quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz natal a todos e 2009 de realizações

Foto de autor não identificado
Há momentos na vida em que gostaríamos de ser maiores que os nossos obstáculos. "Mas se não dá para mudar a situação, sempre podemos mudar a nossa atitude em relação a ela".
Feliz natal a todos e boa passagem de ano!
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Sugestão: Que tal uma sala para interacção directa entre deputados e o povo?

Que tal abrir-se uma sala, no município sede da província, onde os deputados exercessem a auscultação popular directa, nem que seja em sessões semanais ou mensais? É sugestão do angodebates. Será que faltaria dinheiro para alugar espaços?
Não sabendo desde já se tal prática encontraria respaldo na lei, pelo menos sabemos que a auscultação directa permitiria maior aproximação entre o povo e os seus representantes na Assembleia nacional. E, quiçá, ir-se-ia além da observação e suposições... E como se diz em Umbundu, "epute ly'ukuene kaly'ukuvala" (não se sentem dores físicas da ferida alheia).
Recorde-se que, nas eleições de cinco de Setembro de 2008, o partido Mpla (Movimento Popular de Libertação de Angola) venceu por "maioria substantiva" (termo de Jorge Valentim), por consequência fornecendo os cinco deputados representantes da província de Benguela (destaque para Jeremias Dumbo, Filipe Domingos, Eduarda Magalhães, e Dumilde Rangel) no parlamento.
Gociante Patissa
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Observatório Angodebates: Seis notas positivas urgentes

Seguem-se seis notas pela positiva que, na visão deste Blog, se impõem:

1. ISCED-Centro Universitário de Benguela (Internet wireless)
Foi com muita satisfação que constatamos que estudantes utentes de computadores portáteis podem já com certa eficiência beneficiar do sinal wireless no recinto do CUB (o que inclui interior e pátio) sem restrições de acesso, o que seguramente permite poupar os AKZ 300 por hora cobrados pelos cybercafés. A medida vale se analisada no contexto angolano, onde as tecnologias de informação são de certo modo "lentas" e o seu acesso oneroso. Portanto, ao Mestre Domingos Calelessa, decano, e colectivo vão os nossos elogios. Antes tarde que nunca.

2. Rádio Morena Comercial (Promoção e valorização cultural)
Temos vindo a observar uma postura de abertura à promoção cultural por parte da RMC, sendo mais sonante o programa matinal "Aiué Sábado", responsável pela tradição que leva anos de venda e autógrafos à portaria. Este fim-de-semana, por exemplo, esteve tão abarrotado o quintal que "parecia um Congo", como referiu a brincar um reconhecido escritor e docente universitário, por acolher em simultâneo os lançamentos do livro de poesia "Sexorcismo" de Martinho Bangula, CD dos Calibrados "Cartas na Mesa", e de outros fazedores de Kú-duro cujo nome nos escapa. Ao jornalista José Lopes, director, e seu colectivo o nosso grande reconhecimento.

3. Editora KAT-Consultoria e Empreendimentos (mais um "novo" escritor lança obra)
A colecção Safra-Nova, da editora KAT, lançou no mercado o seu segundo título, “Sexorcismo-poesia para purificação”, do jovem Martinho Bangula. O livro, em nossa óptica, traz uma abordagem interessante, uma forma de ler e sugerir a humanidade tendo o sexo como tábua de chamada. É a segunda aposta em autores estreantes, colecção que por sua vez se estreou com o livro de poesia "Consulado do Vazio", lançado em Julho deste ano. Mais duas obras estão no prelo, podendo uma delas sair no primeiro trimestre de 2009. Aos kotas Kajibanga e ArJaGo (e a todos no KAT) força!

4. Cidade do Lobito (obras agradáveis no sistema de drenagem)
Quem visita o Lobito pela primeira vez fica com uma inevitável impressão positiva ao ver as obras entre o Bairro da Luz e a Unidade dos Bombeiros, tal é a estética e a aparente durabilidade. Porém quem conhece a cidade e suas respectivas entranhas alegra-se ainda mais, pois tais obras representam “uma ressurreição social”, dos pontos de vista da beleza e da segurança, pois já viu muita gente morrer (e outros danos mais) pela nulidade do sistema de drenagem face à pujança das águas da chuva, o que em parte se atribui à obstrução do canal de evacuação para o mar no Lobito-Velho, resultante de entulhos nas imediações do estaleiro da Sonamet. Ao Mestre Amaro Ricardo, Administrador municipal, e ao governo o nosso OK.

5. Jornalista Esmeralda Fernandes (mostrou competência na eleição da Miss Angola)
Ninguém pode ignorar. A apresentação dos apresentadores (o pleonasmo é propositado) foi de realçar. Quando por defeito de juízo o favoritismo cairia sobre o radialista Jorge Gomes (tá maluco ou quê!?!?), eis que se despontou com simpatia, fluidez no improviso e sentido de atenção ao corrigir prontamente as (quase) gaffes do seu "parceiro" o rosto do programa "Arcos-Íris" da TPA, Esmeralda Fernandes. A ex-miss Malange
que muitos passaram a conhecer depois de se ver envolvida em escândalo por alegadas conduta promíscua e expansão propositada do vírus da SIDA segundo denúncia de suposta colega ao Angonoticias – definitivamente, esteve bem. Claro, o Jorge também.

6. Amigos e leitores do Blog Angodebates (não é assim que se enche o outro de mimos)
Pelos comentários e (de modo geral) pela interacção que vem sendo já habitual, os amigos e leitores do Blog Angola, Debates e Ideias (www.angodebates.blogspot.com) fizeram questão de "entupir" de mimos (passe o exagero) o seu editor, que somou mais um ano de vida no passado dia 17/12. Para eles todos fica aqui a enorme gratidão.

Gociante Patissa
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Jornalistas da RNA admitem falta isenção da imprensa estatal

Luanda - O núcleo do sindicato de jornalistas da Rádio Nacional de Angola (RNA) considerou hoje[11/12] que a comunicação social pública angolana não foi isenta nas eleições legislativas e apelou para uma postura imparcial nas presidenciais previstas para 2009.

"Apesar do esforço do sindicato, do próprio Governo e de organizações internacionais, os jornalistas não conseguiram ser imparciais [nas legislativas de Setembro] e em função disso resolvemos fazer um apelo para que isso não volte a acontecer nas eleições presidenciais", disse à Lusa o responsável pelo núcleo do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) na RNA, Mário Maiato.

