádio Ecclesia começasse a emitir. Soube há pouco que o corpo deve seguir ainda hoje para a província da Huíla, de onde era natural. Meu mano, como dizemos no verbo livre, foste um "granda gajo". Grato pelas lições de simpatia e alto nível de educação e simplicidade (foto do mural dele)
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Antecipando más interpretações | OFICINA LITERÁRIA DO BLOG ANGODEBATES TERMINOU EM AGOSTO

Enquanto responsável e operário da rubrica Oficina Literária, lançada para festejar o décimo aniversário do blog www.angodebates.blogspot.com, através da qual nos propusemos voluntariamente a receber textos de leitores e colaboradores para mais tarde serem publicados, na sequência de um trabalho de bastidores no campo da revisão, correcção e sugestões de ajustes de natureza estrutural e estética literária, gostaria de esclarecer o seguinte:

1) A rubrica iniciou em finais de 2015 e terminou precisamente no mês de Agosto de 2016, o da fundação do Blog há uma década;

2) Eu gostaria imenso, mas não podemos continuar com o exercício e desta forma dedicar o tempo necessário para cada solicitação que chega via mail ou redes sociais para rever e opinar sobre textos. A questão é que a ocupação profissional do editor do Blog não é liberal, pelo que o tempo para conciliar as várias "frentes de combate" (ganha-pão, fotografia, linguística, pesquisa, família, turismo, ler e escrever) não é fácil de achar;

3) Como sei que facilmente seria acusado de fazer parte da lista dos que "não apoiam" os novos talentos e futuros escritores, vou a tempo de deixar a garantia de sugerir revisores profissionais a quem estiver interessado. Da última vez que me informei, os revisores (de inquestionável qualidade) cobravam dez dólares por cada página lida.

Antecipadamente, agradeço a compreensão e/ou "absolvição", até porque o contexto é o de amnistia geral.
Gociante Patissa. Benguela, 14 Setembro 2016
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(arquivo) Citação

«Angola não pode, não deve ser construída, na perspectiva de que quando está bem, quando há paz e sossego e tranquilidade, por aqui andamos todos, e, à primeira presunção de susto, “ala, que se faz tarde, vou dar um giro e quando tudo acalmar eu volto…”. (…) Chamemos-lhes “patrioteiros”. Têm o direito. Legal. Jurídico. Formal. Não têm é moral…», Carlos Ferreira, In «Novo Jornal», 14/09/12
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terça-feira, 13 de setembro de 2016

(arquivo) Citação

"Escrever é como fazer amor. Não te preocupes com orgasmo, preocupa-te com o processo" - Isabel Allende, citada in Novo Jornal, suplemento Mutamba, 13/09/2013
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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Diário | Estás armado em homem?

(Último): “Então, parentes! Está tudo bem? Até é pergunta estúpida, essa saudação, né? Então como é que na sala de espera do consultório do doutor, vou pergunta se está tudo bem?!”
(Antepenúltimo): “Não liga isso… Português custa…”
(Último): “Éh, pá. Me falem ainda uma coisa, você é que o último da fila?”
(Penúltimo): “Sim.”
(Último): “Você o primeiro, né”?
(Antepenúltimo): “Correcto.”
(Último): “Então estou quase. Mas aqui não demoram muito atender, né? O doutor já chegou?”
(Antepenúltimo): “Meu mano, vai com calma, não gastes as perguntas de uma vez. Vamos ter tempo. Nós aqui, duas horas sentado… Até as nádegas estão já anestesiadas.”
(Último): “Parece que morrer cansa menos, ya? Os médicos afinal são porquê assim?”
(Penúltimo): “Os médicos e os advogados. Parece que a licenciatura deles vale cinco vezes. Eles só são licenciados tipo eu. Como se já não bastasse lhes chamar de doutor, é secar à espera.”
(Antepenúltimo): “Aí falaste! Viver é lixado, ya?”
(Último): “Mas o que é que vos trás aqui, meus manos?”
(antepenúltimo): “Assim estás a perguntar como?!”
(Penúltimo): “A minha situação – não é ser mal-educado – só eu e o médico é que sabemos …”
(Antepenúltimo): “Eu também…”
(Último): “Não fiquem mais com vergonha. Todos aqui somos homens.”
(Penúltimo): “Se é que ainda somos, né?… Meu! Lá em casa, ultimamente estou a tirar muitas negativas com a tua cunhada. O clima mesmo é aquele, mas o veio vai abaixo…”
(Antepenúltimo): “Meu problema é igual. A tua cunhada até gastou o vencimento só em lingeries, batom da cor do fogo, almofada de pétalas, mas eu entro em campo e… nada.”
(Último): “Será que é resto da febre-amarela? Não é possível, meu…”
(Antepenúltimo): “Mas em 2011 também já me aconteceu.”
(Penúltimo): “É verdade, até eu.”
(Último): “Também com vocês foi um ano antes das eleições? Pronto, eu sabia!”
(Penúltimo): “Como assim, ‘eu sabia’, compadre?”
(Último): “Quando estou na cama, hã!, aí me passa na cabeça um comício de 1992, o maior discurso do grande candidato, vês? Cheirava a victória, no fim perdemos. Aí baixa a potência...”
(Penúltimo): “Comigo é igual afinal. Candidato que falas é o velho Holden Roberto, né?”
(Último): “Qual Holden, pá?! Alguma vez fui de comer macacos como vocês do norte?! Falo do velho Savimbi. Aquilo foi campanha, sócio! Só cada discurso!... Olha, eu no um para um com a tua cunhada, era pilotar até à lua. Estes dias, o avião só cai mesmo ao lembrar a campanha…”
(Penúltimo): “Também não precisas ofender, ó seu bailundo traidor! Estás armado em homem? Nem uma simples esposa consegues satisfazer em condições.”
(Penúltimo): “Possas! Um gajo fica aqui a se abrir até das vergonhas de macho, a pensar que fala com camaradas, afinal são adversários que podem tirar proveito do ponto fraco? Por isso é que nas urnas vos demos surra! Se preparem, a campanha já começou. Vão levar, hã! Faz favor, vamos sentar com uma cadeira de intervalo. Adversários políticos não se misturam, OK?”
(Último): “Adversários ou meio-homem? Aliás, se o teu partido é governo, estás connosco atrás de reabilitação do pai das crianças porquê? Serias já a tal turbina da felicidade. Ou não?”
(Penúltimo): “Não vos conto, meu! Fui sempre director. Pensava assim: daqui a pouco administrador e um dia, quem sabe, presidente. O grande discurso do engenheiro Zédú dizer que quem ganha as eleições é que governa… Mas assim que veio o 2002 da paz é como? Ah, as habilitações do camarada são poucas, vai de bolsa aumentar os estudos?! E o cargo? Ficou lá alguém do governo de reconciliação nacional. Logo um proveniente! Haka! As eleições estão aí, eu no estudo é só reprovar… Enfim, nem com osso rinoceronte aquilo levanta…”
(Antepenúltimo): “Mas não se vendem protectores abaixo da cintura para campanhas?”
 Gociante Patissa. Benguela, 12 Setembro 2016
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domingo, 11 de setembro de 2016

