domingo, 12 de julho de 2015

Da série visitando o baú | O PEDREIRO QUE (QUASE) FUI

Inicia hoje cá no meu mural e respectivamente no blog Angodebates a publicação de parte de fotos (do tempo do analógico e que tive de digitalizar), fotos estas que registam momentos marcantes da minha vivência sócio-profissional. 

Mexer em fotos antigas é algo que tanto nos anima, como nos abala, no meu caso particular, pois há sempre algo que julgamos que podíamos ter resolvido de modo diferente, a tal estéril lucidez tardia. Seja como for, decidi avançar. Hoje saem duas do curso de pedreiro (padrão português), o qual concluí com êxito em 1997, ia eu a caminho de 19 anos, quando a falta de condições financeiras para concluir o 2.º Ano do Puniv me levou a cancelar o ano académico e tentar nos exames de admissão do IED (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento). 

Parceira do INAFOP (Instituto Nacional de Formação Profissional) e financiada pela União europeia, o IED era uma ONG, com o Eng.º João Marcelino à cabeça, que tinha o projecto de formação profissional nas vertentes de procura do primeiro emprego e para a reinserção social dos ex-militares desmobilizados, encaixando-me eu obviamente na primeira. Foram seis meses com a mão na massa. O curso era um luxo, pois enquanto formandos tínhamos um subsídio de 25 dólares americanos, que naquela altura estava acima do salário de um professor, talvez até mesmo do meu próprio pai, funcionário público ligado à governação ao nível comunal no município da Baía Farta. 

O segredo para conseguir uma vaga era apresentar o certificado mais baixo possível, sendo que eu concorri com o da 8.ª classe, salvo erro. 

Como é de imaginar, encantavam-me mais as disciplinas teóricas, tais como a tecnologia dos processos, o desenho técnico e a integração dos conhecimentos, tendo sido por conta desta última cadeira que pela primeira vez fui encarregado de elaborar o jornal de parede, que veio a ser, sem falsa modéstia, o mais elogiado pela direcção dentre os demais cursos. Terão valido os manuais de jornalismo que vinha já lendo na (estúpida) ilusão de conseguir um lugar como repórter estagiário do programa infantil da TPA, cujas gravações tinha começado a frequentar no ano anterior (no jardim do museu de arqueologia), com breves aparições a declamar poesia, a contar anedotas ou a fazer produção (bastidores) para entrevistas a clubes desportivos. 

Nunca cheguei a exercer a profissão e julgava que no ano seguinte voltaria ao PUNIV para concluir o ensino médio, não imaginava que isso estava muito longe de acontecer. Amanhã vem outro relato da série do Baú, um encontro com as minhas memórias a rolo.
Gociante Patissa, 12 Julho 2015
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