O apelo foi lançado após uma assembleia geral do sindicato para balanço de actividades, realizada quarta-feira, nas instalações da RNA, cujos participantes concluíram que os órgãos de comunicação social públicos não tiveram uma postura "isenta" nas legislativas de 05 de Setembro.
Num documento aprovado na reunião, o núcleo do sindicato de jornalistas da RNA, com 171 membros, critica as inúmeras falhas registadas durante as eleições legislativas e afirma que durante a campanha eleitoral, foram "sistematicamente violados" princípios como o da "imparcialidade, isenção e igualdade" entre candidatos.
"Todos nós acompanhámos as notícias na RNA e na Televisão Pública de Angola (TPA) e vimos como operavam. Passava uma notícia da oposição e duas do partido no poder, peças de quatro a cinco minutos, enquanto as outras passavam em um minuto", salientou Mário Maiato.
Segundo Mário Maiato, que também é o responsável pelas questões jurídicas e laborais do SJA, foi em função dessa "falta de respeito à ética e deontologia" que se fez o apelo. Mário Maiato referiu ainda que houve favorecimento do partido vencedor (MPLA), que contudo não ditou a sua vitória, não houve promoção de debates entre os candidatos e os partidos não tiveram a oportunidade de divulgar os seus programas, entre outros aspectos. "É para essas questões que queremos alertar. Para que nas próximas eleições presidenciais não aconteça o mesmo", frisou.
O documento produzido na reunião critica ainda a virtual demissão do conselho de comunicação social verificada na altura, que é o órgão responsável por assegurar a objectividade e a isenção da informação.
Durante as legislativas, os órgãos de comunicação social do Estado foram criticados pelos partidos da oposição e organizações da sociedade civil devido a sua forma de actuação. Uma das recomendações do relatório final da Missão de Observação da União Europeia refere-se à importância de se rever a lei dos órgãos de comunicação social.
No período eleitoral e pós-eleitoral das legislativas de 05 de Setembro, alguns jornalistas e colaboradores da RNA e da TPA foram suspensos com processos disciplinares devido a declarações sobre a forma como os órgãos públicos exercem a cobertura política ou comentários sobre algumas das nomeações políticas para cargos públicos.
Fonte: Lusa
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

No dia dos direitos Humanos: "Girassol"

Foto de autor não identificado
Sintonizada à frequência
da melodrama da espécie humana
está ela perplexa humilde e sorridente
no canteiro no quintal

Escancarada aos raios escaldantes

de um sol que é de todos
traz sonhos alegres
de um amanhã sem toneladas de mortes

Num mundo de pólvoras

onde escasseia o amor
ri-se da cólera dos homens de toda parte
em conflito com a paz
em conflito com a justiça
em conflito consigo mesmos
e no seu verde e amarelo
vai singela a planta girando ao sol

Gociante Patissa, In «Consulado do Vazio», Kat-Benguela, 2008
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Encerrou como "Foto Diamante", reabre com bué de pérolas

Que a força da língua portuguesa está na sua expansão pelo mundo e, sobretudo, pelo que vem ganhando na influência/contacto com outras línguas, isso já é indiscutível. Agora, que ler letreiros permite a pessoa não só "aprende" a variante chino-vietnamita, mas também melhora a disposição...

Foto situada na rotunda do Curinje em Benguela.
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Crónica: “Hoje não ouvi a chuva”

Tinha começado a chover sem que desse por isso.

Estava por demais embalado nas cogitações peregrinas típicas de um jovem, o sonho por um big-bang que traga a namorada, o emprego ideal, o carro e a habitação num só semestre. Como se pode ver, é demasiada carga de expectativas para sobrar tempo algum para atender os restantes órgãos dos sentidos. A percussão das gotas da chuva que tocavam o tecto de zinco, de tão homogénea, aos meus ouvidos se confundia com uma bela sinfonia melancólica, que era o que mais apetecia.

Entretanto, uma gota intrusa tocou-me o ombro, num misto de arrepio e frio, frio também atípico nesta era de aquecimento global. Olhei à minha volta, desta vez com olhos de ver, e notei a presença do garçon que, talvez já acostumado a lidar com portadores de utopia, estava há muito parado à minha frente. Era evidente no seu olhar o dilema: hora de fechar o caixa e ao mesmo tempo não me querendo incomodar. Foi inevitável o instinto. Reparei o peito do conterrâneo, viciado que estou a fazer o mesmo com as moças por questões de pesquisa (só isso!). Na verdade, e o digo depois de observar em tudo quanto é bar e lanchonete, as atendedoras têm quase sempre uma característica comum: o peito achatado. Mães solteiras, adolescentes com etapas queimadas, atrás do prejuízo.

Devia ser demasiado educado o garçon, para se deixar empatar por um cliente que há tanto tempo nada consumia. Seria até legítimo da sua parte tratar-me mal, recorrendo à (quase cultural) atitude de supremacia dos atendedores.

“Mó mano, vão render já. O turno é outro”, alertou-me, reticente e fragmentado na linguagem.

“Sim, claro
respondi. – Distraí-me a ler esse jornal”.

Desculpei-me, acabrunhado, e saí andando. Eram já 18:00 horas. Restava-me acelerar o passo porque o Alexandre, meu sobrinho superdotado lá das bandas do Kioxe, pediu que lhe trouxesse na próxima visita, hoje portanto, línguas de gato. E como promessa feita é direito adquirido para a criança, cabia-me implementar esta lição dos idos anos de activismo pelos direitos da criança.

A chuva sucumbia à medida que a noite se instalava, tímida mas determinada. E só a aragem, coroada com o cheiro da terra molhada, conseguia levar-me a viajar nas memórias do kimbo, fugindo por alguns instantes da rotina ofegante da cidade… e reaprender a ouvir a chuva.

Gociante Patissa, Benguela, Novembro 2008
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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Biografia

Biografia

Não havendo sobre mim

história a contar
os dois paragrafozinhos do meu passado
no presente anexai

O que se tem a contar

repousa na perplexidade
do futuro a desbravar

Toda a existência

é só um curso
de milhares de esforços a acumular

Gociante Patissa, In «Consulado do Vazio», Kat-Benguela, 2008
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A vidraça e os lençóis

Foto de autor não identificado
Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou através da janela em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está a pendurar no varal! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar a roupa!…


O marido, calado, ia escutando tudo.
Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido:
- A nossa vizinha continua a pendurar os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar a roupa!
E assim, cada dois ou três dias, a mulher repetia o seu discurso, enquanto a vizinha estendia a roupa no varal.
Passado um mês, a mulher ficou surpreendida ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos e, toda empolgada, foi dizer ao marido:
- Olha, ela aprendeu a lavar a roupa! Será que a outra vizinha a ensinou? Porque eu não fiz nada!
O marido calmamente respondeu:
- Não, hoje eu levantei-me mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!

Fonte: Agenda Jovem 2008 (missionários católicos)/ Foto: "roubada" na Internet
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sábado, 22 de novembro de 2008

O anúncio

O dono de uma pequena fazenda, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua e disse-lhe:
- Senhor Bilac, estou a precisar de vender a minha fazenda, que o senhor tão bem conhece. Poderia redigir-me o anúncio para jornal?

Olavo Bilac pegou numa folha de papel e escreveu:
- “Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeiro. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.


Meses depois, o poeta encontrou-se com o homem e perguntou-lhe:
- Então, conseguiu vender a sua fazenda?
- Nem pense maus nisso, disse o homem. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha.

Moral da história:
Às vezes, não descobrimos as coisas boas que temos e vemos longe, atrás da miragem de falsos tesouros.


Fonte: Agenda Jovem 2008 (missionários católicos)
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

poemas do meu dorso: "Inegociável"

A quem quer que me pedisse opinião
eu sei o que diria
e é há muito que o sei: um “NÃO!!!”
que a guerra é a maior porcaria

Gociante Patissa
Benguela, 12 Nov. 2008
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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Calou-se mais uma voz

Miriam Makeba, 76 anos, faleceu ontem (09/11) na Itália em consequência de um ataque cardíaco. Sul-africana de nacionalidade, Makeba faz parte dos ícons da música do nosso continente, destacando-se do seu acervo os temas "malaika" e "pata-pata".
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Caimbambo... Um potencial mundo a descobrir no interior de Benguela

Esse mochileiro sou eu! É disso que realmente gosto: sair de mochila nos cornos para descobrir o mundo e trazê-lo na mente e no acervo fotográfico; mundo que se acha em cada linha de diálogo com os autóctones, cuja via de comunicação é profunda porque proverbial, para lá do asfalto. Como sinto falta dos tempos de mobilizador full-time no campo da sociedade civil, por isso mais "livre", mais eu!!! Não foi à toa que antecipei a folga no ganha-pão para 4ª feira, preterindo inclusive o sábado.