Crónica | Elevadores Americanos, um monumento ao desconhecido (*)

Janeiro de 2010. A chegada a Washington DC começou com pequenos percalços no aeroporto de Dulles. Na verdade, os percalços tinham começado bem antes, no voo de ligação em Newark, onde o pessoal de segurança se alarmou pelo tamanho da pasta de dentes que trazia de Lisboa estar acima do permitido, em bagagem de mão. A presença do protocolo do Departamento de Estado (um senhor simpático de casaco azul) ajudou a desdramatizar a coisa, pois um mês antes tinha sido abortada uma tentativa bombista de Mutallab, um jovem nigeriano, de pele escura e desacompanhado, como eu.

Tive a oportunidade (como poucos a quem calha anualmente) de ser indicado pela embaixada dos EUA a representar Angola no programa de Líderes Juvenis Visitantes Internacionais, durante 28 dias. Para além da troca de experiências com várias organizações, houve visitas a uma série de monumentos e sítios, em quatro estados: Washington DC, Portland-Oregon, Salt Lake-Utah e Miami-Florida.

Em Washignton DC, ressalta-se o arquipélago de melancolias que são os memoriais dos soldados mortos nas guerras. Vindos de todos os cantos e rectas do mundo, América é uma placa giratória de turistas, que não resistem, quando lá chegam, à maresia do lugar. O nosso grupo era formado por vinte elementos, de países diferentes. A visita é guiada por jovens voluntários, que emprestam a sua emoção às narrações. Certo dia, após visita ao museu da aviação, um vietnamita desabafou: «Os americanos lamentam e choram a morte de seus soldados, mas lá onde foram, que não é seu território, mataram muito mais do que o dobro do que se queixam». Tocou-me, confesso, embora seja uma verdade à vista.
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sábado, 10 de setembro de 2016

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

UMB: Hélvio wovoMbaka, kwenda onjimbi yimwe vo yaposoka

POR: Hélvio é de Benguela, é outro bom cantor/músico

ENG: Hélvio lives in Benguela and is another great musician
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Divagações | Jornalistas proibidos de brigar com respectivos directores

Lida a primeira das propostas de Decreto Lei sobre o Estatuto do Jornalista, com aprovação agendada para Outubro, chego à conclusão que deixa de existir em Angola a figura do jornalista independente (free lance). O exercício da profissão será condicionado à obtenção da carteira profissional, que por sua vez só pode ser adquirida, entre outros requisitos, mediante declaração da entidade patronal. Ou seja, para um sector com mais interessados do que vagas, quem (ainda) não estiver vinculado a um órgão de comunicação social pode já ir repensando os critérios de escolha de padrinhos de registo/casamento/baptismo para filhos e netos, ou de genros... se for um director, ainda melhor. Brincadeiras à parte, conhecendo o potencial de conflitos diários nas redacções entre directores e subordinados, é caso para dizer que estão criadas as condições para doravante agigantar-se a porção do cinismo e humilhação, do tipo "sem a minha assinatura no teu passe, não te safas". 
www.angodebates.blogspot.com
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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