Hora e meia foi o tempo necessário para chegar à comuna sede, Caimbambo, numa velocidade mediana de 120 Km/H, à boleia do Land-Cruiser com menos de 6 Km. Não sendo de se ignorarem, os trabalhos de asfaltagem da via iam merecendo nossos elegios.

Já na Aldeia de Malua-2, enquanto a formação com pais e encarregados de educação decorre, eu retiro o jeep e me meto mata a dentro, explodindo de alegria ao cruzar com crianças vindas da escola. Embalado no prazer da picada vou descobrindo bué de povoações e aldeolas, de gente nossa de volta ao virgem espólio, que de promiossor se confunde com a história de Angola, finalmente em tempos de paz, em tempos de União. Ái, como amo o meu país! Se disser o contrário algum dia, façam-me tudo, menos perdoar!!

Gociante Patissa
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Benguela: A Odebrecht podia ter mentido “melhor”

Foto de autor não identificado
O fim da greve na construtora brasileira Odebrecht foi manchete, hoje (27/10), no programa “Rádio Cidade” da Rádio Morena, num trabalho colhido por Zé Manel (correspondente da Rádio Ecclesia em Benguela).

A partir de Novembro o salário mínimo passa para 18 mil e “qualquer coisa”, contra os anteriores 14 “e tal”, para a satisfação da responsável da comissão sindical. No centro da polémica estava a exigência da uniformização salarial (para os angolanos) entre Benguela e Luanda. Pior que isso, ao que consta, é a “colossal” discrepância em relação ao que os brasileiros auferem, de quem se diz receberem USD 300 só por semana.
Aumento sim, mas não será para já a uniformização, facto confirmado pela voz autorizada do “império”, o cidadão Brasileiro Luís Bueno. Em Luanda o salário mínimo é de 20 mil “e alguma coisa”, enquanto que em Benguela ficou-se pelos 18 mil e “alguns troquinhos”.
«Quando a gente chega numa área procuramos estudar o custo de vida. E notamos que em Benguela (2003), inicialmente era 20% menos caro do que Luanda», justificou-se mais ou menos nestes termos o dirigente. Quanto à “mordomia” dos brasileiros, disse, «não corresponde com a verdade», para acrescentar perante a insistência do repórter que «eles recebem o correspondente em reais, que é a moeda do Brasil», quer dizer, «não recebem aqui os salários, mas apenas um adiantamento e dinheiro para questões de higiene». Mas então quanto ganham? «Depende da sua função, podem ganhar cem ou duzentos dólares», finalizou com o habitual sotaque melódico.
Ora, Luís Bueno pode ser até um bom gestor, mas revelou grande falta de honestidade, diga-se mesmo respeito, para com os angolanos. Trazer brasileiros, supostamente técnicos, para auferirem o equivalente a sete ou 15 mil kwanzas, nem em coma alguém acreditaria. Logo, com o todo respeito que temos pela qualidade de algum do seu trabalho, a Odebrecht até podia ter mentido melhor!!!!
Gociante Patissa
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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Faleceu o jornalista e trovador Nelson Pâncio

Alguém, por favor, me pode fornecer a fotografia do malogrado, que nem no site da TPA encontrei?
A morte desfere-nos mais um duro golpe na boca do estômago. Partiu ontem vítima de doença no Hospital Militar de Luanda, Nelson Pâncio. Natural do Moxico segundo a TPA, destacou-se na década de 80 enquanto "pedra" da Rádio Nacional de Angola e da Televisão Pública de Angola no Huambo. Licenciado em Comunicação Social na ex-União Soviética, de volta a Angola emprestou o rosto os programas televisivos " Ecos e Factos" e o " Telejornal".

«Nelson André, ou Nelson Pâncio, como queira», foi assim que se apresentou na única vez que o abordei. Foi a entrevistá-lo ao telefone no espaço "Viver para Vencer", através da Rádio Morena (Benguela) em 2007, sobre "o papel das figuras públicas no desenvolvimento da sociedade". Zila Calei foi quem facilitou tal participação. «Para além de jornalista, sou também músico», diria. Pena mesmo é não ter comigo por enquanto a cassete áudio para reproduzir as suas opiniões.
Encontrei no Club-K um comentário do internauta Chimuanga Jose, que atribui a Nelson Pâncio, ou Nelson André como queiram, a autoria da música "qualquer só, o mano é que sabe". Permitam-me reproduzir o trecho a despeito de ser relativamente extenso:

«Seras honrado genral Pancio: Ai mano Nelson, o teu nome ficará nos anais da Historia de Angola. Usaste a música como arma de combate. “ Qualquer só o mano é que sabe”, com esta música na década de 80 no Huambo despertaste a sensibilidade nacional, numa altura em que a maior parte dos lares vivia de couve com pirão, feito a lenha, porque as vezes nem gás havia. (pirão esse que era conseguido com o sacrifício e perdas de vidas humanas, devido as embocadas militares). As vias estavam fechadas, haviam emboscadas a caminho do Bailundo, Caconda, Calima , Longonjo, etc. Acordávamos cedo para ir a fila da carne e do peixe congelado que vinha de Benguela… Enfim….Eram tempos memoraveis . Muitas famílias começaram a deixar a “cidade de vida/morte”, fugindo para o litoral do pais ( luanda, benguela , Namibe) etc. A vida continuou …. Com a tua simplicidade, ternura, respeito e paciencia dizias: bons tempos virão…. A paz chegou e fugiste de mansinho… Aguentaste tanto embastes. O que te faltou agora irmão ? Choro a tua morte que nem uma criança , quando perde os pais…. Aí o nosso general do Huambo partiu sem dizer Adeus…. Mas serás honrado e glorificado para todo o sempre. Descansa em paz!»
Angodebates
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sábado, 18 de outubro de 2008

Faz um ano hoje que Lucky Dube foi assassinado

Toto: reprodução
Contrariando a tese de que «não se deve chorar pelo leite derramado» - porque por este, sim, se deve chorar - o Blog Angodebates recorda Lucky Dube, assassinado a 18 de Outubro de 2007. De resto, mais uma vítima da estupidez (é o termo mais simpático) dos seus próprios irmãos.
Pior do que isso, em meu entender, é o silêncio em torno do caso. No calor do crime, as autoridades policiais e não só sul-africanas prometera esclarecer. Por tudo o que nos é dado a entender, ainda não se foi além da apresentação dos supostos assassinos, dois moçambicanos e igual número de sul-africanos. O roubo de viatura, tido oficialmente como suposto motivo do crime, é um argumento nada consensual desde o primeiro momento. Lucky Dube foi (só) vítima de casual assalto?
Entre as várias profecias da inapagével estrela do Reggae, que muito se bateu contra o apartheid, propomos extrato da música "my brother, my enemy": "Not every black man is my brother, not every white man is an enemy" (Nem todo preto é meu irmão, nem todo branco é um inimigo).
Quantos mais "mataremos"? Quanto tempo é necessário para percebermos que "dinheiro não se come"? Como ele mesmo disse, "We know our heroes die in vain" (Sabemos que os nossos heróis morrem em vão). Temos, devemos viver com respeito e juntos!
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domingo, 12 de outubro de 2008

Benguela: Após década e meia... Dumilde Rangel exonerado

Foto de autor desconhecido
Um comunicado dos serviços de apoio à presidência da república, difundido este sábado, 11/10, dava conta da exoneração de Dumilde Das Chagas Simões Rangel (na foto) do cargo de governador da província de Benguela, pondo fim a década e meia de mandato, lugar que será ocupado pelo até então embaixador da república de Angola no reino de Espanha, general Amando da Cruz Neto.
O mesmo pacote de exonerações e nomeações abrangeu mais sete provincias.
Assim, Mawete João Baptista substitui Bento Cangulo na província do Uíge, enquanto que Eusébio Teixeira de Brito sucede a João Baptista Tchindandi na província do Kuando Kubango. Por seu turno, António Didalelwa vai à província do Cunene, que viu o seu governador, Pedro Mutindi, nomeado a Ministro da Hotelaria e Turismo. Isaac Anjos, que já foi embaixador na África do Sul e com passagem no Ministério da Agricultura, é esperado a dar outro alento na província da Huíla, até então governada por Ramos da Cruz. "Sempre a subir", como diria Virgílio Fire, vai Cândida Celeste da Silva, antiga Ministra da Família e Promoção da Mulher, à província do Bié, substituindo José Amaro Tati. Outra aposta a confirmar a "revolução" feminina, agora com três mulheres no cadeirão principal de um governo provincial, é a deputada Cândida Narciso, que vai à província da Lunda Sul. Finalmente, o antigo ministro da Cultura e escritor, Boaventura Cardoso, foi nomeado para governar a província de Malange, de Cristóvão da Cunha.
A saída de Dumilde Rangel, formado em economia, é há muito motivo de especulação e manifestação de amor e ódio nos mais diversos círculos, mas viria ser iminente com a sua eleição a deputado, fruto das eleições legislativas de cinco de Setembro, em que o Mpla conquistou os cinco lugares na província de Benguela.
Gociante Patissa
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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Crónica/provocação: Buraco da Saudade... Não me fales do Libolo




Esses são miúdos! Há uma equipa de verdade, do Norberto Maia Ndulo "Noro" (que marca golos a partir do centro, enquanto os adversários rasgam a camisola 7, só para ver se não passa).
Quem é o Libolo, que não tem Sayombo, cujo remate fura a rede? Cuidado então, depois não digam que é azar! De que libolo me falas, que não tem líberos como Cotel, nem avançados como Vicy? Por acaso, no Libolo, alguém se chama César Caná? Vou te falar, mano, mística mesmo é no "Estádio do Buraco", onde pobre assiste na montanha, o rico na bancada, mas gritam "goooooloooo" ao mesmo tempo.
Duvido que existam alí adeptos que não jantam se a equipa perder em casa. Só que eu falo do passado (onde as glórias da Académica do Lobito ficaram) e tu falas do Libolo (do hoje em dia, com peito erguido, sempre em frente). É esta a diferença: um faz história e o outro congelou-se na história, só levanta de vez em quando o pé para simular que está vivo na morbidez infertil da luta para subir de divisão.
PS: Disseram-me os pássaros que, desde que tiraram o comando da equipe técnica ao mais Velho Tó Chiby, confiando-o (ao bairrista e nada erudito) técnico Pintar, tem sido um constante caldo de vitórias. Até já cresce a expectativa de ascender à primeira divisão. E lá vamos nós (de fantasia na mão) derrotando já o Libolo em antecipação. Não me liguem, que eu não ligo tanto o desporto. Andei a escrever isso só para provocar o Canhanga, que o gajo nunca mais diz nada, pá!
Gociante Patissa
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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Conto: A escolha da prenda

Havia em Cayave, interior do município do Caimbambo, três homens que andavam revoltados pela vida que levavam. Andavam cansados de fazer todos os dias a mesma coisa, numa área bucólica sem figuras nem eventos. Era todos os dias ver o sol nascer e morrer no mesmo sítio. Dormiam cedo, para cedo ir à lavra, excepto aos domingos.

– Que vida chata a nossa, ó Sikaleta! – reclamava Sipitali.
– Que tem a nossa vida, ó Sipitali?
refilava Sikaleta, o menos exigente dos três. – É a vida que os nossos pais sempre levaram. Querias o quê? Cruzar com o Rei? – ironizou.
– Ya! Cruzar com o Rei…! Bem que seria uma dica fixe! – respondeu Sembele com a mania de voar nos seus pensamentos. – É que isso cansa! Será que vamos chegar a velhos, assim como hoje, sem valor nenhum? Temos que fazer algo! – continuou.
– Deixa-te de fantasias, ó meu!
minimizou Sikaleta, armando-se em mais velho do grupo.

A discussão prolongou-se tarde adentro. Decidiram montar uma parada ao longo do caminho, por onde passavam, de vez em quando, ou seja, muito raramente, gente importante. «Assim – pensavam eles – quem sabe ainda alguém nos aperta a mão».

Para realizar o sonho, os inconformados optaram pelo sacrifício de ir à lavra às noites. É que assim teriam muito mais tempo de vigia na sua parada – figuras importantes têm a mania das viagens espontâneas, e eles não queriam estar desprevenidos.

Ia já a vigia no terceiro mês. E calha que, ao passar disfarçado por eles, o rei da Babaera sentiu-se mal. E como desconfiavam de todos e perguntavam sobre tudo e mais alguma coisa, facilmente reconheceram o soberano. Ofereceram-se então a transportar os haveres do Rei até onde ele quisesse, nem que isso os levasse ao fim do mundo. Caminharam sem parar durante duas semanas. Chegados ao palácio do Rei, foram tratados com as mordomias todas. Comida ou bebida, era fixar o olhar à bandeja, que a donzelas vinham elegantemente servir.

No dia de regresso, o Rei chamou os três para despedida. E perguntou o que cada um queria de presente, tendo que escolher: levar o dinheiro ou o livro.
– Bem, meu ilustre Rei – disse Sembele –, eu pensei, pensei e conclui em consenso próprio que, com o dinheiro que me der, posso comprar muitos livros pelo caminho.

E o Rei estendeu-lhe o envelope com trinta notas de mil.
– E tu? – dirigiu-se o Rei ao Sikaleta. – Dinheiro ou livro?
– Bem, Rei meu, prefiro o livro. – disse Sikaleta. – Assim terei como ocupar os momentos livres e aprender sempre mais um pouco.
– Quanto a mim, meu Rei, nem dinheiro, nem livro. – surpreendeu Sipitali. – Eu quero o teu diskman e um disco MP3 de Speed, digo, Ku-duro.

Uma vez satisfeita a vontade de cada um, partiram de volta à casa. Vaidoso, Sembele foi comprando tudo que lhe aparecesse em frente. Sempre atento, Sikaleta seguia os conselhos do livro, que dizia: «dinheiro não fermenta, tirar não é pôr». Leu também que não passaria fome, já que o seu amigo não conseguiria comer sozinho, vendo os demais com a boca seca. Por seu lado, Sipitali excitava-se ao sabor do ku-duro no seu MP3. E outra vez, consultando o livro, Sikaleta leu: «uma só música não alimenta nem faz crescer». Leu também que «nada move sem pressão», percebendo que assim que as pilhas perdessem força, não haveria mais música no mato.

Chegados à Cayave, sua banda, abraçaram-se entre o cansaço e a alegria. Nisto, o livro escorregou das mãos de Sikaleta e dele caiu um envelope, com noventa notas de mil, e um comentário do Rei: «Aquele que escolher o livro terá levado o conhecimento, o dinheiro e a música num só artigo».

Adaptação: Gociante Patissa, para o programa “Aiué Sábado” da Rádio Morena, Setembro de 2008
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Crónica: Diário da insónia em Luanda


Quinta-feira
São 22:00h e estou enrolada no sono. Entorpecida pelos ruídos domésticos da vizinhança. Uma porta que range, um passo mais pesado. No entanto, os meus sentidos vão-se esfumando num doce embalo.

De repente, como que um trovão, como se uma tempestade eufórica, surgida de um qualquer apocalipse, rebenta a música. Estremeço, salto da cama, espreito a janela. Na discoteca ao lado do prédio, “baptizada” por Cervantes, dragões emanam gritos de sons e palavras.

São 7:00h, consumidas de olheiras e cansaço. O despertador já tocou e são horas de enfrentar o trânsito a caminho do trabalho. A música pára, depois dos últimos acordes.

Sexta-feira
São 22:00h. Exausta da noite branca havida na véspera, escondo-me nos lençóis brancos e frescos da minha cama. Dormir, pousar as tarefas do dia, partir para os sonhos e poder acordar tarde no dia seguinte, pausa de trabalho. A cabeça na almofada, os olhos a cerrarem-se num afago.

O monstro
sacode a cama, sacode-me o sono, sacode a rua inteira, com uma enxurrada de som, que arrasta tudo no seu caminho impiedoso. É a festa, alegria dos foliões da discoteca ao lado da casa, com certeza possuídos por tamanho ribombar das colunas colocadas ao vento e ao cacimbo.

São 7:00h. A música cala-se. Apitam os carros que querem sair e estão tapados pelos retardatários da última cerveja. Trocam-se insultos na rua, discutem-se as última palavras com sabor a vapores etílicos.

Sábado
São 22:00h. O corpo pesa-me, a cabeça baralha-me os sentidos, os olhos debruçam-se debaixo das pálpebras. A cama apetece-me, o sono torna-se autoritário. Deixo-me cair literalmente sobre os lençóis.
Os sons despertam-me. São violentos, são socos nas paredes, no espaço, nos vidros que estremecem. Desesperada, agarro a almofada e tento a sala, o corredor, mas o som é persistente, agreste, guerreiro. Tombo no sofá da sala, enroscada sobre mim mesma, com raiva, com desespero.

São 7:00h. O silêncio final da música, se assim se pode chamar, distorcida, arrogante, impiedosa, calou os sons dos carros, das brigas matinais, de tudo. Adormeço, enfim. Esqueço o programa de fim-de-semana, os amigos. Só quero que me deixem o sono.

Domingo
São 22:00h. Prevejo o destino imediato, como uma morte anunciada. Não erro. A música irrompe em trombetas pelas veias do prédio. Como pode uma rua inteira de Luanda sucumbir noite após noite, sem um reparo, sem uma multidão em pijama à porta da discoteca exigindo o direito ao descanso. Que brandos costumes são estes que limitam a mais elementar necessidade?

São 7:00h. Entro no carro para mais uma travessia da cidade rumo ao local de trabalho. Só peço que ninguém me dia bom-dia.

Quinta-feira
São 22:00h e estou enrolada no sono. Entorpecida pelos ruídos domésticos da vizinhança. Uma porta que range, um passo mais pesado. No entanto, os meus sentidos vão-se esfumando num doce embalo.

De repente, como que um trovão, como se uma tempestade eufórica, surgida de um qualquer apocalipse, rebenta a música…
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Cão, o Gato e o peixe na grelha

Pelo menos uma vez na vida, o Cão e o Gato tentaram levar uma vida pacífica. É que não se justificava mais – entendiam ambos – a rivalidade, quanto mais não fosse pelo facto de habitarem debaixo do mesmo tecto:
– Vizinho Cão, consegue dizer-me a razão de sermos inimigos?
– Para ser sincero, mano Gato, eis uma pergunta que nunca ninguém me soube explicar! Então, mas porquê a pergunta?
– Bem, não é nada de especial. Mas…
– Epá! Acho melhor te afastares. Ir na tua conversa não significa que me apanhaste a pata, fica já a saber!!!
– Lá estás tu, ó Cão, com a tua parvoíce! Por acaso te faz mal conversarmos?
– Digamos que não.

E a conversa continuou entre inimigos, que aproveitavam bem a saída da dona de casa para as compras:
– Você já imaginou, ó Cão, como temos tanto em comum?
– Será?
– Claro! Veja só: andamos sobre quatro patas, temos cauda, a mesma ama, somos solteiros. Então?
– Estamos juntos mas não estamos misturados, ó Gato!
– Para quê usar estas palavras que nem são tuas sequer?

Tanta era a lata do Gato, que ao Cão faltavam argumentos para não acreditar no novo projecto de paz no lar. Perante tão boas intenções, também já cansado de andar aos murros com o “baixinho miau”, decidiu aceitar o pacto. Surpresa, porém, ficou a dona de casa ao notar que, ao contrário do habitual, o Cão e o Gato já não disputavam a apresentação das boas vindas. «Esses gajos devem ter muita fome», pensou:
– Mas vocês ouviram óbito ou quê?
NÃO – responderam os ex-inimigos.
– Mas não vos parece que há paz a mais nesta casa? Então já não brigam? É como então?
– Bem… temos algo a dizer, avançou o Gato.
– Decidimos acabar com a inimizade de longos anos, cuja origem desconhecemos.
– Têm certeza que é mesmo isto o que querem?
– Sim! – asseguraram.

O tempo passava e melhor se entendiam. A ama só olhava admirada o novo fenómeno, bonito de se apreciar por assim dizer. E sempre que ela saísse, um deles ficava de Oficial-dia. Geralmente, o Cão fazia o papel de protector físico, enquanto o gato era electricista. E num belo dia, enquanto a ama aguardava pelo noivo para um almoço romântico, descobriu ela que algo faltava para os temperos. E:
– Meus amigos, tenho de sair.
– Sim, nossa ama!
– Vocês sabem que nesta casa somos pela responsabilidade.
– Sim senhora! – confirmavam.
– Hoje é vez de quem?
– Do Cão, senhora! – disse o Gato.
– Pois! Meu cãozinho, toma conta da casa e ajuda o Gato.
– Sim. A senhora sabe que sempre fui seu amigo e fiel protector físico.

E dizendo isso, o Cão estendia os braços para mostrar sua mascote de ouro e fingia sacudir poeira no seu fato novo, mais novo até que a gravata.
– Não quero encontrar problemas.
– Sim, senhora. Desde que fizemos o pacto com o Cão, reina tranquilidade – dizia o Gato.

Meia hora depois, com fome e gula o Cão dirige-se ao gato:
– Confrade Gato, tira então um naco do peixe na grelha.
– Caro Cão, não diga isso nem mesmo a brincar.
– Gato, então você acha justo aqui suportar o cheiro do grelhado e estar com fome?
– Não! Roubar é feio e crime.

E nesse puxa e não puxa, a boca do Cão fiacva cada vez mais cheia de água até não aguentar mais. Foi então que pegou na mão do gato, levou-a à grelha beliscando assim boa parte do peixe, o qual comeu num piscar de olhos, enquanto o Gato sofria com a dor da mão queimada.

Ao chegar à casa, a ama reparou a desgraça com o peixe na grelha e chamou ambos para uma conversa dura e rija. O Cão limitou-se a fazer gestos de fino, dizendo que, se ao longo dos anos nunca roubou nada, não seria naquele dia que sujaria a sua reputação por um simples peixe. O Gato, que ainda chorava por causa da queimadura na mão provocada pelo falso amigo, não teve tempo para se defender e foi expulso do lar.

Moral da estória: “muitas vezes o mal vem de quem menos se espera, mas geralmente paga o pobre”.

Adaptado por Gociante Patissa, Julho/07 (publicado no Boletim informativo, educativo e Cultural “A Voz do olho”, propriedade da AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade, Lobito, Edição de Setembro/2007)
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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

À guisa de Crónica: Chegamos a mil

Será evento indelével, fá-lo-ei pessoalmente.
Quando amanhã, antes do meio-dia, for pessoalmente fazer o depósito no banco, olhar-me-ão com estranheza, do tipo, «este gajo não bate bem ou quê? Então vem logo depositar [apenas] Kz 600,00 (seiscentos kwanzas)? E eu, fingindo não perceber, vou continuar na minha, tipo nada. Ainda, se fosse permitido, assobiaria. É que eles não são obrigados a saber que o “Consulado do Vazio” conseguiu vender até agora USD 1000,00 (mil dólares norte americanos).

Este valor não inclui ainda as vendas em locais especializados, tais como as tabacarias Grilo (Mercado de Benguela), Mini-Mini (Mercado de Lobito), e as Livrarias Lello (Benguela) e Escolar Editora (Lobito), e a Universidade Católica, instituições que aceitaram amparar o nosso “livrinho”.

Fomos depositando religiosamente em conta bancária específica cada dinheiro das vendas do poemário “Consulado do Vazio”, cujo preço variou entre Kz 500,00 a Kz 650,00. Primeiro, por ocasião do lançamento (26/07/09) no quintal da Rádio Morena, onde vendemos 63 livros, e no Salão do bairro da Santa-Cruz, onde o autor mora desde 1987. Depois, por intermédio de familiares, amigos e membros da AJS, ONG angolana de que o autor é membro e, por último, com ajuda de colegas de serviço.
Angodebates
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domingo, 7 de setembro de 2008

Por que é que a cauda de lagartixa cai? (Fábulas da nossa Terra)

Conta-se que Dona Lebre e Dona Lagartixa eram boas comadres – mas comadres mesmo de verdade…! Trançavam-se o cabelo uma a outra. Estavam tão habituadas a manter as fofocas actualizadas, que, na ausência da Dona Lebre, Dona Lagartixa ficava doente e vice-versa. Mas não há nada melhor do que o tempo e a fome para medir a força das relações.

Certo dia, vinha Dona Lebre de uma aldeia vizinha, ressacada ainda de tanto dançar na festa da noite anterior. Trazia numa mão a felicidade e na outra a carne de vaca para alimentar a família. Mal se aproximou da aldeia, viu uma goiabeira de frutos bem maduros. Para Dona Lebre, toda emancipada, trepar uma goiabeira é coisa mínima. E trepou, deixando a carne ao pé da árvore sobre uma pedra.

Ainda não tinha comido um único fruto, quando ouviu gritos de lá debaixo da árvore:

– Achei não roubei! É minha sortiiiéééé!!!!! – gritou Dona Lagartixa.
– Deve haver uma confusão. A carne é minha, deram-ma na festa – argumentou Dona Lebre.
– Nunca, comadre! – interrompeu Dona Lagartixa – Isso é que a carne não é!!! É que nem penses!
– Por tudo que é mais sagrado. Só parei para provar umas goiabas. E como não dava jeito trepar com a carne, deixei-a ao pé da árvore. Deixe-me dividir um pouco consigo, cara comadre…
– Não dá! Dividir o que achei? Assim perco a minha sorte. Ou levamos o caso ao Rei ou não sei…

Dirigiram-se ambas à ombala do Rei, cada uma convencida de estar a razão do seu lado.
– Ó Rei, – disse Dona Lagartixa – se a carne fosse da comadre Lebre, não teria trepado com ela?

Engasgado, o Rei não teve outra saída senão atribuir a carne à Dona Lagartixa. Esta, feliz por ganhar a causa, saiu disparada com a gula de devorar a carne com os filhotes. Mas, por distracção, deixou a cauda do lado de fora da toca. Nisto, D. Lebre deu conta da cauda da Lagartixa. Agarrou-a e gritou:
– Obá! Achado não é roubado! Achei uma cauda de lagartixa, é minha sorte!
– Pára, pára, pára aí, ó comadre Lebre! – resmungava Dona Lagartixa a pedalar de cabeça para baixo.
– Já não reconheces a minha cauda, comadre Lebre? Isso já é abuso, não te parece?
– Não... eu achei a cauda, comadre Lagartixa…
– Mas como é que vais achar uma coisa que está presa no meu corpo? A comadre só pode estar a querer apanhar-me a pata! Vamos só à ombala do Rei.

Uma vez lá, e ouvidas as duas versões, o Rei já não teve problemas em decidir. E disse:
– Se entrou para a toca, Dona Lagartixa, e deixou a cauda de fora é porque não é sua. Não foi o mesmo com a carne da outra?

Dona Lagartixa ainda tentou ludibriar outra vez, mas o Rei tinha um exemplo claro, e ordenou:
– Dona Lebre, segura o machado e corte a cauda à sua comadre, senão você vai perder a sorte.

Dona Lebre cortou a cauda e, como não precisava de caudas de lagartixa, jogou ao chão, aí mesmo na ombala do Rei. A proprietária recolheu a sua cauda e saiu desesperada à procura de um bom médico cirurgião plástico. É por isso que, quando se dá um golpe, a cauda da lagartixa cai.

Moral da estória: uma amizade de verdade resite à fome, a distância e outras tentações.

Fábula popular Umbundu adaptada por Gociante Patissa para o programa “Aiué Sábado” da Rádio Morena, Benguela 14/08/08
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Conto: Há muito jacaré por aí (fábulas da nossa terra)

Quis o destino que a família Macaco habitasse numa árvore na margem do rio Catumbela, onde seria fácil cuidar da higiene e a comida abundava.

Estava o Sr. Macaco a fazer a barba, numa bela manhã, quando recebeu uma visita muito animada:
- Bom dia, caro Macaco! – saudou eufórico o Jacaré – Concluí que temos de ser amigos.
- Estás maluco ou quê? – retorquiu o Macaco – Somos vizinhos e isso BASTA!
- Está aí um ponto que tenho de discordar contigo, Sr. Macaco…
- Mas discordar como ó Jacaré? – interrompeu – Se tu és incapaz de trepar a mais baixa das árvores, que amigo hei-de ser para ti, eu que mal sei nadar? – refilou o Sr. Macaco.

A troca de argumentos continuou. E como era já meio-dia, o Sr. Macaco chegou até a pensar que tudo não passava de truques do Jacaré só para «patar» o almoço da família Macaco.

- Não vale a pena! Não é possível juntar o que a natureza quer separado – disse o anfitrião.
- Não concordo, Macaco! Não é justo culpares a natureza, quando o que falta é vontade. Ao menos tente! Eu fico na água, tu na árvore, e construímos uma amizade forte como a vida – propôs o Jacaré.

Nasceu ali mesmo o pacto da amizade. Passavam-se os dias e fortalecia-se a amizade. E num desses dias, surgiu o Jacaré com o mesmo entusiasmo e uma proposta na manga:
- Amigo Macaco, é já tempo de conheceres a nossa residência.
- Não sei se é boa a ideia, amigo Jacaré. Para mim estava melhor assim: tu lá e nós cá.
- Macaco, Macaco, não é possível negar-nos esse privilégio. Ao menos tente! A minha casa fica lá naquela pedra, ao meio do rio, e levo-te às costas. Como vês, é de fácil acesso.
- E o Macaco aceita. Pesava-lhe a consciência desagradar um amigo.

Chegados no meio do rio, vem a surpresa:
- Bem, Macaco, sempre achei que entre amigos não deve haver segredos… A verdade é que a minha mãe está gravemente doente e o único remédio que a pode salvar é coração de Macaco. Foi por isso que te trouxe cá… E sinto-me, como bom amigo, na obrigação de contar-te.
- Ai ééééé!? – Exclamou o Macaco numa pausa de um minuto – Só isso? Que falasses mais cedo! É que agora estou sem coração por uma questão de boas maneiras. Porque nós, macacos, quando levamos o coração brincamos muito mal em casa alheia; pulamos p’ra cá e p’ra lá… e mesmo você e a ilustre família não iriam gostar. Agora mesmo, temos de voltar à árvore buscar o coração. RÁPIDO!
- Juras, Macaco?
- Ainda duvidas? Juro por mim e pela vida da “nossa mãe”, que pode morrer se nos atrasarmos.

O Jacaré dá meia volta e regressa em alta velocidade. Mal chegam, o Sr. Macaco pula e grita:
- Já viste um animal sem coração? MATUMBO! Eu é que bruxei a tua mãe, p’ra me matares?

O Jacaré perdia um amigo e a mãe no mesmo dia. O Sr. Macaco salvou-se graças à inteligência na hora do perigo. Por isso, em Umbundu, macaco chama-se “Sima”. “Sima wasima olondunge vio’yovola”.

Moral da estória: “sê prudente. Nunca se sabe, afinal, o que se esconde no peito de quem te abraça”).

Adaptado para o programa “Aiué Sábado” da Rádio Morena, por Gociante Patissa (ideia original de autor desconhecido)
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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Benguela: novos talentos motivados a romper o anonimato. Lançamento do "Consulado do Vazio" abre caminho a novas obras literárias

«Os munícipes benguelenses e amantes da literatura foram brindados recentemente com mais uma obra literária. Trata-se de "Consulado do Vazio", da autoria do escritor Gociante Patissa», destaca na sua secção de Cultura do Jornal Chelapress, edição nº 105,de 02/08. Por seu turno, O Jornal Angolense, num artigo assinado por João Marcos, destaca que a obra, que deixa antever uma carreira coroada de êxitos (sic), surge numa realidade (a de Benguela) de um grande vazio quanto à produção literária.

A cerimónia de apresentação foi animada por amigos da trova e da declamação da praça local e não só, cabendo a componente formal ao crítico literário e professor Universitário Francisco Soares (à esquerda), a quem o autor (ao centro) já solicitou a mesma abertura para futuros candidatos à publicação de obras.
«Estamos ainda na ressaca do lançamento, naquela fase de pedir desculpas àqueles a quem não deu para mandar convites e receber desculpas dos que não puderam lá estar», esclareceu GP para de seguida afirmar que «esta obra não é apenas o livro de estreia. Está a ser também uma oportunidade de conhecer pessoas com as quais tenho estado a aprender bastante, destacando-se o professor Francisco Soares, docente universitário e crítico literário, que, mais do que crítico, tem sido uma espécie de padrinho, quer mostrando questões técnicas, quer portas. O mais recente encontro com o renomado autor, e também professor universitário, Abreu Paxe, contou com a sua ajuda».
Embora a componente financeira seja um claro handicap, a verdade é que agora os jovens ganham mais uma motivação. Em entrevista ao programa da Lena Sebastião, "Pista Livre", na Rádio Benguela, no sábado, 02/08, Gociante Patissa lamentou haver muita poesia a morrer nos cadernos do quarto, algo que poderá ter dias contados a julgar pelo facto ser contactado por várias pessoas com pretensões de escrever/publicar também. Vale aqui apontar o exemplo de Martinho Bangula, uma referência nas lides literária e radiofónica nestas paragens, que deu a conhecer, no programa “Hora Quente” da TPA-2, a intenção de lançar a sua obra já no próximo mês de Novembro, igualmente sob a chancela da Editora KAT-Empreendimentos e consultoria, LDA.

Questionado se podia a sociedade contar com a sua ajuda para o surgimento/lançamento de outros autores, GP disse ser, ele também, "vítima" da ausência de cursos de literatura, intensivos que fossem, de tal modo que a sua obra é fruto do que se sente, lê e quer aprender. Portanto, se na base disso for solicitado a prestar o seu humilde apoio, não poderá dizer não. Para mais, recitou:
Não se fez manhã ainda

Sou mais um
um mais apenas
entre milhares de anónimas penas

Pinto nestas linhas de poema desarmado
um marco do respeito pelas ideias
que morreram no peito
sem terem subido à boca ou descido às mãos
ou beijado montras

Àqueles cuja imaginação e sonhos
se tornaram predilectos rivais
empresto uma certeza
com o calibre das outras e algo mais
não se fez manhã ainda
e não há obstáculo crucial
quando vai o coração aos pedais

“Consulado do Vazio" sai com a chancela do KAT-Consultoria e empreendimentos LDA (representada na cerimónia por Cristóvão Kajibanga, à direita na foto), e traz à capa a gravura "De pernas cruzadas", do artista plástico Délio Batista. De 51 páginas, o poemário é uma colecção de textos escritos ao longo de 12 anos, tendo o mais recente surgido em Abril de 2008. Subdivide-se em três capítulos e retrata respectivamente o "Quotidiano, Cidadania e Esperança", "A Natureza e a Voz das Paisagens", sendo que o último, "Amores e Desamores", inclui um poema em língua (materna do autor) Umbundu. Impresso na Gráfica Aguedense, com uma tiragem de 1500 exemplares encontra-se à venda pelas principais livrarias e tabacarias das cidades do Lobito e Benguela ao preço de Kz 650,00.
O primeiro poema do punho do autor surgiu em Fevereiro de 1996, na ocasião, visando participar das gravações do programa infantil "Comboio da Amizade" da Delegação Provincial da Televisão Pública de Angola (TPA) em Benguela.
Angodebates
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quinta-feira, 31 de julho de 2008

"África mãe Zungueira"

(Nossa homenagem às mulheres desta imensa África. Angodebates)

Esta que se aproxima
carrega uma criança às costas
e outra no ventre
uma nuvem húmida rasga-lhe a blusa
lembrando que é hora de parar e amamentar
e lá vai ela seguindo o itinerário que a barriga traçar
gestora de um ovário condenado a não parar
porque é património social
penhora o útero na luta contra a taxa de mortalidade

Conhece bem demais a cidade

não tanto pelos monumentos
mas pela necessidade
viandante como a borboleta
fez-se fiel e histérica amante
da lei da compra e venda de porta à porta
uma lei entretanto não prevista por lei
“depender só do marido? Nunca”
mal acordou a urbe já peleja aliciando clientes
no estômago só o funji do jantar de ontem
sem tempo sequer para escovar os dentes

Lá vai mais uma dobrando a esquina

de pregão firme como a voz do tambor
humilhada aos poucos pelo sol

nos mapas de salitre da poeira que adormeceu no suor

Forte por fora muitas vezes vulnerável no íntimo

veja esta nos olhos encarnados grita despercebida
uma mulher mal amada
nunca descoberta
rainha de etapas queimadas
ele que devia ser companheiro
é de se esconder no copo
quando os ventos são ásperos
autêntico chá em taças de champanhe
não estar disposta para mais um suor sagrado
é para ele frontal apelo à violência
habituada a levar da cara
odeia a sinceridade do espelho

Por aqui passou mais uma profissional da zunga

protagonista anónima com mil mestrados da vida
contudo não contada na segurança social
para o turista uma espécie de paisagem
rosto de uma noite que lançou a mulher
às avenidas dialécticas dos centros urbanos
no seu dever de sustentar a sociedade
a mesma que a condenará antes de amanhecer
por não participar da vida política
ou por não saber ler
nem escrever

In «Consulado do Vazio», 28, Gociante Patissa, KAT-Benguela, Maio 2008
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terça-feira, 29 de julho de 2008

novos poetas em benguela (do Blog Soantes)

http://soantes.blogspot.com/2008/07/novos-poetas-em-benguela.html

Surgiu em Benguela, nestes últimos tempos, uma editora, a KAT, ligada a uma associação cívica. A sociedade civil levanta o estandarte da cultura. A editora abriu uma colecção chamada «Nova Safra» para publicar novos poetas da província de Benguela. O primeiro número saiu agora mesmo, sendo o feliz premiado um jovem promissor, Gociante Patissa. O título é Consulado do Vazio. Quando voltar a luz transcreverei um poema dele.

posto por soantes às 17:49
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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Para rir: Político erudito contra bêbado (mas) inteligente... A estranha beleza da língua portuguesa

NOTA: É uma anedota recebida por e-mail, numa colaboração do amigo João Gomes, a quem desde já se reitera a gratidão, e desejamos a todos "bom proveito". Angodebates.
*Este texto é dos melhores registos de língua protuguesa que eu tenho lido sobre a nossa digníssima 'língua de Camões', a tal que tem fama de ser pérfida, infiel ou traiçoeira. *
ESTRANHA A BELEZA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Um político que estava em plena campanha chegou a uma pequena cidade, subiu para o palanque e começou o discurso:
- *Compatriotas*, *companheiros*, *amigos*! Encontramo-nos aqui,*convocados *, *reunidos* ou *juntos* para *debater*, *tratar* ou *discutir* um *tópico*, *tema* ou *assunto*, o qual me parece *transcendente*, *importante* ou de *vida ou morte*. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou junta é a minha *postulação*, *aspiração* ou *candidatura* a Presidente da câmara deste Município.
De repente, uma pessoa do público pergunta:- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para dizer a mesma coisa? O candidato respondeu:
- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto, como intelectuais em geral; a segunda é para pessoas com um nível cultural médio, como o senhor e a maioria dos que estão aqui; A terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele alcoólico, ali deitado na esquina.
De imediato, o alcoólico levanta-se a cambalear e 'atira':
- Senhor postulante, aspirante ou candidato: (HIC) o facto, circunstância ou razão pela qual me encontro num estado etílico, alcoolizado ou mamado (HIC), não implica, significa, ou quer dizer que o meu nível (HIC) cultural seja ínfimo, baixo ou mesmo rasca (HIC). E com todo a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou juntando (HIC) os seus haveres, coisas ou bagulhos/trastes (HIC) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir direitinho (HIC) à *Leviana da sua Progenitora*, à *Mundana da sua Mãe Biológica* ou à *Puta que o Pariu*!

Viva a paz, viva Angola!

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sábado, 19 de julho de 2008

Alguns poemas da obra "Consulado do Vazio" que já se encontra nas bancas nas cidades do Lobito e Benguela

Canos soltaram gargalhadas
E no rosto deste sonho sem fim
que já passou da idade de ir à escola
pintam-se telas de alegres destinos
traçados com vontade e certezas cantadas
os gatilhos não mais cumprirão os dedos
o automatistmo que os envaidece adormecerá
blindados sentar-se-ao
ao chão
esquecidos
enferrujados
as covas não mais serão notícia
«In Consulado do Vazio, Gociante Patissa, KAT-empreendimentos e consultoria, Benguela, Maio 2008»
Isso eu já sei
Quando partirem
não os censurarei
se me abandonassem
não os condenaria
nem que me viesse alguém atiçar o faria
Que não fui para os que me conheceram
exemplo consistente de companhia
ora isso eu já sei
«Idem»
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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Nosso contributo para a melhoria do Hotel M’Ombaka (É preciso não voltar a parquear viaturas no passeio)

São cada vez mais evidentes os sinais da entrada em obra do Hotel M’ombaka. Ao alcance do olho de qualquer cidadão está a aplicação (ainda não concluída) da vedação do edifício e do recinto do jardim adjacente com chapas de zinco, isso sem nos esquecermos dos chineses “residentes” - habitualmente repousando em “maralha” nos bancos do jardim ou "pendurados" nas janelas de um dos andares do edifício e que para as crianças servem de “paisagem”. Dentro de cinco meses, fazendo fé nos “timings” da Maboque (esqueçamos, por favor, a tradição de não se cumprirem os prazos das empreitadas em Angola), teremos de volta o “nosso” Hotel M’Ombaka aberto ao público.

Enquanto aguardamos com ansiedade pela reinauguração, algumas perguntas que se impõe colocar:

1. Terá acatado as sugestões ecoadas pela imprensa, no sentido de se acabar com as “puxadas” de energia para a vizinhança, pelo menos de forma tão pouco estética e um tanto perigosa com cabos à vista?
2. Continuaremos a assistir ao deselegante espectáculos de jeeps top de gama parqueando no passeio e na faixa de rodagem à porta do edifício, na ausência de um sítio apropriado para o efeito, para o óbvio atropelo às regras de trânsito?
3. Será o recinto do jardim (também vedado para obras) propriedade do Hotel M’ombaka, ou da administração Municipal de Benguela?

Bom, o que o Angodebates defende é que, tendo em conta o largo espaço do recito do jardim, sintuado entre dois quarteirões, então que se aproveitassem pelo menos 15 metros de comprimento e 4m de largura da parte da rua descendente que dá à Angola Telecom. Com todos os riscos próprios de sugestões não saídas da banca de arquitecto, parece-nos que entre continuar a obstruir o passeio (só) para manter intocável o rosto deixado pelo colono e devolver o passeio aos peões, essa última premissa deve prevalecer.
É nossa sugestão, enquanto cidadãos, até que nos digam que já foi descoberta uma saída mais aconselhável para enterrar a grande trapalhada que é para o hotel o parqueamento de viaturas.
Gociante Patissa
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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hoje não há forças para escrever. Descansem em paz irmãos zimbabweanos!

Aqui jaz a nossa homenagem às vítimas (já consumadas e/ou por consumar) face à "criancice" política nas eleições do Zimbabwé. Um dia vão se lembrar que o povo só é útil (e válido de ser governado) quando estiver em vida... Depois querem q a juventude seja patriota e goste da política-partidária...! Vocês é que sabem. Sinceramente, hoje só sei que estou muito aborrecido e metade dessa página deixo em branco. Descansem em paz, irmãos zimbabweanos, e que a história se desculpe algum dia!
Gociante Patissa
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sábado, 14 de junho de 2008

Pesquisa Fracassada... (*)

A ONU resolveu fazer uma pesquisa em todo o mundo.Enviou uma carta para o representante de cada país com a pergunta:

"Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo".

A pesquisa foi um grande fracasso. Sabe porquê?
1. Todos os países europeus não entenderam o que era "escassez".

2. Os africanos não sabiam o que era "alimento".
3. Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre o que era "opinião".
4. Os Portugueses mal sabem o significado de "por favor".
5. Os norte-americanos nem imaginam o que significa "resto do mundo".
6. A assembleia Angolana está até agora debatendo o que é "honestamente".

(*) Roubada ao Blog Desabafos Angolanos
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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